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Luana

Eu estava o tanto quanto pensativa com o que comer na janta. Minha barriga já sentia fome e o metido do Gaspar tinha comido o que tinha ficado do frango, e só tinha um pouquinho de arroz.

Eu estava pensativa se faria a mesma coisa pra comer, ou se arriscava outra coisa, mas sem nem um tutorial era o mesmo que suicídio. Me sentei no sofá ligando a tv porque em algum canal deveria estar passando programas de culinária que poderia me salvar.

Escutei alguém girando a chave o olhei pra porta, Gaspar entrou de cara fechada e eu virei o rosto, mudando o canal. 

Gaspar: Se arruma que a gente vai em um lugar.- Falou seco e eu nem olhei pra ele.

Luana: Não quero ir.- Respondi da mesma forma, ou ao menos tentei.

Gaspar: Te dou cinco minutos, eu não tô com muito tempo, Luana.-Olhei pra ele.

Luana: Pra onde você quer me levar? - Ele se sentou no sofá do meu lado.

Gaspar: Cinco minutos.- Repetiu, eu respirei fundo me levantando e me tranquei no quarto.

Deitei na cama olhando pro teto e vi os cinco minutos passando assim, aí assim que eu levantei pra ir me arrumar, sai do quarto quase depois de 10 minutos e ele permaneceu ali, olhando pra mim.

Gaspar: Demorou pra caralho e continuou feia, não adiantou porra nenhuma.- Implicou desligando a televisão e eu coloquei o cabelo pro lado.

Luana: Nossa gaspar, você pode me chamar de muitas coisas, mas de feia...- Falei dando os ombros e ele soltou uma risada, abrindo a porta.

Segui ele ajeitando minha calça, que ele tinha me dado, e inclusive era linda e de marca. A gente saiu do morro e eu fiquei assustada, rodamos pela zona sul, passamos até perto da minha casa e eu estranhei, principalmente ao ver que paramos em um restaurante da zona sul, que inclusive eu amava a comida.

Luana: O que você quer? - Falei descendo da moto e ele me encarou.- Pra você me trazer pra jantar, você tá querendo algo muito grande.

Gaspar: Quer ir embora? - Falou sério.

Joguei meu cabelo de lado e fui atravessar a rua, ele logo parou do meu lado e entramos, com a recepcionista chamando ele por "Pietro." Apenas revirei os olhos e nos sentamos em uma das melhores meses, sempre que eu vinha aqui nunca conseguia de tão concorrida que é.

Luana: Eu amo esse lugar.- Comentei olhando  cardápio.

Fiz meu pedido e ele fez o dele também, estranhei por ver que ele parecia conhecer bem os pratos e tudo mais.

Luana: Você costuma vir aqui? - Falei olhando pra ele.

Gaspar: Já vim umas três vezes.- Falou batendo o dedo na mesa.

Luana: Por que você me trouxe, pode responder? - Ele me olhou.- Deveria trazer a sua namorada, não a sua prisioneira. 

Gaspar: Te trouxe porque o único problema que eu tenho contigo é que tu é burra, lá fora é muita coisa pra eu resolver.- Eu fiz cara feia.

Luana: Você também não é o mestre da inteligência, se toca! - Ele sorriu de lado.

Gaspar: Pelo menos um feijão, um arroz e uma carne eu sei fazer.- Bateu na minha testa e eu sorri negando.

Luana: E eu tô aprendendo, questão de dias pra eu ser a melhor cozinheira daquele lugar.- Deu os ombros.

Gaspar: Se a galera gostar de comida ruim, vai até achar que tu é a melhor.- Eu acabei rindo e virei o rosto, ele soltou uma risada mas a minha risada foi se fechando aos poucos.

Vi meu pai, minha mãe e Alice entrando no restaurante. Minha mãe estava abraçada com a Alice e mesmo antes de tudo, ela nunca havia andando assim comigo.

Alice sorria feliz, meu pai também. Eles se sentaram um pouco longe de mim mas eu conseguia ver, alguns minutos depois o pai da Alice entrou indo até a mesa e eu baixei a cabeça.

Gaspar: E quando eu falei, eu tava errado.- Respirei fundo.- Papo reto Lua, se eles agiram daquela forma contigo é porque nunca te amaram mermo!

Luana: Como um pai não ama uma filha? - Falei com voz de choro e coloquei a mão no rosto.

Gaspar: Se tu soubesse o tanto de filho da puta que existe por aí, nem se questionava isso.- Falou puxando a minha mão.

Luana: Isso é demais pra mim, eu não consigo ver ela no meu lugar como se fosse tudo normal.- Olhei pra ele. 

Gaspar: Esquece loira, muda o disco. Tu vai ficar se humilhando pra quem tá nem aí pra tu? - Respirei fundo.- O bagulho é dinheiro? Se for, mostra que a gente pode confiar em tu e os menor te deixa mais rica que eles!

Luana: Como você acha que não deve confiar em mim se eu poderia ter ido lá e dito todas as características do Coronel agora mesmo? - Limpei meu rosto.- Não é dinheiro, é sobre família, um lar, o lugar onde cresci.

Gaspar: Sabe o que tá te faltando? Uma maconha da braba, na hora tu esquece esse caralho.- Bateu na minha testa.

Eu acabei sorrindo e vi o garçom trazendo nossa comida, olhei novamente a família feliz e Gaspar me chutou debaixo da mesa, me afastei sentindo minha perna doer e choraminguei, arranhando o braço dele.

Ele me xingou e eu mandei dedo, logo ele não perdeu a oportunidade de debochar ao me perguntar aonde estava a educação, ignorei ele e fui comer, porque minha barriga doía por isso.

Lance criminosoWhere stories live. Discover now