VI - Um presente de família

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Eu tive que me mudar para o chalé de número 3 ainda naquela tarde

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Eu tive que me mudar para o chalé de número 3 ainda naquela tarde.

Ele era totalmente o oposto do chalé de Hermes. Pequeno, vazio e silencioso.

Do lado esquerdo havia uma cômoda de madeira envelhecida escura com seis gavetas, depois uma pequena porta indicava um banheiro minúsculo. Do lado direito haviam 3 beliches intercaladas com mesinhas de cabeceira que repousavam embaixo de janelinhas cobertas com uma cortina de voil azul claro.

E era só isso. Não tinha ninguém, nenhum sinal de vida além de uma toalha azul escura pendurada em um prego perto do banheiro.

Annabeth me dissera que a cama do meio estava vazia, joguei minha mochila nela assim que cheguei. Como não havia trazido muita roupa, rapidamente enfiei tudo nas duas gavetas do meio da cômoda.

Havia muita madeira ali, era como um chalé de praia mesmo, com móveis velhos e corroídos pelo excesso de sal no ar. Até aquela sensação de que sua estadia ali é temporária era a mesma.

Escancarei todas as janelas para que entrasse um pouco de luz, mesmo que o sol já estivesse ensaiando sua despedida, com manchas laranjas e amareladas se espalhando pelo horizonte. Aquele lugar precisava urgentemente ser arejado.

Me sentei na minha beliche, encarando a praia. O chalé era o último do lado esquerdo, o que fazia com que sua vista fosse exclusivamente da praia, a não ser por uma pontinha do telhado do chalé de Zeus.

Era estranho pensar que meu pai era Poseidon, o deus da água. Essa possibilidade não passou por minha cabeça em momento algum durante os últimos treze dias.

Quer dizer, eu nunca tive uma relação de extrema amizade com água, do tipo que ela era meu refúgio de fuga e afins. Sendo sincera, eu mal sabia nadar. Aprendi aos 9 anos na marra quando Luke chegou à conclusão de que a ideia de me tacar na piscina enquanto estávamos sozinhos do lado de fora era incrível. Eu não conseguia ficar mais do que 20 segundos embaixo d'água sem que meus pulmões urrassem por ajuda.

Isso não fazia sentido, Nick dissera que geralmente era fácil de se reconhecer seu pai biológico só olhando para suas características físicas e habilidades.

Uma filha de Afrodite havia me dito que Percy Jackson, o qual descobri que aparentemente era cobiçado pelas garotas, era bem alto e com um porte atlético, tinha cabelos pretos e os olhos esverdeados.

Eu era baixa, magricela, com cabelos castanhos e os olhos azulados. Nem mesmo isso batia.

Eu também havia escutado uma conversa durante o jantar na mesa de Hermes alguns dias atrás. Um cara ruivo, Billy se não me engano, estava conversando com John sobre ser bom com plantas, ao passo que John lhe respondeu com a boca cheia de macarrão:

— Cara, você é filho de Deméter, eu tenho certeza! Aquele cacto estava esturricado e você conseguiu reviver ele!

Ao ouvir isso eu terminei meu jantar às pressas e voltei para o chalé 11 com o intuito de listar todas as minhas habilidades e compará-las com os poderes dos deuses. Quando averiguei que o que eu sabia fazer (que não é uma lista gigantesca, lhe asseguro) não se encaixava com nenhum deus, a minha empolgação murchou tão rápido quanto o pobre cacto esturricado.

(Sobre)vivendo ao novo │✔│Where stories live. Discover now