ˣˣⱽ. 𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐯𝐢𝐧𝐭𝐞 𝐞 𝐜𝐢𝐧𝐜𝐨

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2014, 10 meses depois da morte de Julia Klum

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2014, 10 meses depois da morte de Julia Klum.

𝐍𝐀𝐑𝐑𝐀𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑: 𝐉𝐔𝐋𝐈𝐀 𝐊𝐋𝐔𝐌

Eu admito que assombrar os vivos costumava ser bem interessante no começo.

Eu me sentia como o Bruce Willys, enquanto Heather era o garotinho que vê gente morta o tempo todo. O problema é que não conheço mais ninguém com o dom dela, e perturbar minha melhor amiga perdeu a graça depois de um tempo. Às vezes tento me entreter com outras pessoas, mas não é tão legal se elas não podem me ver e se horrorizar pelo meu aspecto cada vez mais morto e cadavérico.

Em outras palavras, estou de saco cheio, e minha alma também.

Já tem quase um ano que me tiraram de circulação. Eu poderia ter apodrecido muito antes se não fossem pelos pequenos progressos que já fiz até aqui — como me acertar com Heather e descobrir quem foi o culpado por me drogar —, mas ainda não estou perto o suficiente da luz verdadeira. É como se eu fosse um foguete, precisando de só mais um pouquinho de combustível para tocar a lua.

Depois de uma viagem tão longa, eu não posso me dar ao luxo de morrer no meio da galáxia. Estou enxergando o meu combustível e só preciso pegá-lo. De acordo com sua prima, Valerie mentiu sobre as luvas na festa. Eu ainda pensei em dar a garota o benefício da dúvida, mas não é impossível que a prima Walcott seja culpada.

Se meu namorado de anos foi capaz de me drogar, uma amiga próxima também seria capaz de me assassinar. Eu sempre me perguntei se a bondade exagerada de Valerie não era apenas um disfarce para algum podre encravado nas trevas, e agora tenho um palpite: O podre é que ela matou alguém, mentiu e se esquivou de seu ato.

Tudo o que eu quero é a maldita justiça, por mais que nada seja justo desde o princípio.

Eu poderia não ser a melhor criatura do mundo, mas ainda era menos pior do que os que continuam vivos depois do que fizeram comigo. Eu não somente tinha uma vida, com também sabia o que queria dela. Eu não seria uma criminosa ou uma completa canalha. Eu seria médica, formada em Harvard, entregue à minha profissão. Seria feliz, bem-sucedida e realizada — o oposto de tudo o que me matou.

Não há justiça alguma no que realmente aconteceu ao invés. Eu fui reduzida a ossos e minhocas e sigo pagando por algo do qual fui vítima. Estou na forma de uma mariposa vermelha, mas até voar é difícil para a minha pouca energia. Eu olho as minhas mãos decompostas, foscas como a cor das minhas asas, e para o meu esqueleto meio exposto por debaixo da carne fedorenta. Tic, tac. Um relógio estala sem parar em minha mente. A luz queima minhas entranhas conforme me torno cada vez mais indigna de tê-la para realizar a passagem.

Eu olho pra cima, para o corpo similarmente acabado se revirando na cama desconfortável.

Apenas a minha presença na cela de Felix já lhe causa os piores pesadelos, sem que eu precise mexer um dedo para foder com a sua cabeça. Eu geralmente gosto de admirá-lo se debatendo no colchão, suando frio, rangendo os dentes para fugir dos monstros que o aterrorizam no subconsciente culpado, mas hoje não está adiantando. Não é o tormento de Felix que eu preciso admirar.

Mariposas de Sangue | ⏱️Där berättelser lever. Upptäck nu