VIII - A festa

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Para a minha sorte, a música estava tão alta que não foi tão difícil encontrar um chalé apinhado de gente gritando e pulando ao som de Gloria Gaynor no meio de uma floresta a noite

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Para a minha sorte, a música estava tão alta que não foi tão difícil encontrar um chalé apinhado de gente gritando e pulando ao som de Gloria Gaynor no meio de uma floresta a noite.

I will survive esguelava em algum canto dentro da pequena casinha de madeira cheia de luzes penduradas em fios do lado de fora. O lugar estava tão caótico que eu tinha certeza que os moradores do outro lado do país estavam se incomodando com o som e a balbúrdia generalizada.

As pessoas urravam, se beijavam, dançavam, agiam como se estivessem a um passo da morte, como se aquela fosse a última noite de suas vidas. Os famigerados copos vermelhos eram reais e pareciam onipresentes, para onde eu olhava tinha um enfeitando o ambiente.

Aquilo parecia tudo, menos uma pequena confraternização.

Com muita dificuldade consegui me enfiar na parte de dentro do chalé, o que claramente estava muito pior do que o lado de fora. Parecia ser um lugar confortável em ocasiões normais. Tinham alguns sofás encostados nas paredes, umas cadeiras empoleiradas perto de uma escadinha que dava para um anexo pequeno uns 3 metros acima e um som enorme e pulsante perto da porta traseira. Havia também uma mesa cheia de comidas mortais traficadas diretamente de Nova York, em seu centro havia... uma tigela de ponche!

Eu estava em uma festa de verdade! Uma festa com ponche!

Consegui pegar um infame copo vermelho e o enchi com o ponche, tomei tudo em um único gole, o sabor parecia morango e alguma outra coisa forte, desceu queimando em minha garganta. Tomei mais três copos de uma vez antes de andar até uma pista de dança improvisada com fitas de led coloridas que piscavam de acordo com o ritmo da música.

Vi John dançando e cantando em cima de um dos sofás, ele se remexia feito uma minhoca. Não era possível que não havia nada de ilícito ali.

— Ei, Melissa! Venha aqui! — Jillian Lawrence, uma filha de Deméter, berrava e acenava freneticamente para mim do meio da pista — Vamos dançar!

Me juntei a ela e um grupo de garotas que riam e pulavam ao som de Where them girls at. De início eu não sabia ao certo o que fazer, então só balançava o meu corpo de um lado para o outro. Com o passar do tempo, eu fui ficando mais à vontade e fui me soltando, erguendo os braços e sentindo o ritmo da música percorrendo minhas veias.

Quando dei por mim, eu estava abraçada com uma garota que nem conhecia, nós duas pulávamos e berrávamos, parecendo duas doidas. Eu me sentia leve como uma pena, meu corpo parecia estar flutuando ali no meio, embebido naquela loucura. Tudo a minha volta girava, o ritmo da música parecia ressoar em mim. Me desvencilhei da garota e ergui meus braços, não sabia ao certo o que estava acontecendo, só me deixe levar pelo clima, eu me sentia livre. Me sentia solta.

Esqueci do meu pai, do meu irmão, de tudo que me afligia. Eu só queria curtir aquele momento, queria me permitir ser uma adolescente normal.

Não sei quanto tempo passei naquela pista de dança, nem quantos ponches eu tomei, perdi a conta depois do oitavo ou nono. Havia decidido que ponche de morango era minha nova bebida favorita. Minha cabeça começou a latejar insistentemente e minhas pernas já reclamavam de toda aquela loucura. Resolvi fazer uma pausa e ir até a mesa de comida em busca de algo para meu estômago, ele roncava revoltado. Peguei mini sanduíche de queijo com alguma outra coisa e outro copo cheio de ponche. Fui em direção a um dos sofás, mas acabei me esbarrando em alguém e derrubando todo o meu ponche em sua roupa.

(Sobre)vivendo ao novo │✔│Where stories live. Discover now