— Vá embora — disse entredentes.
— Por favor, pelo menos me escute antes de me chutar daqui — ele deu um passo em minha direção, mas eu recuei, mantendo a distância entre nós.
Procurei por algo que pudesse usar como arma, mas tudo que encontrei foi um copo de vidro de algum dia que eu tentei aprender a controlar a água. O peguei e apontei para Luke.
— Não se aproxime — rosnei.
— Meli, eu não vou te machucar — sua voz era amarga — Eu não sou um monstro.
— Não confio em você.
Ele respirou fundo, balançando levemente a cabeça.
—Meli, sono Luke. (Meli, eu sou o Luke)
— Il mio Luke è morto. (meu Luke está morto) — vociferei — Agora dê o fora daqui antes que eu grite por ajuda.
Mas, ele continuou ali parado, me encarando. O encarei de volta, tentando transparecer meu ódio com o olhar. Percebi o quanto estava abatido, com um aspecto cansado, estava pálido e com olheiras. Ele parecia quase... quase como se estivesse doente.
— Me desculpe por ter ido embora — Luke suspirou, descansando as mãos no bolso da calça jeans — Eu precisei me afastar, Meli. Precisei sair pelo seu próprio bem.
— RÁ! — dei um sorriso debochado — Não me culpe por ter dado no pé, seu idiota.
— Não é isso que estou falando. Eu precisava ir para longe de você, precisava me afastar, você corria perigo.
Vacilei um instante, curiosa com o que ele estava falando. Luke percebeu, porque começou a se mexer, ao passo que apertei minha mão em torno do copo.
— Não se aproxime — falei ríspida — Fiquei aí.
Ele ergueu suas mãos em rendimento. Me encarou por alguns segundos, mas percebeu que eu não cederia.
— Os monstros começaram a me atacar com mais frequência — voltou a se explicar — Percebi que estava começando a te colocar em perigo, eles iriam acabar te encontrando. Eu não poderia permitir isso, então fui embora de casa, vim para o Acampamento Meio Sangue, aqui pelo menos não seria um risco para você.
— Não me lembro de ter pedido que você se preocupasse comigo — respondi de forma amarga — Agora, eu me lembro perfeitamente das inúmeras vezes que lhe dizia para que jamais tivesse a audácia de me abandonar, e adivinha o que você resolveu fazer?!
Ele se sentou na beliche de Percy, apoiando as mãos nos joelhos e esfregando-as em sua cabeça, como se pensasse na resposta que me daria. Eu continuava com minhas costas colada na parede e com o copo em mãos, como se ele fosse uma arma perigosa ou algo do tipo.
— Quando fui morar com vocês eu... eu percebi que você não era normal, Meli. Logo no começo desconfiei de que tinha algo de errado.
— Puxa, obrigada por reforçar o quanto eu fui uma criança problemática e diferente, sério, eu nem me lembrava mais disso!
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(Sobre)vivendo ao novo │✔│
FanfictionMelissa Kanaderes não tem do que reclamar acerca de sua vida, a não ser a dor latente da perda de seu melhor - e único - amigo, dois anos atrás. Quando seus pais lhe contam que, na verdade, é uma semideusa grega e que precisa ir para um lugar seguro...