XLI - Uma legítima filha do mar

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Assim que Percy entrou no chalé, lhe pedi que me ajudasse a ir até a praia

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Assim que Percy entrou no chalé, lhe pedi que me ajudasse a ir até a praia.

A chuva torrencial já havia passado, embora ainda houvessem nuvens bem escuras pairando acima de nós, com alguns raios cortando o céu de tempos em tempos. Também ventava muito, um vento tão frio e cortante que eu só queria me enfiar em um casaco quentinho e me safar dele.

— É uma boa ideia, funciona comigo. Não sei como não pensei nisso antes — ele comentou enquanto íamos até o mar, que insistia em estar violento.

— É... talvez funcione — murmurei meio inconsciente, a dor tinha voltado com tudo. Minha barriga latejava de um jeito intermitente, me causando tontura e muita vontade de vomitar. Eu havia decidido tirar o curativo, para facilitar as coisas, então gotinhas de sangue iam se espalhando por onde eu passava — Pelos deuses, se isso não funcionar eu juro que vou me entupir de analgésicos. Ai, maledetto dolore (maldita dor).

Depois do que me pareceu uma eternidade, embora tenha sido apenas alguns metros, nós chegamos a praia. Entrei no mar até a altura dos joelhos e precisei de muita força nas pernas para que aquelas ondas impetuosas não me carregassem até o meio do oceano. De início, não aconteceu nada, só um frio descomunal por causa da água gélida e da ventania insensível que corria adoidada, arrepiando cada pelinho do meu corpo.

— Ótimo — resmunguei, entediada enquanto me equilibrava pateticamente — Acho que não tenho esse superpoder de se curar com água, melhor me contentar com os remédios.

Quando estava prestes a dar o fora dali, senti algo gelado subindo em minha coxa. Abaixei meu olhar e... pasmem! Era água! Pisquei algumas vezes para ter certeza de que não estava delirando.

— É isso aí! — Percy bradou — Você é uma filha do mar, Melissa! Yeah!

Aquela empolgação era, no mínimo, engraçada, mas ela fez com que diversos olhares curiosos se voltassem para nós. Em questão de segundos, havia uma mini plateia olhando atentamente a magricela de shorts e top com um corte sangrando na barriga, metida até o joelho naquele mar revoltoso e congelante.

Fiquei observando as pequenas veias de água que escalavam minhas pernas, elas chegaram a minha barriga e se aglutinaram sobre o meu ferimento, formando uma capa cristalina, uma sensação gelada tomou conta do meu corpo. A água continuou a se envolver em mim, cobrindo cada machucado, cada ralado que encontravam. Depois do que meu pareceu alguns muitos minutos, ela foi voltando pelo mesmos caminho da ida, se juntando ao restante do mar.

Eu me sentia renovada, como se tivesse dormido por vinte horas direto.

Olhei estupefata para cada parte do meu corpo, mas não havia nada, corte, sangue, nada. Eu estava novinha em folha. O único resquício era uma pequena cicatriz avermelhada na barriga, mas ela não doía nem nada do tipo, apenas existia ali.

Confesso, aquilo era incrível!

Houveram algumas palmas e assovios, o que me deixou morta de vergonha. Depois disso fui para o chalé, precisava urgentemente de roupas quentinhas.

(Sobre)vivendo ao novo │✔│Where stories live. Discover now