Melissa Kanaderes não tem do que reclamar acerca de sua vida, a não ser a dor latente da perda de seu melhor - e único - amigo, dois anos atrás. Quando seus pais lhe contam que, na verdade, é uma semideusa grega e que precisa ir para um lugar seguro...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
— Ai — gritei enquanto ia de encontro ao chão. De imediato pude sentir a dor excruciante que emergia em meu pulso esquerdo.
— Você precisa melhorar, Kanaderes.
Fitei o chão com raiva enquanto ouvia os passos de John em minha direção, eu não aguentava mais ouvir que precisava melhorar. Ele guardou sua espada e me ajudou a levantar. Me esforcei para esconder minha cara de mal humor, mas acho que ele percebeu, pois ergueu uma de suas sobrancelhas para mim.
— Olha, sei que não está nos seus melhores momentos com essa situação do seu amigo morto-vivo, mas precisa melhorar sua defesa — sua expressão era quase complacente.
— Ele é seu irmão — resmunguei enquanto batia a terra dos joelhos.
A expressão de John se endureceu.
— Não sou irmão de traidores.
Eu tinha mil argumentos na ponta da língua para explicar àquele tapado que traição não anulava genética, mas me forcei a ignorar seu comentário e me limitei a dizer:
— Estou liberada? Quero ir até a enfermaria — o olhei com minha melhor cara de tédio.
Ele me encarou com um semblante de decepção pura, como se eu fosse a culpada de ser tão ruim naquela maldita esgrima. Estava tão estressada e cansada que minha vontade era de mandá-lo enfiar aquela espada em outro lugar que não fosse sua bainha.
— Você é muito teimosa às vezes, Melissa — suspirou — Precisa aprender a ouvir e lidar com críticas construtivas, eu falo isso porque sou seu professor. Me preocupo com seu desenvolvimento e percebi o quanto a volta do... seu amigo te afetou de maneira negativa.
Olhei em direção à campina.
— Eu realmente queria ir até a enfermaria.
— Pelos deuses — ele bufou, se afastando — Vá, você está liberada.
Saí da quadra e rumei à enfermaria. No caminho fui refletindo sobre o que John havia me dito. Eu odiava dar o braço a torcer, mas ele estava certo. A volta de Luke me afetara da pior forma possível.
Eu estava um verdadeiro porre, nem conseguia me auto suportar. Me irritava com qualquer coisa, acabei sendo expulsa da aula de canoagem porque derrubei minha dupla no meio do lago.
Mas, eu tenho uma boa explicação para isso. Sarah Winston, filha de Hefesto e minha infame dupla na canoagem, era folgada ao extremo, do tipo que me deixou remando sozinha feito uma retardada enquanto ela se engraçava com um filho de Atena do bote vizinho. Não tive classe o suficiente para aturar isso, então virei nosso barco, fazendo com que ela caísse com tudo na água. Infelizmente, não quiseram ouvir meu lado e me expulsaram, não que eu me importasse com isso. Ser expulsa das coisas era outra arte que eu dominava.
De qualquer forma eu sabia que estava sendo irritante, porém juro que tentava amenizar as coisas para todo mundo. Já faziam cinco dias desde o incidente com o navio e eu só havia saído do meu chalé para comer e ir as aulas, evitava conversar até com Percy. Não queria ser grossa com ninguém, então preferi ficar quieta no meu canto.
