Capítulo 18

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POV Camila

Lauren fazia tudo devagar. Eu tentando conter minhas lágrimas, a sensação de estar apaixonada e saber que não está sendo correspondida é uma droga. Saber que você se iludiu com algo que você nem deveria ter tido interesse a parte. Mas o que eu poderia esperar de mim mesma? Uma hora minha carapuça iria cair. A vida não é só transar e se satisfazer, uma hora o sentimento vem.

- Só me escute. – Ela disse, caminhando até mim.

- Escutar o quê?! Você me tratando igual uma das vadias que me maltratava no ensino médio? – Neguei com a cabeça olhando para ela. Ela engoliu em seco. – Me fez lembrar, sério... – Suspirei. E ela caminhou até uma foto que havia atrás de mim. – É, justo nessa época aí. Minha pior época da vida. – Ela olhou para foto chocada.

Olhei para a foto e recordei o quão ruim era essa época...

"Meu primeiro dia de aula em Miami, cheguei nos Estados Unidos há seis meses e agora finalmente minha mãe conseguiu me pôr em uma escola. Tudo era diferente, eu sabia, e sabia também que ser uma latina ia complicar ainda mais minha situação. Tenho 14 anos e nem roupa bonita tenho para ir a aula, recebi olhares curiosos e outras pessoas riam olhando para mim. Aquilo me deixou triste e agoniada.

- Buenas tardes, me llamo Karla Camila Cabello Estrabao y estoy... – Lembrei que não era mais o México e eu precisava falar em outro idioma que tenho lutado dia a e noite para aprender sozinha. – E-eu sou Kar...

- Já entendi, idiota. E não, eu não vou te ajudar. – O menino disse. – Você ler, procura sua sala sozinha. Se vira. E vê se veste uma roupa melhor, você é estranha! – Ele se afastou fazendo careta e eu olhei para os lados.

Segurando um papel em uma mão e na outra, com meu caderno e alguns lápis, sem estojo.

Vi duas meninas passando rindo e caminhei até elas.

- Por favor, me ajudem, eu... – As duas olharam para mim com careta. Uma que aparentava ser latina de sobrancelhas marcadas e uma branca de óculos escuros.

- Sai. – A branca disse. – Eu não tenho cara de ajudante. – A sua colega riu e ambas se afastaram ainda rindo.

Um menino caminhou até mim e sorriu. Eu pensei que ele iria me ajudar e me animei. Porém, ele me entregou uma sacola, e eu não quis segurar, ele a jogou em mim, e estava cheia de água.

- No puede ser verdad... Por que me odian?! – Senti um choro subir por minha garganta e respirei fundo.

Procurei minha sala e quando a encontrei já estava cheia de pessoas. Todas elas pararam e ficaram me encarando.

- Olha, uma novata! – Um menino disse ficando de pé e vindo até mim. – Boas vindas, novata! - Eu não sabia se respondia, pois imaginei que viria algo de ruim, novamente. E ele fez, derrubou minhas coisas no chão. – Além de estar mijada, ela não sabe segurar as coisas. – Ele e seus colegas riram de mim. Todos riram, na verdade.

Nesse exato momento, a professora entrou na sala de aula e mandou o menino para a direção da escola. Não sei o que aconteceu, mas ele não voltou para a aula naquele dia...

Nos intervalos sempre tinha algo, não exatamente comigo, mas com várias pessoas. Um grupo de meninas sempre mandavam seus namorados fazerem alguma coisa, e quando eles faziam, elas riam.

- Olha lá, a Karla latinha, latinha de lixo. – A branquinha que estava usando óculos escuros disse. Ela caminhou até mim. Segurei minha bandeja de comida com força, com medo que ela a derrubasse. – Está com medo? Awn, que fofinha! – Ela tocou em meu queixo. – Eu não quero sua comida não. – Ela sorriu. – Mas será que essa roupa que você está usando está na liquidação? Porque eu achei tão legal que até pensei em comprar pro sapinho que minha irmã cria. – Suas colegas e namorados riram. – Desculpa, tá? Mas você é muito feia, e além disso só se veste como uma idiota, você é pobre?

- E-eu... E-eu...

- Além de tudo, é gaga! Viram isso?! – Ela disse olhando para os amigos e rindo. – Tenho pena de você, de verdade! – Ela riu e me empurrou. – Arruma um lugar diferente para comer, estranha. Ninguém quer te ver aqui não, você me causa ânsia. – Senti lágrimas se formarem em meus olhos. – Vai chorar? Own, gente. A pobrezinha é sentimental.

Me afastei dela e saí do refeitório com pressa, corri para o banheiro e me tranquei em uma das cabines, ainda com minha bandeja de comida.

Me sentei no vazo e pensei em comer, mas não consegui, as lágrimas me impediam de enxergar e o mal cheiro também não ajudava.

Aquela menina me humilhou muito, e tenho certeza que tudo que fazem a mim, é ela quem manda. Ela sempre está por perto para rir. E eu não consigo descobrir seu nome, sempre inventam, mas não dizem o nome de verdade.

Mas o que isso muda?! Ela vai acabar comigo de qualquer forma."

- Eu deveria queimar essa foto. – A Lauren continuou olhando a foto, de olhos arregalados. – Você é tão escrota quanto ela, Lauren. – Lauren me fitou com lágrimas escorrendo.

Tudo Pela Promoção - CamRenDonde viven las historias. Descúbrelo ahora