XVIII - Guru do amor

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No começo, eu tive medo de que ele estivesse afim de mim, afinal estava sempre flertando comigo, era gentil, atencioso e, céus, verdade seja dita, ele era mesmo muito lindo, do tipo de cair o queixo. Mas, eu não conseguia o enxergar de outra maneira além de um amigo. Eca, eu tinha nojo só de cogitar algo assim.

Nick era como um irmão.

Então, no dia em que ele me disse que estava afim de Hayley Campbell eu fiquei tão feliz que posso jurar que meu coração dançou uma salsa em meu peito. Primeiro, porque nossa amizade não seria ferida por um amor não correspondido, e segundo porque Hayley era o ser humano mais amável de toda a Terra. Ela era um doce e merecia alguém que soubesse tratá-la como o anjo que ela era, e se existe alguém nesse mundo que sabe como tratar uma garota de maneira digna, esse alguém é Nickolai Wright. Ele é um cavalheiro nato.

Agora, porém, eu tinha a infame missão de ajudá-lo com Hayley e isso não era nada fácil.

— O que você gostaria que um cara fizesse por você? — ele me perguntou com a boca cheia de morangos e doritos, uma bem combinação estranha, tenho que dizer.

Havíamos nos sentado em cima de uma pedra enorme que encontramos floresta adentro. O dia estava quente e abafado, típico de verão. Feixes de luz se enfiavam por entre as folhas densas, deixando todo o ambiente muito aconchegante.

— Não sei — falei enquanto observava um esquilo correndo até um montinho de galhos — Acho que depende da ocasião.

— Tipo, alguma coisa romântica. O que você iria gostar?

Olhei Nick, ele parecia confuso. Não consegui segurar meu riso.

Ele me escolheu para ser a sua guru do amor. O problema é que meu conhecimento acerca do amor era só teórico, resultado dos milhares de filmes românticos que já assisti. Agora, no quesito prático eu tinha um incrível total de zero experiências. Tirando o meu beijo roubado do bêbado na festa, nunca havia dado nem um selinho, nadinha.

Ei, não me julgue. Acredito que você não esteja tão diferente de mim assim, acertei?

— Acho que eu gostaria de alguma coisa simples, mas com muito valor sentimental. Mas, isso sou eu Nick, eu prefiro enxergar a intenção do que o presente em si, entende?

Ele agarrou os cabelos com as mãos sujas de doritos, bufando.

— Por que tem que ser tão difícil? Quer dizer eu... eu tenho medo de fazer alguma coisa que ela não goste, e se eu pisar na bola logo no primeiro encontro? Quando eu a convidei, juro que vi seus olhinhos brilharam de empolgação, e se ela não gostar?

— Errar é normal, seu bobo. Por que não pergunta o que ela tem vontade de fazer? Isso iria facilitar sua vida em, sei lá, mil por cento.

— Não — ele arregalou os olhos havana para mim — Eu tenho que surpreendê-la! Sabia que tem vários garotos querendo sair com ela?! Preciso me destacar! Preciso mostrar que eu sou o cara certo, que eu sou legal.

Eu entendia perfeitamente o porquê, Hayley era tão linda quanto era incrível. Qualquer um se apaixonaria por ela facilmente.

Listei mentalmente algumas coisas das quais gostaria que um garoto fizesse por mim. Sempre achei lindo aquelas cenas em que eles te pegam pela mão e te giram, depois pegam delicadamente em sua cintura e selam seus lábios em um beijo calmo e apaixonante. Isso me parecia tão fofo quanto era romântico.

Sinto muito, acho que estou sendo um pouco melosa demais.

— Por que não a convida para um piquenique? — esse iria para a minha lista também.

(Sobre)vivendo ao novo │✔│Where stories live. Discover now