Capítulo 01 - Piloto

7K 356 16
                                    

Lauren Jauregui  |  Point Of View





Estou novamente sentada no banco em frente ao estacionamento da escola. Estou no terceiro ano e não vejo a hora de concluir o ensino médio. A única parte ruim é que eu não vou poder ver ela. Quem sou eu? Quem é ela?

Meu nome é Lauren Jauregui, tenho dezessete anos e sou animadora de torcida. E ela é Camila Cabello, a garota mais misteriosa e linda desta escola. Ela tem dezoito anos, ela rodou ano passado, por faltas, pois ela é bem inteligente. Nunca ouvi a voz dela, ela não fala com ninguém, nem nas aulas com os professores, se eles perguntam alguma coisa, ela vai até o quadro e escreve a resposta. Eu já babava por ela desde que bati os olhos nela, no primeiro ano, mas ela nem nota minha existência, ela não tem amigo nenhum, e está sempre escondida pelos cantos desta escola.

Ela participa de rachas, e o seu carro é mega tunado, ela ganha todas as corridas e nem assim consegui ver um único sorriso dela. Sempre séria. Eu acompanhei alguns rachas dela, fui lá na ilusão de que fora de escola, talvez ela me notasse... Ilusão mesmo, ela, teoricamente, estava fazendo o que gostava e mesmo assim, não expressava emoções.

Ninguém sabe sua orientação, mesmo assim, as meninas tentam flertar com ela, inutilmente, ela nem nota que existem outros seres na terra. Quando no começo do ano, ela entrou na minha sala e eu pude ver como ela era de perto, quase tive um colapso, apesar do moletom com capuz cobrindo o cabelo, os traços latinos me deixaram de boca aberta, ela sentou na carteira ao lado na minha por ordem da professora de matemática, a quem serei grata eternamente, e Camila não senta direito como os outros alunos, ela fica sentada, bom, sentada é modo de dizer, ela fica quase deitada, de lado e virada de frente pra mim. Ou seja, tenho que me policiar para ela não notar o quanto eu babo por ela. Eu fico com alguns meninos às vezes, só para minhas amigas não me encherem o saco, mas a verdade mesmo é que depois que conheci a Cabello, não quero outra boca e a dela eu nunca vou ter. Ela também é super respeitada, o que é mais estranho, pois ela não fala nada. Nas corridas ela só acena com a cabeça e todo mundo sai correndo como louco.

Eu conversei com minha mãe sobre esse amor platônico, no começo ela soltou “você é lésbica?” eu respondi que não sabia, pois minha atração se limitava apenas a Camila. Sempre que eu conto que fiquei com um menino, ela começa, “mas e a Camila?” aí eu argumento que a menina nem fala, como vou falar com ela? E minha mãe, com aqueles discursos encorajadores diz para arriscar, mas quando vi Dianna Agron, que é a garota mais linda e popular da escola, e nossa capitã nas animações de torcida, quase ficar nua se insinuando para a Cabello e ela nem ligar, piso no freio rápido, ela nunca vai me notar mesmo.

Hoje tem aula de literatura, estou sentada no fundo da sala, não quero ficar muito próximo a ela para não vacilar. O professor Joe odeia Camila e não faz questão de esconder.

— A atividade desta semana é ler “Cinquenta Tons de Cinza” – Joe nosso professor falou e a turma toda riu, mas ele permaneceu sério. — É sério, meus colegas leram e isso gerou uma opinião diferente de cada um. Quero ver o que os adolescentes pensam sobre isso. Já trabalhamos com as principais obras, então não custa descontrair o ambiente. Alguém aqui tem menos de dezesseis anos? – Ninguém levantou a mão. — Bom... Talvez alguns pais fiquem bem irritados comigo, mas essa é classificação indicativa e falei com a diretora antes.

Brad: É só ninguém contar em casa.

Joe: Empolgado com a lição, Brad?

Brad: Melhor que aqueles livros chatos que dão sono só se ler o nome. – A sala riu.

Joe: Bom... Isso vocês decidem. – Ele sentou e fitou Camila. — E você Cabello, vai ter que falar o que achou deste livro. – Ela negou. — Vou te deixar com zero. – Ela escreveu alguma coisa no caderno e mostrou para Dianna que senta em sua frente, na verdade essa puta vive cercando ela. Dianna leu o que estava escrito no caderno e virou sua atenção para o professor.

