13. temos tudo sob controle.

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Balancei minha cabeça e pigarreei cerca de duas vezes tentando aliviar a pressão em minha garganta. Eu queria chorar por um milhão de razões, mas principalmente porque os julguei desde a primeira vez quando Alyssa assinou seu nome ao lado do meu naquela chamada e até dez minutos atrás, quando presumi o pior sobre ele só porque não conseguia acreditar que alguém como Ethan poderia se interessar por mim.

— Não é nada — forcei um sorriso e abaixei a tela do laptop. — Apenas pesquisa.

— Você não deveria gastar energia tentando passar a conversa em mim — disse ele, voltando ao seu lugar. — Anos em tribunais certificando-me de que criminosos estariam no lugar que devem deixam você em uma desvantagem quase vergonhosa.

Poupei a ele um olhar irritado. Era mais cedo do que eu costumava acordar e mamãe era a única a preparar o café da manhã, então meu pai e eu ficaríamos aqui encarando um ao outro com milhares de palavras nunca ditas e com estômagos barulhentos até que ela levantasse. Não que eu não soubesse cozinhar, no entanto, mamãe era territorialista com sua cozinha. Ou com a casa inteira. Com papai. Comigo. Com tudo, na verdade.

O amanhecer tingiu o céu com um cinza claro e fios dourados de um sol que timidamente avançava na linha do horizonte. Luz caía como um véu dentro de casa através das amplas janelas, um lembrete de que daqui a inevitáveis minutos, eu deveria dirigir até a universidade e decidir se iria me esconder nos corredores ou enfrentar minha decisão tomada no calor do momento e procurar por Ethan nos lugares onde disse que estaria.

Mas agora, não estava tão certa sobre como iria agir ao vê-lo. O que eu diria? Ou eu deveria fingir que ainda não sabia de nada? Que não sou patética o suficiente para bisbilhotar sua vida na internet? Dificilmente poderia ser culpada, no entanto. Um mês e nada de concreto sobre os dois quando até mesmo meus pais Alyssa já conhecera. Quando os amigos dele cruzavam por mim como se fossemos velhos amigos compartilhando um vínculo que lhes dava intimidade para gritar meu nome e acenar loucamente na minha direção.

Parecia que eles eram os únicos reclusos, como enigmas envoltos por muros enormes, e agora tudo fazia um pouco mais de sentido. Será que alguém realmente os conhecia de verdade?

Suspirando, inclinei meu rosto para meu pai. Seu cabelo estava com mais fios grisalhos, embora ele fosse jovem para isso, e sua barba estava aparada sobre a mandíbula e ao redor dos lábios. Os olhos escuros e neutros desviaram do jornal e encontraram os meus. Ele dobrou seu jornal e o pousou na coxa, cruzando seus braços em frente ao peito como se eu fosse um cliente insolente que finalmente percebera que é impossível ganhar uma batalha contra ele.

— O que você acha que aconteceu com os três filhos? — perguntei suavemente. — Depois de perder os pais?

Suas narinas se expandiram em um suspiro profundo e ele se reclinou na cadeira, fitando meu rosto enquanto ponderava sobre minha pergunta. Sua experiência de vida e personalidade eram inquestionavelmente confiáveis quando você precisava dele sendo direto e conciso, e a maneira como ele via o mundo era normal, sem tanto entusiasmo como minha mãe, mas sempre me criou para saber lutar minhas próprias batalhas. Mesmo que não fossemos os mesmos de um ano atrás, a mágoa consequente daqueles acontecimentos não anulava o fato de que ele era o melhor pai que eu poderia ter.

— Não sei. Acho que depende muito de como eles cresceram.

— Aqui diz que eles eram uma família feliz. O pai deles era trabalhador e correto, assim como a mãe. Supondo que foi tudo bem e que eles foram bem criados.

Meu pai coçou a barba. — Então eu arriscaria dizer que seus sonhos foram arruinados e que o mais velho foi obrigado a se tornar o responsável pelo lar. Pelo menos até adquirir uma consistência e retomar de algum ponto livre do luto e da perda.

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