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STILES POV

Quando abri os olhos tudo me incomodava, tentei virar meu corpo e acabei me chocando com outro ao meu lado, achei que estava sonhando, o Doutor Hale pôs a mão na minha testa e virou o rosto para frente, dizendo alguma coisa que eu não pude decifrar, meu corpo tava pesado e minha cabeça doía, mas logo algo gritou na minha mente.

Meu bebê! – levantei bruscamente e me segurando pelos braços o doutor me segurou impedindo o movimento brusco e dessa vez, observei Lydia se aproximar.

— Stiles, tá tudo bem. Nós chamamos o Doutor Hale por conta do seu desmaio. – ela disse e eu franzi o cenho — Não se preocupe com o bebê, aparentemente está tudo bem. – ela deu um sorriso fraco e logo encarou o homem ao meu lado — Mas teremos de ir ao hospital.

— Porquê? – gritei tentando sair da cama.

— Calma – Jackson disse — O seu pesadelo foi muito intenso e seu desmaio veio por conta dele. Mas o doutor achou melhor fazermos exames. – eu bufei.

Meu pai começou a falar alguma coisa com o médico e passando a mão na cabeça eu respirei fundo tentando organizar meus pensamentos; eu não lembrava o que tinha sonhado, só lembrava de ter acordado chorando e ter me abraçado com a Lydia, mas nada antes, ou depois disso.

Também vi Jackson acariciar minha barriga e sorrir quando eu o encarei. Pelos deuses como eu era grato pela amizade dele.

Especialmente, dele.

Houve um tempo em que eu sequer podia ouvir o nome dele, dá pra acreditar?!

Eu não lembro muito bem o motivo, éramos crianças, beirando a adolescência, e essas rixas sempre ocorrem, de fato, eu não lembro porque não gostava do Jackson, eu só não gostava.

Bom, águas passadas.

Ele foi a primeira pessoa a vir falar comigo sobre minha sexualidade, eu nem sei como ele percebeu, mas, ainda assim, veio conversar comigo quando estávamos no colégio, e embora tenha sido o primeiro a ficar do meu lado e incentivado para que eu contasse a minha família, foi o último a aceitar meu relacionamento com o Matt.

Premonição, talvez?

Sty? – ele me chamou e sorri sem graça vendo todos de pé no quarto. — Vamos? – mesmo contra vontade eu concordei, me arrastei a beirada da cama e segurei em sua mão para levantar, o doutor Hale não estava no quarto, por mais que eu soubesse que ele estaria no lado de fora nos esperando.

Eu precisei bater no Jackson para ele desistir da ideia de me colocar no braço pra descer os degraus, ouvi papai rir e reclamar comigo pela grosseria e logo que cheguei na sala, observei o médico sorrir e fazer um sinal para que eu o acompanhasse, eu não sabia o que fazer, segurei firme na mão de Liam que vinha do lado e com uma careta ele me encarou antes de entrarmos no carro dele.

Não faço ideia de que horas eram, ou quem ligou, mas assim que cruzamos as portas de vidro do hospital, Scott levantou do banco com a tia Melissa.

Ótimo.

— Stiles! Você tá bem?! Tá sentindo alguma coisa? – meu melhor amigo me abordou enquanto minha querida madrasta falava com o médico.

— Estou bem. Não precisavam ter vindo, e porquê deixou ela sair de casa? – ele encarou a mãe dando um riso.

— Ela me matava se eu impedisse. – logo ouvimos a voz do médico soar indicando a sala que eu ficaria após trazerem uma cadeira de rodas para que eu sentasse. Não poderia ter aglomerações ao meu lado então eu pedi que a Lydia ficasse comigo e todos concordaram. Eu faria exames e aparentemente poderia voltar pra casa no começo do dia.

Ou no final dele.

Eu havia perdido noção total de horários.

Falei com a tia Melissa e ela explicou melhor o que seria feito e falou que eu teria de fazer uma ultrassonografia e se tivéssemos sorte, poderíamos ver o sexo do bebê hoje mesmo.

