Meus lábios formigavam quando me afastei do que parecia nosso centésimo beijo e ainda não o suficiente. Eu abri meus olhos para me deparar com suas bochechas coradas, lábios vermelhos e cheios e piscar demorado, pesado sob a força das sensações que eu estava provocando nele. Seus dedos me agarravam como garras, afundando na pele extra em meus quadris. Eu pensei que se me concentrasse, se segurasse o fôlego, ouviria o rugido de seu coração.

Isso meio que me impressionou de uma forma patética e eletrizante: ver o tipo de reação que eu era capaz de provocar em alguém como ele. Mesmo com meu ex-namorado nunca foi assim, embora eu estivesse supostamente tão perdidamente apaixonada. Ele nunca demonstrou paixão como essa por meros beijos. Meros beijos, que feio eufemismo.

― Eu posso... ― Ethan limpou a garganta, mas isso não faz nada para apagar a rouquidão de sua voz. ― Eu quero... Gwen... Gwen...

Uma onda abrasiva de calor explodiu dentro de mim quando percebi o que ele queria dizer e não sabia como. Ethan parecia extremamente contente em me dar o que eu me recusava a querer instantes atrás, antes que acabássemos de algum modo nesta posição. Minhas pernas abertas em seu colo, meus seios contra seu peito de modo que eu sabia que ele conseguia senti-los na ausência de um sutiã. Meu corpo enrijeceu com autoconsciência, mas me vi incapaz de ceder à força da minha mente porque as coisas que ele fazia comigo... As coisas que essas íris avelã me tentavam a fazer...

Com o rosto aquecendo por razões estúpidas, ouvi minha voz frágil e trêmula entre o minúsculo espaço entre nossos lábios.

Como? ― perguntei a ele, genuinamente curiosa.

Eu poderia tentar me agarrar às reservas como se minha vida dependesse disso, mas a morte ainda me convenceria a correr diretamente para seus braços, se esse fosse o caso, se tivesse essa voz e essas mãos. Ethan não tinha compreendido o que tinha feito comigo. Meu desejo debilitante de poder confiar nele havia evoluído para uma confiança frágil como cristal e eu não tinha certeza se ele, tanto como eu, sabia o que fazer com isso.

Confiar. Que capacidade letal que nos era possibilitada com tanta irresponsabilidade pelo universo.

Ethan hesitou apenas por um segundo, o olhar treinado em meu rosto e a resposta nele quando puxou meus quadris para frente e me posicionou em seu colo. Um suspiro surpreso escapou da minha boca e eu não pude me impedir de derreter contra ele; peito, mãos, lábios e coxas. Seus olhos esquadrinharam meu rosto freneticamente de um lado para o outro, as pupilas dilatadas me permitindo apenas um anel avelã sombreado em torno delas; tão, mas tão lindo quanto jamais saberia.

Ethan testou minha reação à presença dele entre as minhas pernas e eu senti algo no meu interior flamejar e queimar por todo o caminho entre onde ele estava e meu peito. Eu queria ter isso, mas queria com ele. Repudiei o pensamento de ter conseguido avançar dessa forma com quaisquer um dos outros garotos com quem tentei estar.

Nenhum deles nunca chegaria aos pés desse.

Timidamente movi meus quadris sobre ele, me perdendo na visão de seus lábios se entreabrindo para que uma respiração trêmula lhe escapasse. Ethan piscou aparentemente sobrecarregado, e eu fechei meus olhos para me esconder de seu olhar quando me mexi incerta novamente. Era difícil descrevê-lo assim. Mas, presumi que devido a forma com que ele preencheu o espaço entre minhas coxas e como a pressão era tão incisiva que pudesse descrevê-lo de acordo com todo o resto dele.

Arrepios violentos se alastraram por minha pele aquecida e corada, nós se amarrando em minha barriga e calafrios empurrando contra meus ossos. Era uma sensação estranha. Diferente. Suave e quente, tão quente. Extraordinária.

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