XXXVII - Rumo inesperado

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— Chega! — Quíron gritou antes que ela respondesse — Eu quero que as duas se dirijam ao meu escritório ao fim da reunião, por hora, esse assunto está encerrado!

Houveram algumas vaias, mas elas foram totalmente cessadas quando o Sr.D ameaçou obrigar todo mundo a fazer os piores serviços disponíveis no acampamento se escutasse mais algum burburinho relacionado às duas adolescentes insolentes que pensavam estar de férias em Ibiza (sim, caro leitor, ele disse exatamente isso. Exatamente isso).

Eu me afundei no banco novamente, meu corpo estava congelado, em choque. Conseguia sentir os olhares fuziladores em minhas costas, Clarisse fazia questão de me encarar com o mais puro olhar de nojo, como se eu fosse um saco de lixo que a muito deveria ter sido jogado fora.

— Você está bem? — Hayley cochichou, suas mãos pegaram as minhas e as apertavam, como se quisesse me passar um pouco de segurança. Quando assenti com a cabeça, incapaz de formar qualquer frase, ela me lançou um olhar triste — Vai dar tudo certo, Quíron sabe que você é uma pessoa boa, ele vai acreditar em você.

Mas, eu duvidava muito de que sairia ilesa daquela conversa. Sua expressão não havia sido de espanto, mas de decepção, o que era pior ainda. Eu o havia decepcionado e, embora não o conhecesse a muito tempo, me sentia horrível com isso.

— Hey, senhorita — Nick me lançou um daqueles seus sorrisos de que iria ficar tudo bem — Você arrasou com Lisa Clarke, estou orgulhoso!

Esbocei um projeto de riso, mas na minha situação ficou mais semelhante a uma cara de choro.

Percy também demonstrou seu apoio me dizendo que Quíron era justo e iria ouvir o meu lado da história antes de decidir qualquer coisa, que eu iria ficar bem.

Mas, o problema era que eu não queria contar o meu lado da história, porque ele era exatamente o que Lisa havia berrado para todos ali.

Não prestei atenção ao restante da reunião, meu cérebro travava uma árdua batalha entre ser totalmente sincera e ser tida como uma traidora ou mentir e fingir que não tinha mais contato com Luke.

Eu não sabia qual opção era a pior.

***

Meus passos até a Casa grande eram lentos e pesarosos, minha cabeça ainda ponderava sobre o que dizer.

Sabiamente, chamaram Lisa Clarke primeiro. Então, quando cheguei ao escritório de Quíron, ela já havia ido embora.

— Entre — a resposta abafada as minhas batidas foi tão rápida que por um segundo quis sair correndo dali.

Poderia voltar para Washington e nunca mais pisar no acampamento, assim não precisaria me explicar.

Mas, em compensação, minha mãe me mataria.

Adentrei o escritório e fechei a porta atrás de mim, ficando cara a cara com meu instrutor em sua cadeira de rodas mágica que escondia sua verdadeira forma, um centauro milenar.

— O senhor queria falar comigo? — perguntei sem animação.

— Sente-se.

Obedeci e me sentei em uma das cadeiras que haviam à frente de sua mesa. Eu não sabia o que fazer, então remexia minhas mãos nervosamente. Quíron me encarou pelo o que me pareceu uma eternidade, antes de pigarrear e dizer:

— Melissa — suas mãos se esticaram sobre a mesa — Quero que seja totalmente sincera comigo — uma pausa para que eu confirmasse, assim que o fiz, ele continuou — Você ainda mantém contato com Luke Castellan?

Puts. Tinha que começar justo pela única pergunta que eu não sabia o que responder?

Pensei em falar que não, na verdade a resposta ficou pendurada na ponta da minha língua. Seria mais fácil, Lisa seria acusada de mentir e eu me safaria, mas não o fiz. Eu havia acabado de lhe dar minha palavra que seria sincera. Além do mais uma mentira nunca é eterna, uma hora ela cai. E eu não queria cair de novo, chega de quedas.

(Sobre)vivendo ao novo │✔│Where stories live. Discover now