Dianna: Como o senhor vai dar zero em uma atividade para “descontrair o ambiente”? E o “descontrair o ambiente” está entre aspas. – Ele cerrou os olhos.

Joe: Escuta aqui Cabello, não sei por que desta bobagem de você não falar. Ela fala muito bem, sabia turma? Eu convoquei uma reunião com o conselho de educação para tirar a Cabello desta escola, já que ela não interage com ninguém, mas ela chegou à reunião, toda falante e sorridente, acompanhada do pai e o conselho acha que eu estou louco. É melhor você me contar o que acha deste livro, Cabello. – Eu quase desfaleci de imaginar a Camila sorridente, meu senhor, o que essa garota fez comigo?


×××


Quando a noite caiu, Dinah me chamou para acompanhar as corridas, minha animação em ver a Cabello já estava se tornando frustração, mas aceitei para retribuir todas as vezes que a convidei. Quando chegamos, um monte de pessoas estavam fazendo apostas, nesse mundo rolava muito dinheiro. Normani se aproximou, ela corria, mas nunca com a Cabello. Ela dizia que era dinheiro perdido. Eu tenho a leve impressão que Dinah se insinua para ela, mas vou esperar ela me contar se está rolando algo.

Dinah: A Camila falou alguma vez aqui?

Normani: Nunca! O que não afeta nenhum um pouco o respeito que todos têm por ela. – Ela ficou encarando Dinah por um tempo. — Porque não vem ver meu carro?

Dinah: Eu adoraria, mas Lauren não pode ficar sozinha...

Eu: Vai lá DJ. Vou ficar bem.

Dinah: Tem certeza?

Eu: Sim! – Elas foram e obviamente, vão se pegar muito naquele carro. Fiquei observando, aconteceram duas corridas e eu estava cansada de esperar a Dinah. Me escorei em uma parede perto de um beco. Depois de um tempo, gelei quando vi um grupo de homens vindo em minha direção.

XX: Oi gatinha! O que faz sozinha neste lugar horrível?

— Não estou sozinha! Minha amiga foi ver um carro e já vem.

XX: Aquela loira? Acho que ela está bem ocupada agora, mas vamos fazer companhia para você.

— Não precisa obrigado.

XX: Mas nós vamos! – Dois se aproximaram e me pegaram pelo braço, tampando minha boca. Eu tentei morder a mão dele, mas a luva o protegeu, como se ele já estivesse preparado para isso. No fundo do beco escuro, um deles tirou minha jaqueta e rasgou minha blusa e a única coisa que eu fiz foi pedir para deus me ajudar. Quando ouvi uma batida em um latão. Era Camila com um taco de beisebol. — Conhece Cabello? – Ela assentiu. — Então ande com ela, já sabe que garotas sozinhas são nosso domínio. – Ela assentiu, eu estava chorando desesperadamente e agradecendo a Deus por ter escutado meus pedidos. Camila andou em minha direção pegando minha jaqueta. Os homens saíram.

— Muito obrigada. Muito obrigada mesmo! Eu nunca vou poder agra... – Ela simplesmente virou e foi saindo do beco. Quando escuto uma sirene de polícia e fora do beco dá para ver a movimentação. Ela me olha, olha a saída do beco e me olha de novo. Estendeu à mão, eu levantei correndo e peguei. Corremos até o carro ela, ela abriu a porta pra mim e fez a volta. Saiu dali cantando os pneus. Não sei se meu coração estava acelerado por causa da corrida ou pela proximidade com ela. Ela corria muito e quando perdemos de vista o carro da policia ela estacionou o carro dentro de um beco. Ficamos ali até todos os carros passarem.

— Obrigada de novo. – Ela virou o GPS para mim. Apontando o mesmo. — Meu endereço? – Ela assentiu e eu falei meu endereço. Ela saiu com o carro e desta vez não corria. Me ajeitei no banco, de canto de olho a fitei, ela prestava atenção na estrada, mas as vezes, olhava para os meus peitos descobertos por causa do rasgo em minha blusa. Ela parou em frente a minha casa e abri a porta.

— Obrigada mesmo! – Falei e sai do carro. Olhei meu celular e havia um monte de ligações da Dinah. Liguei dizendo que estava tudo bem e ela estava na casa da Normani. Deitei e pensei no dia intenso que tive.

Fast And CoreographedWhere stories live. Discover now