Soleil

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Camila POV

 O domingo amanheceu bem cedo por aqui, o tal congresso inicia às 8h.

— Estou com sono. - Falei saindo do banheiro. 

— Sim, neném, quem mandou passar a noite nesse vídeo game?

 Sorri.

— Claro, onde que eu iria conseguir passar a noite deitada na mesma cama que você? Eu ia acabar cometendo um delito sexual.

 Ela soltou uma risada gostosa e jogou o tubo de creme dental em mim.

— Sei não, você pareceu bem entretida no jogo, até me esqueceu. - Vestiu o sobretudo, ainda me olhando. 

— Culpa sua, não quis me divertir de outra forma, eu fui jogar. - Dei de ombros. — Será que eles vão notar se eu levar pra casa?

— Céus, eu e você seríamos presas por roubar um game.

 Terminamos de nos vestir, e saímos para o local que aconteceria o evento. Quando entramos no enorme auditório, meu corpo se encolheu de frustração, só tem velhos aqui, quer dizer, a maioria ao menos, e todos com cara de ranzinza. Lauren se sentou bem na frente, em uma cadeira reservada para a mesma, eu tive que ficar uma fileira atrás, mas não reclamei, afinal ela está bem animada, o palestrante parece alguém importante do meio, mas eu não faço a mínima ideia de quem seja, até tentei acompanhar suas falas, mas quando ele começou a usar termos científicos, eu preferi dar atenção ao meu celular, porque ali pelo menos estão falando a minha língua. Aproveitei pra trocar mensagens com minha mãe, ela perguntou onde estou, tive que dizer que na praia, então ela me mandou ir pra casa, porque vai precisar de mim pra ajudar a organizar algumas coisas, falei que estava indo, e mais tarde o resultado vai vir, certeza que vai ficar brava. Respondi também algumas mensagens da Megan, mas me senti travar, porque quando perguntei onde ela está, a mesma me respondeu com uma foto, e a porra da foto é aqui, ela também está no congresso! Olhei várias vezes o ângulo da foto, até ter uma ideia de onde ela está sentada, e agradeci por ser do lado extremo ao nosso.

— Doutora. - Chamei Lauren, e ela me olhou de imediato. — Eu vou para o hotel.

Ela franziu o cenho.

— Por quê? 

 Eu poderia falar o motivo, mas isso vai deixá-la preocupada e ela vai querer ir embora também, deixando a palestra pela metade. 

— Eu não sou médica e estou mais perdida que cego em tiroteio aqui.

 Ela riu baixo.

— Certo, cuidado, e quando chegar lá me avisa. - Abriu a bolsa e puxou seu cartão. — Toma.

 Peguei o cartão, deixei um beijo no rosto dela e sai dali o mais rápido possível. Já do lado de fora, eu fechei mais o sobretudo, poderia pegar um táxi, mas resolvi ir caminhando, afinal não é muito longe e não quero ficar presa no quarto antes de tomar um ar. A cidade é linda, e a neve também é muito legal, mas algo me diz que essa cidade no verão fica ainda mais bonita, descobri que não gosto tanto do frio quanto eu pensava, saudades do sol queimando minha pele. Caminhei por várias quadras, perdida em pensamentos, e já perto do hotel, avistei uma tabacaria, atravessei a rua e fui até lá, o homem me recebeu com um cumprimento em francês, mas quando notou minha confusão, logo mudou para o inglês, me fazendo agradecer.

— Boa tarde, pega uma carteira de cigarros, por favor. 

 O homem assentiu e saiu, olhei ao redor, vendo as opções de entorpecentes, senti uma eletricidade correr pelo meu corpo.

— Aqui, moça, só isso mesmo?

— Hã… vocês vendem outra coisa?

 Ele franziu o cenho.

Desculpa o ExageroWhere stories live. Discover now