Capítulo 38 - Sala da Direção

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Impossível não reconhecer os três que entraram no banheiro e tinha que ser agora?!

- É tão difícil te encontrar sozinho, afinal, o Felipe não desgruda de você! – o Ângelo veio em direção à mim e os outros dois ficaram para trás, justamente ao lado da porta que se fechou sozinha assim que eles entraram.

Claro que eles iriam me provocar assim que me vissem e realmente não tinha situação pior para que isso acontecesse, mesmo assim, eu não iria ficar e perguntar se eles vinham sempre ali.

Tentei ignora-los e desviar dele, indo diretamente para a porta, mas quando eu estava passando pelo seu lado, ele segurou firme em meu braço.

- Pra que a pressa? Vamos aproveitar um pouco, já que o destino fez com que a gente se encontrasse! – ele falava de um jeito debochado e talvez ameaçador.

Puxei meu braço e ele soltou, mesmo assim continuava me encarando e bloqueando meu caminho.

- E então, você é a nova mulherzinha do Felipe?! Está gostando de fazer isso?! Hã!? – ele continuava debochando e claro que ele queria me provocar para que isso chegasse até os ouvidos do Felipe, então, resolvi jogar na mesma moeda.

- Por que o interesse? Você está com ciúmes? – falei sério.

Parecia que eu tinha tocado uma ferida aberta ao dizer isso, por que imediatamente sua expressão se modificou e ele levantou a voz, quase gritando.

- Como é que é? O que você disse? – ele avançou contra mim, me encurralando entre ele e a porta de um sanitário, socando a porta a minha direita.

- Para você estar tão interessado nisso, só pode ser ciúmes, de mim ou do Felipe! – retruquei, não abaixando a guarda, querendo parecer firme, mas senti que minhas mãos já começavam a tremer.

Não era medo, era receio. Mil e uma possibilidades passando freneticamente diante dos meus olhos. Ele queria apenas me provocar para atingir o Felipe e eu não deixaria que isso fosse tão fácil assim.

- Aí, Ângelo, esse moleque é abusado! – um dos amigos dele falou enquanto dava risada. – Você vai ter que dar uma lição nele!

- Sabe o que eu sinto por caras como você? Nojo! – apoiou uma mão na porta atrás de mim e bufava de raiva, me encarando com seus olhos vidrados, mas eu e ele sabíamos que ele não poderia fazer nada comigo ali, embora não tivessem câmeras de segurança dentro do banheiro, mas haviam várias nos corredores e seria fácil provar que eles fizeram algo contra mim, se realmente chegassem a tanto.

- Não importa o que você sente! – exclamei, tentando não mostrar fraqueza, foi quando ele segurou meu queixo com a sua mão livre e apertou em minhas bochechas.

- Olha só esse rostinho... – ele mudou o tom de voz novamente, mais calmo, porém ainda ameaçador. – Até parece que nunca levou um soco... seria uma pena...

- Ângelo, acho melhor você socar em um lugar que não vai aparecer! – outro amigo dele sugeriu, no mesmo tom de riso.

- Verdade, os lugares que não ficam marcas são os mais dolorosos! – ele ria enquanto ainda segurava meu rosto.

Uma mistura de sentimentos me tomou. Não sabia se era ódio, repulsa, nojo, receio ou o que, eu só sabia que essa situação era pior do que eu poderia imaginar e eu estava ali totalmente em desvantagem diante deles e como se já não estivesse ruim o suficiente, minhas mãos estavam trêmulas e minha respiração começou a falhar.

Mel e CanelaWhere stories live. Discover now