Imortal

Galing kay FlviaRolim

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[Vencedor do prêmio Wattys 2015 na cateogoria "Os Mais Populares"🎖️] ESTÁ SENDO REESCRITA E REVISADA. A his... Higit pa

Prólogo
Conhecendo o Desconhecido
Visita Noturna
Saltos no Vazio
Compromissos
Nada Mal Para Um Imortal
Rompendo Relações
Knockout
Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Um
Fugindo das Lendas e Caindo na Realidade - Parte Dois
Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Um
Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Dois
Xeque-Mate
Eu Escolho a Eternidade - Parte Um
O Baile de Máscaras - Parte Um
O Baile de Máscaras - Parte Dois
O Baile de Máscaras - Parte Três
Fragmentos
Perdoe-me Por Dizer Adeus
Causa Mortis - Parte Um
Causa Mortis - Bônus
Causa Mortis - Parte Dois
O Outro Lado da Moeda
Emboscada - Parte Um
Emboscada - Parte Dois
Angustia Existencial
Dave Miller
Finalmente Pronta
Alguma Coisa no Caminho
Outro Amanhecer - Final
Epílogo
Amores Imortais
Prévia - Eterno
Eterno está no ar
Bônus - Christine
1 anooooooo!!!!!
Arthur e Victor (Bônus - Um ano de Wattpad)
Revelação da Capa
VERSÃO ANTIGA (RASCUNHO) X VERSÃO ATUAL (PRIMEIRA EDIÇÃO)

Eu Escolho a Eternidade - Parte Dois

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Galing kay FlviaRolim

Três meses se passaram e nada do retorno de Victor. Segundo Sean, houve um problema maior do que era esperado e o mestre não poderia simplesmente destruir o clã e deixar por isso mesmo. Ele tinha que limpar a imagem da cidade, cuidar para que todas as mulheres vivas retornassem para as suas casas e esquecessem o que quer que tivesse acontecido ali. Sem contar que ainda teriam que esperar aquelas que estavam grávidas, dar à luz para depois serem liberadas. Dessa forma, o tempo mínimo que Victor informou que ficaria ali foram de dois meses, mas já estava atrasado.

E a falta que ele fazia só tendia a crescer, mas eu não poderia cobrar nada dele. Ele tinha deveres com os outros milhares de vampiros espalhados pelo mundo. Eu imaginava como ele conseguia dar conta de tudo. Se fosse eu, já teria enlouquecido. Ainda bem que não era eu. Ainda. Sendo parceira de Victor, eu sabia que essas obrigações recairiam sobre mim também. Ser uma vampira era simples, ser uma vampira que dormia com o primeiro deles é que seria o problema.

Eu pedi a Sean que não revelasse a Victor sobre a minha decisão. Queria eu ser a primeira a contar que eu queria ser um deles. Sean assim o fez. Nos tornamos mais amigos ainda naqueles meses.

Meus treinamentos estavam indo de vento em polpa. Desde tiros com armas, arcos e bestas, até manuseio de espadas e adagas. Queriam que eu fosse perfeita em tudo.

Confesso que lutar corpo a corpo, com um vampiro, é mais difícil do que eu imaginei. Sean era rápido e por muitas vezes eu fui ao chão. Eu reclamava, dizendo ser humanamente impossível vencer um deles, mas Sean me jogava na cara que os caçadores matavam vários vampiros, ao longo dos séculos, e me fazia questão de lembrar que eles eram apenas humanos. Iguais a mim.

— Que tal a gente dá uma pausa? — perguntou me estendendo a mão para que eu me colocasse de pé.

— Eu aceito — respondi enquanto ele me ajudava a levantar.

— Vai ser mais fácil quando for uma de nós — sorriu e me entregou uma garrafa com água. — Você vai ver que não sou tão rápido.

— Espero — respondi sorrindo, mas logo fiquei séria. — Como é, Sean?

— O que? A transformação? — eu assenti. — Eu não saberia como dizer.

— Victor me contou por alto, quando nos conhecemos, mas ele não passou por isso. Só sabe o que dizem por ai. Você tem experiência e é o mais indicado e quem confio.

— A dor é o que marca a gente — ele olhou para longe e depois para mim. — Dói, minha senhora. Muito — respirei fundo. — Mas não quero lhe assustar.

— Fui eu que perguntei e nada do que me diga vai me fazer voltar atrás. Eu quero isso — me sentei em uma pedra e Sean sentou-se ao meu lado. — Do que se lembra?

— De tudo. Não é algo que se esquece fácil — ele sorriu. — Nem o tempo é capaz de fazer isso — ele pegou algumas pedras e apertava com força, fazendo-as virar pó, enquanto conversava comigo. — Eu havia ficado até mais tarde na fazenda, naquele dia. Eu era o capataz e alguns dos meus homens haviam se envolvido em problemas e eu tentava resolver tudo. Por isso me demorei. Ekatherina já sabia que era assim, então ela não se preocupava tanto se eu demorasse. Eu sempre ia para casa, não importava a hora que eu chegasse, eu sempre ia.

— Mas então você viu Victor — conclui. Implorando para que ele continuasse com a história.