— Quer água agora? – a ruiva questionou assim que uma enfermeira coletou meu sangue e eu concordei.

— Com licença, Stiles... – o doutor Hale disse empurrando a porta antes que Lydia pudesse abrir. — Preciso conversar um pouco com você. – encarei minha melhor amiga quase implorando ajuda e ela apenas sorriu piscando pra mim.

"Já volto", sussurrou fechando a porta atrás de si.

Éramos só o doutor e eu.

— Você não precisa responder se não quiser, okay? – eu concordei — Ótimo – com a prancheta em mãos, ele pegou a caneta a começou a preencher os espaços necessários antes de me encarar outra vez — O que sente agora?

— Cansaço. – disse sincero — Quando eu acordei no quarto, meu corpo tava pesado, tudo tava turvo e eu não conseguia me lembrar o que houve. – ele concordou voltando sua atenção ao papel brevemente.

— Você não lembra o que sonhou? – eu neguei. — A Lydia relatou que você gritava um nome enquanto se debatia – ele fez uma pausa e eu senti meu coração acelerar, mesmo sem lembrar o que aconteceu eu sabia que isso envolvia o Matt. O médico ficou em silêncio enquanto eu tentava controlar a respiração. — Não precisa falar se não quiser. – ele me lembrou e novamente eu afirmei com a cabeça — Eu tenho uma breve formação como psicólogo, eu trabalhei de auxiliar por alguns meses mas minha vontade mesmo era ser obstetra. – ele sorriu largo e eu acabei fazendo o mesmo. — Deduzo que você tenha pesquisado muita coisa sobre gestação em geral, não?

— Sim.

— Alguns stress precisam ser mantidos longes de nós, mesmo sabendo que é difícil, mas no seu caso, as recomendações precisam ser redobradas. – eu assenti — Essa pessoa por quem você chamou deve te afetar muito – senti meu olhos lacrimejarem e desviei a atenção dele respirando fundo e endireitando o corpo na cama, ele pôs a mão no meu braço e surpreso o encarei ouvindo seu riso sem graça. — Me desculpe se fui invasivo, mas se já leu sobre os problemas com o stress, sabe que se algo te faz mal, você precisa se manter afastado, seja quem for. E eu também queria dizer que além de médico, posso ser seu amigo, mesmo que não goste de eu estar no lugar da Melissa, posso te ouvir e ate ajudar no que for preciso.

— Porquê? – questionei confuso — Porquê insiste tanto em me ter como paciente? – ele sorriu desviando a atenção de mim e levantou da cama indo até a janela do quarto observando o lado de fora antes de me encarar de novo.

— Minha mãe perdeu o bebê ainda na barriga. – disse depois de um tempo e arregalando os olhos, eu o encarei — Nós sofremos muito, ainda sofremos hoje, mas não tanto. Eu era criança quando aconteceu mas desde então, eu jurei que cuidaria de todas as gravidez que pudesse. – ele deu um riso fraco enquanto eu permanecia de boca aberta, jamais cogitei algo daquele tipo, principalmente que um médico fosse revelar aquilo para seu paciente. — Por mais que seja provisório, eu farei o que estiver ao meu alcance para te ajudar a superar seus problemas e a ter esse bebê o mais saudável possível.

E novamente eu travei.

Ele tirou os olhos da janela e me encarou com um riso fraco, eu não soube decifrar o que aquilo significava, mas me limitei a assentir ainda me sentindo zonzo por aquela conversa. Eu tinha sido tão ríspido com ele desde o começo e mesmo assim, ele contou algo tão pessoal e o motivo pelo qual estava me ajudando.

Eu me senti um completo idiota.

𝔼𝕦 𝕋𝕖 𝔸𝕞𝕖𝕚 ℙ𝕣𝕚𝕞𝕖𝕚𝕣𝕠 (𝕊𝕥𝕖𝕣𝕖𝕜)Where stories live. Discover now