ˣⱽᴵ. 𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐝𝐞𝐳𝐞𝐬𝐬𝐞𝐢𝐬

13 2 12
                                    

2013, 4 meses após a morte de Julia Klum

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

2013, 4 meses após a morte de Julia Klum.

⚠️: Menção à abuso sexual.

Julia havia conseguido. Julia havia realmente conseguido que Peach Hills inteira quisesse a minha cabeça em uma bandeja.

Eu entendia bem o lado de Drystan um mês depois da nossa conversa. Em dezembro, quase no Natal, estava difícil sair de casa pra mim também. Os olhares eram maçantes, munidos de raiva e desconfiança. Quando me via, o povo mudava de calçada, apressava os passos e olhava em volta para se certificar de que não estávamos sozinhos. Eventualmente, até a polícia verdadeira fora envolvida.

Julia ao menos teve a decência de não envenenar o juízo deles também. Ela sabia que, se eu fosse presa, não a ajudaria com merda nenhuma nem se desejasse.

Os investigadores, em compensação, sabiam que eu não tinha nada a ver com o assassinato da garota. A própria colega de trabalho deles era o meu álibi — já que eu estava cuidando de Thomas na noite em que tudo aconteceu —, mas a pressão popular motivara um novo interrogatório só para terem certeza. Dessa vez, Julia estava na sala em sua forma humana, caçoando de mim com seu sorriso.

Não restava dúvidas de que eu a detestava. Detestava o espírito da garota, que era totalmente diferente da pessoa que eu me lembrava. A Julia verdadeira era minha amiga e jamais me machucaria de propósito em favor unicamente de si mesma. Se eu era egoísta, precisava competir com uma assombração tirana e maquiavélica como ela.

Não iria ajudá-la. Mesmo que ela tentasse se infiltrar na minha cabeça para me obrigar a obedecê-la — o que seria difícil, porque seu poder não era infinito —, eu não iria ceder. Queria que Julia se irritasse e sumisse permanentemente, sem chance alguma de retorno.

A preocupação dela era com o seu prazo de validade, com sua estadia inapropriada no plano errado, mas Julia já havia apodrecido há muito tempo.

Como um boneco de neve derretendo na troca de estação, não era uma imagem feliz. Eu moldei melhor a cabeça com a neve e Thomas fez careta.

— Eu não gosto daqui — disse o garotinho, avaliando o parque. — Não tem ninguém pra brincar!

É, eu também não gostava.

Construir bonecos de neve em parques era nossa tradição natalina, só não naquele parque em específico. Tommy e eu geralmente íamos para os do centro, bonitos e arborizados, com luzinhas nas árvores e bancos pintados de vermelho e verde, mas metade da cidade que agora me odiava ia também. Como aparecer em um ambiente lotado ainda era meio arriscado — especialmente com uma criança hiperativa a tiracolo —, eu precisara recorrer a soluções criativas. E, por soluções, quero dizer Drystan. Ou Cash, como ele preferia.

Sei que isso não favorecia muito a minha defesa, mas nós havíamos ficado bem amigos nas últimas semanas.

Ele me contatara pelo Facebook para contar de seu novo emprego como atendente de telemarketing e me agradecer por ter desviado toda a atenção negativa dele pra mim. Não há de quê, não era minha intenção. Novamente, desabafei sobre as traquinagens de Julia e percebi que era bom ter alguém com quem dividir o meu maior segredo — àquela altura, pouco me importava quem.

Mariposas de Sangue | ⏱️Where stories live. Discover now