21.1. a garota que me encara de volta.

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Kiara me encara como se eu fosse louca. Talvez eu esteja agindo como uma, mas não consigo acreditar em meus ouvidos. Alyssa estava radiante a sua maneira com esse estágio, dando tudo de si ao trabalhar em dois empregos e estudar ao mesmo tempo, e não vamos falar sobre ter que cuidar de uma criança ao dentre tudo isso. Não podia ver onde dar credibilidade a essa tia que surgiu tão de repente ― de volta ― era lógico quando comparado à garota que tenho conhecido.

― Ela tinha muito a dizer sobre Alyssa ― Kiara acrescentou ao girar nos calcanhares em direção a sua sala. ― Eu não posso só fingir que não ouvi tudo.

Uma vez que estou sentada do outro lado de sua mesa, apoio os antebraços sobre o vidro temperado que é gelado contra minha pele nua.

― O que ela disse?

― Tudo o que eu não queria ouvir ― ela soltou uma risada incrédula. ― Parece que, embora Alyssa esteja empenhada em suas tarefas, ela ainda não é ideal.

― Por quê?

― Bem, temos a questão do temperamento, a personalidade, o histórico não muito favorável e uma reputação bastante questionável em sua cola.

Deixei meu olhar vagar sem realmente prestar atenção no que via. Não compreendia o objetivo dessa tia ao vir aqui e queimar, não, trucidar a imagem de sua própria sobrinha no emprego que podia lhe dar uma profissão promissora, especialmente quando era o meio em que ela queria estar. Pondo-me em vista, não conseguia ver Kiara fazendo isso comigo ― ou sequer meus outros tios, embora nem falássemos frequentemente.

Se Alyssa era tão ruim assim, por que ela não ajudaria a melhorar ao invés de vir aqui e tentar destruir tudo?

E além do mais, havia um julgamento no qual eu confiava muito mais do que esse. Ethan falava sobre Alyssa como se ela fosse um tesouro, e ela poderia não ser a pessoa mais amável do planeta, mas o que essa mulher estava fazendo parecia um pouco drástico.

― Você vai conversar com Alyssa sobre isso, certo? ― eu perguntei, engolindo em seco.

Kiara deu de ombros. ― Eu vou, claro. Mas, honestamente, não estou me dando ao luxo de dar tiros no escuro no momento. Não sei se confiar nela é a melhor decisão depois disso. Afinal, por que ela viria aqui com tudo isso se não fosse por uma boa razão?

Quando volto para casa, minha cabeça ainda continua retornando a visita desfavorável de hoje. Conhecendo Kiara, sabia que ela não gostaria de ser questionada por mim sobre como reger seu trabalho, mas ela ouviria meu pai. A questão era como pedir isso a ele. Se bem me lembrava, a última vez que havíamos conversando havia sido no domingo, e isso porque ele precisava que eu trancasse a porta da garagem.

Eu sei. Saudável, certo?

Tecnicamente, nada disso era problema meu. De maneira alguma, no entanto, não conseguia apenas fingir que aquilo não aconteceu e esperar pela provável demissão de Alyssa sem fazer nada. Certa ou não, não cabia a sua tia o julgamento, e meio que me irritava saber que Kiara havia considerando tanto assim a palavra de uma estranha.

Estava tão frustrada que só percebi que não anunciei minha presença no escritório do meu pai ao sentir a brisa gelada que soprou meus cabelos ao escancarar a porta.

E eu lamentaria isso até o fim da minha vida, porque é assim que encontro minha mãe sendo prensada contra a estante de livros enquanto o rosto do meu pai está firmemente escondido em seu pescoço.

Ai meu Deus.

Ao som da minha voz, os dois pularam como se estivessem pegando fogo. Eu rapidamente cobri meus olhos com a palma da mão direita, sentindo tudo dentro do meu corpo murchar e morrer. Queria arrancar os olhos e jogá-los através da janela, embalar minhas coisas e ir embora de casa. Nunca vou conseguir apagar a imagem de Rosie Evans seminua e Gabriel apalpando suas partes mais baixas meu Deus do céu!

Our Way HomeWhere stories live. Discover now