ˣᴵᴵ. 𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐨𝐳𝐞

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2013, 7 dias após a morte de Julia Klum

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2013, 7 dias após a morte de Julia Klum.

⚠️: Menção à abuso sexual.

Memórias ruins, ruins, muito ruins.

O prédio de três andares, com tijolos vermelhos e um fluxo frenético de pessoas entrando e saindo só me resgatava memórias ruins.

Quando pusera meus pés na delegacia de Peach Hills pela primeira vez, ela não me transmitira a segurança que deveria nem de longe, e agora transmitia menos ainda. A recepção de paredes pastéis não me inspirava confiança e os policiais circulando com suas pistolas no coldre eram apenas intimidadores, parecendo olhar pra mim como se soubessem exatamente quem eu era.

Também como da primeira vez, eu me sentia exposta.

Eu garanti a mamãe que não teria problemas em comparecer sozinha, porque, segundo o detetive do caso de Julia, seria somente um rápido interrogatório, um depoimento de rotina.

Óbvio que eu não era considerada uma suspeita.

Limpando a garganta para reencontrar as palavras, parei diante da moça no balcão.

— Oi, bom dia. Eu sou a Heather Lung, fui solicitada pelo detetive Buck para um interrogatório...

— Bom dia, Heather. O detetive está um pouco atrasado, mas vou pedir a alguém para levá-la até a sala 5 para esperá-lo. Tudo bem?

Antes que eu me forçasse a concordar com a cabeça, uma voz conhecida interferiu:

— Pode deixar que eu levo. — A mão pousou na minha lombar e eu imediatamente relaxei os ombros, confortada pelo sorriso discreto que Dana Chadwick me dedicava. — Vamos, querida?

Sorri de volta e concordei sem muito esforço.

Dana me lançou uma piscadela e exerceu uma leve pressão em minhas costas para nos conduzir pelos corredores movimentados até o elevador. A nostalgia era intensa e amarga a cada canto que meus olhos miravam, já que nada havia mudado por aquelas bandas em três anos. Os cartazes de campanha contra as drogas e o crime ainda eram tão ineficazes quanto eu me lembrava. Havia bebedouros, cadeiras, funcionários uniformizados e o burburinho de vozes cansadas no final de semana.

— Achei que a senhora não trabalhava aos sábados — eu disse pra Dana.

— Geralmente não, mas troquei folgas com um colega. — Ela manteve o sorriso pequeno.

As portas do elevador se abriram e nós entramos.

— Minha mãe teve algo a ver com isso? — Eu suspirei.

— Talvez sim, talvez não. — Dana esticou a mão e pressionou um botão no painel. — A primeira regra do Clube das Mães é não falar sobre o Clube das Mães.

Mariposas de Sangue | ⏱️Where stories live. Discover now