Capítulo Final

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Ao se virar, Thalita deparou-se a uma pistola .22 apontada em sua direção.

— O que é isso, Letícia, ficou maluca!?

— Vamos acabar com o teatrinho, Bebê! —Letícia engatilhou a arma. — Como soube que era eu? Como não, quando?

— Como assim... o que você fez!?

— Já disse pra parar com o teatro! — gritou antes de apertar o gatilho.

O disparo da Smith & Wesson Victory bateu contra o compensado da porta dupla que se movimentou um pouco para trás e ficou balançando por alguns segundos.

— Tá, tá bom! —gritou Thalita, chorando, assustada, desesperada com a proximidade do disparo, da morte. — O seu pai... ele nunca esteve em Brasília...

— Aquele desgraçado, sempre estragando minha vida... e o que mais? — ameaçou Letícia, chacoalhando a arma como se fosse a sineta na mão de um Papai Noel bêbado na véspera de Natal.

— As mentiras... Você mentiu sobre tudo! — gritou Thalita, atropelando as palavras, temia que se demorasse para responder Letícia atiraria novamente. — Você disse... o trote tinha acabado... todo mundo ainda continuava...

— Se eu não dissesse isso você teria desistido — anunciou, orgulhosa de sua sagacidade. — Eu precisava que você continuasse — e riu copiosamente...

— Foi por isso que você disse... Nathália fugiu com o dinheiro!? — interrogou Thalita, já suspeitando da resposta, mas precisava ganhar tempo.

Letícia, no entanto, continuou rindo, a pistola balançando perigosamente em suas mãos, sem perder o alvo de mira.

— Claro, Bebê... Você estava fula com a piranha, bastou eu falar isso e voltou a correr como um ratinho pelo labirinto que eu montara para você. E, como uma cadela faminta, deixou as marcas das patas por toda mesa do banquete...

— Por que eu?

— Não se sinta especial, foi só porque era a única lá dentro com um motivo...

— Onde está o dinheiro... meu RG?

— Você não precisa saber... Em poucos minutos vai estar na geladeira, esquecida por muito, muito tempo...

— Você não tem que me matar...

— Mas eu quero... Além disso, não posso deixar você andando por aí sabendo a verdade. Não é pessoal, é apenas um ditado de família: "o que ninguém sabe, não tem como provar". Ninguém vivo, pelo menos, Bebê.

— Se vou morrer, por que não conta onde está... Eu mereço saber, fui eu quem venceu...

— Só porque eu quis que vencesse... — Letícia voltou a rir...

— O que foi!? — gritou Thalita, irritada com a felicidade macabra da amiga...

— Depois que eu te matar, serei só eu —divagou — tudo por sua causa... Depois de tudo que fiz, queriam que eu continuasse sua amiga, mudasse meus planos... os fanáticos acreditam que você pode nos levar até ela, a cópia... então mandaram eu impedir que você vencesse...

— Não importa... eu venci — atravessou Thalita, tão presa àquele jogo, à traição da única amiga que fizera em Brasília, que mal ouviu suas palavras, palavras essas que revelavam uma traição não apenas a ela, mas também a pessoas que precisavam dela viva... — Preciso saber... Fala ou atira, o que eu deixei passar!?

— Você nunca ouve, não é mesmo, Bebê? — comentou a mulher de arma engatilhada e pronta para usá-la, ela decidia se continuava com aquele blábláblá sem fim ou acabava logo com aquilo. — Bom, realmente não importa mais... está no Meteoro, aquela coisa feia em frente ao Itamaraty... sempre esteve lá... — Suspirou, estava gostando de ser amiga de Thalita, mas sua curiosidade as levou até aquele momento: o fim. — Ordenei que seguissem o idiota do Raul enquanto ele colocava as pistas. Depois eu envenenei você e matei a vadia da Nathália, troquei as charadas idiotas dele, tudo para levar vocês a pensarem que o prêmio estava no Campus. E pensar que aquele imbecil queria nos fazer correr feito baratas tontas, zanzando pela cidade... como se aquelas coisas inventadas fossem marcos...

O troteWhere stories live. Discover now