XXVIII - Dolce illusione

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O salão era um misto de tons crepusculares, que iam desde laranja e vermelho até algumas nuances de púrpura em lugares estratégicos para equilibrar e dar mais veracidade

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O salão era um misto de tons crepusculares, que iam desde laranja e vermelho até algumas nuances de púrpura em lugares estratégicos para equilibrar e dar mais veracidade. Uma máquina trabalhava silenciosamente em um canto, produzindo diversas nuvens artificiais que percorriam todo o ambiente, do chão ao teto.

Era como se estivéssemos no meio do céu.

— Isso é um...

— Pôr do sol — completei quase em um sussurro — Um pôr do sol só seu, Luke.

Um sorriso de orelha a orelha estampava seu rosto, suas mãos cobriam a boca em um claro sinal de que lhe faltavam palavras. Seus olhos brilhavam como toda aquela explosão de cores que nos rodeava.

Passei a mão pela saia do meu vestido, ajeitando um pequeno amassado inoportuno.

— Gostou?

— Pelos deuses, Meli — Luke voltou a me encarar, seu semblante ainda transpassava incredulidade — Eu amei, amei de verdade. Obrigada.

Lhe lancei um pequeno sorriso e fiz um sinal para que ficasse onde estava.

— Ainda não acabou, ragazzo. Fique aqui.

Caminhei até o pequeno palco em que tinha o piano, o encontro do meu pequeno salto contra o mármore ressoava em todo o salão. Me sentei em sua banqueta e encarei suas teclas por um instante antes de tocá-las levemente, produzindo alguns suaves sons. Respirei fundo, tomando fôlego para começar.

Levantei o olhar pelo tempo suficiente para dizer:

Per te (para você).

Comecei a deslizar meus dedos pelo teclado, dando início a outra parte da minha surpresa. Eu não precisava de partitura, havia ensaiado tanto essa música que saberia tocá-la de olhos fechados, talvez quem sabe até mesmo de cabeça para baixo.

Entoei My heart will go on, da Céline Dion. Era, dentre tantas, uma das canções preferidas de Luke. Embalei cada melodia com delicadeza e suavidade, usando minha voz como complemento. Cantava a plenos pulmões, sentindo toda a letra em meu coração, como se estivesse no lugar daquela protagonista, quase como se pudesse sentir suas emoções arrebatadoras.

Algumas nuvens passeavam entre meus pés, me dando a sensação de estar além do chão. A combinação das luzes acalentava todo o ambiente, deixando o em tons de um ocaso real.

Tudo aquilo me dava a impressão de estar dentro de um pôr do sol de verdade, parecia quase mágica.

Havia ficado incrível, até mesmo para mim.

Finalizei com algumas notas a mais que eu mesma havia acrescentado.

Fiquei em silêncio por alguns instantes, fitando as teclas. Senti um pequeno nó se formando em minha garganta, aquela letra era tão linda que sempre me emocionava.

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