Sign of the times

Triginta duo

Oi? 😳 Alguém ainda habita esse planeta holandês? Espero que sim.

Meus amores, eu sei, eu sei bem que cometi um pecado com vocês sumindo por todo esse tempo, mas se eu parasse pra contar tudo o que me aconteceu nesse sumiço vocês ficariam depressivos e não é isso que eu almejo pra ninguém. Fiquem tranquilos porque eu estou com a terapia em dia e por esse motivo estou de volta aqui e vou aparecer, com toda certeza, com bem mais frequência. 🙏🏼

Por outro lado me sinto triste porque provavelmente vocês não lembram do que aconteceu anteriormente, por isso eu vou ajudar a relembrar agora. Lauren havia encontrado algumas coisas no porão de Camila, incluindo cartas. Ela leu duas e levou uma com ela. Ui!

Agora que a memória de vocês está fresca, bora mergulhar no nosso mundinho lindo e cheiroso holandês?
Ps: não gritem

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Lauren limpava a cozinha do bistrô depois de mais um dia de trabalho. Com um pano molhado e alguns produtos de limpeza ela desengordurava o chão, pensando e refletindo como aquilo era realmente necessário não só para ambientes que estão sujos, mas às vezes, para vida, alma e coração.

Havia fechado o restaurante sozinha e dispensado a galera mais cedo, pois precisava de um tempo para si. Poucos eram os momentos que a sobrava para processar todas as informações dos últimos meses. Casamento, filial do bistrô e chef Jauregui soavam como ingredientes difíceis e quase impossíveis de serem misturados numa só receita.

Sentia-se cansada e estranha, porém feliz. Era como se todos os seus sonhos e planos que ficaram guardados numa pequena caixa, no mais profundo de seu coração por anos e anos, tivessem rompido as barreiras e criado asas, voando livremente pelos ares da terra holandesa, encontrando os seus verdadeiros propósitos.

Thank you for loving me do Bon Jovi preenchia o ambiente enquanto a Tournant cantarolava consistentemente honrando a letra e o tom, pensando em como aquela música representava o seu momento e no quão grata ela realmente era somente por ser amada por alguém como Camila.

Ah, Camila...

Estrela que brilha e cintila. Afunila a pequena saída da perdida vila de paixão na qual a americana se meteu. Onde nem chá de camomila, suco de clorofila ou uma dose pura de tequila a faz ser esquecida, nada disso a aniquila. Lauren sorria meneando em negativo, lembrando que já teve o coração de ferro e aquela mulher o transformou em argila. O moldou como quis com as próprias mãos. Terrorista essa Camila...

Libertando-se daquele devaneio poético, Lauren terminou de limpar o chão. A americana saiu recolhendo os utensílios de limpeza para guardá-los em seu devido lugar, seguindo a velha rotina. Depois que o fez, decidiu ir arrumar as panelas e guardar alguns pratos já limpos antes de finalmente poder ir embora. Não demorou muito para terminar, então retirou o avental e seguiu para o vestiário pegar sua bolsa.

Estava feliz e tranquila como há muito tempo não esteve verdadeiramente, sentia-se leve, sem precedentes, aquela sensação de que nada no mundo a podia a derrotar pois era invencível. Assobiava no ritmo da música enquanto voltava até a cozinha para pegar seu celular conectado à pequena caixa de som. Lauren franziu o cenho e parou quando sentiu algo estranho.

Aquele cheiro familiar nunca bem-vindo a um ambiente como aquele, um cheiro desagradável e assustador como se algo estivesse queimando. A Tournant apressou seus passos somente para enxergar a fumaça subindo por trás do grande refrigerador e começando a inundar a cozinha. Era o início de um incêndio.

Sentiu o desespero encostando em seu ombro mas tentou manter a cabeça no lugar para procurar pelo extintor. Lauren sabia que havia alarmes e sprinklers pois qualquer estabelecimento comercial tinha a obrigação de possuir métodos de segurança para somente funcionar ou a lei não permitiria a sua abertura, então tentou sossegar e pensar positivo. Em segundos os pequenos chuveiros iriam jorrar água e o fogo seria contido e o único trabalho difícil seria o de enxugar tudo, consertar o que fora danificado e trocar o que fora perdido. O problema é que, para o desespero da americana, nada do que pensou anteriormente funcionou.