— Ele era um garoto. Se muito tinha era pouco mais de dezessete anos.

— Não sabia disso. Pensei que ele já era um homem, quando te conheceu.

— Não mesmo — ele sorriu. — Era um garoto pequeno e franzino.

— Com que idade ele parou de envelhecer?

— Quando fez trinta — me respondeu e continuou. — O gado ficou agitado, de uma hora para outra, e eu sabia o que aconteceria. Já havia encontrado a carcaça de, pelo menos, dez vacas naquela semana. Fui até a casa grande e peguei uma arcabuz. Eu iria matar a coisa que estava atacando a fazenda. Ao menos era o que eu pensava — ele balançou a cabeça. — Parti para o campo, com uma lamparina na mão e pronto para encher qualquer coisa de bala, até que o vi. Victor estava bebendo o sangue de uma das vacas. Mordia o seu pescoço enquanto o animal estava no chão. A princípio eu paralisei, não sabia o que fazer, até que ele me olhou e eu disparei.

— Nossa.

— Victor me disse que não tinha intensão de me machucar. Se eu tivesse, simplesmente, deixado ele ir embora nada teria acontecido comigo, mas eu disparei e as balas o acertaram. Por isso que eu lhe digo: atire e acerte. Errar é sua morte.

— Mas as suas balas não eram de prata.

— Não. Eram de chumbo — Sean me olhou novamente. — Victor perdeu a razão e veio para cima de mim. Eu o havia enfurecido. Eu tentei correr, mas ele era muito mais rápido do que eu e me alcançou. Me mordeu. Sugou meu sangue e no lugar, colocou o veneno.

— Mas ele não sabia como controlar, não é?

— Não. Ele nunca havia bebido o sangue de um humano antes. Eu fui o primeiro.

— Como é o veneno? É igual quando eu fui mordida ou tem algo diferente?

— Ácido — ele foi curto. — Queima tudo por dentro. Parece que te jogaram em um vulcão e sua pele quer desgrudar dos músculos e ossos. É horrível.

— É igual então — respondi e ele respirou fundo.

— Victor ficou desesperado, não sabia o que estava acontecendo comigo. Então teve a brilhante ideia de me dar seu sangue para eu beber.

— E a dor parou? — perguntei. Sean gargalhou.

— Aí é que a dor aumenta, minha senhora — os olhos azuis me olharam de uma forma que me passou medo. — Se torna insuportável. Pedimos a morte, mas é nesse momento que se encontra a graça. A morte nos leva, mas nos devolve — ele abaixou a cabeça. — Tudo muda e você renasce. O mundo continua o mesmo, mas você o vê de forma diferente — os olhos dele tornaram-se claros. — Você o vê em todos os seus detalhes. Em todo o seu esplendor. E já não há mais dor.

— Posso te pedir um favor? — perguntei e ele me encarou, ainda com os olhos claros. Voltando a sua cor azul gradativamente. Assentiu. — Segura a minha mão quando chegar a minha hora?

— Prometo que não solto até que esteja de volta — sorri para ele. Sean era um amigo e tanto. Eu tive sorte de tê-lo encontrado.

Era pouco mais das quatro da manhã quando cheguei em meu apartamento, mais exausta do que era de costume. Querendo ou não, Sean estava intensificando os treinos e cada vez eu tinha que me doar mais. Aquilo estava acabando comigo.

Tomei um banho rápido e me joguei na cama. Adormeci mais rápido do que eu esperava.

Sonhei que estava sentada em uma poltrona. Olhava, por uma enorme janela de vidro, uma tempestade que caia forte do lado de fora. Os pingos chocavam-se contra as águas revoltas de um mar e eu sabia que estava em alguma casa na praia. Era rustica, de madeira, e a lareira estalava com um fogo acolhedor. Era um ambiente gostoso de se estar.

Reparei que eu não estava vestida, apenas estava envolta em uma colcha vinho que me aquecia. Não entendi de imediato o porquê estava assim até que o vi. Victor veio da cozinha, completamente nu, e me entregou um copo de vidro. Havia sangue nele. Sorri agradecida e bebi todo o líquido antes que pudesse colocar o copo na mesinha, ao meu lado, e voltar a olhar para fora.

Meus pensamentos se perderam outra vez, mas logo voltei a mim quando senti os lábios dele percorrendo meu pescoço. Não eram mais gelados, mas continuavam a arrepiar minha pele. Fechei os olhos quando sua mão correu para dentro da colcha e tocou um de meus seios. Foi involuntário um gemido baixo saindo de minha boca, até que abri os olhos. Estavam negros, completamente. Vi o reflexo deles pela janela e me desesperei.

Virei para Victor e paralisei. Não era ele. Era Arthur.

Os olhos negros me encararam antes que ele pudesse tomar meus lábios em um beijo forte e intenso. O empurrei com força, quando percebi para onde aquilo iria, e me levantei. Ele segurou a colcha e não me permitiu leva-la. Deixando meu corpo exposto diante de seus olhos.

Arthur levantou-se e começou a caminhar em minha direção outra vez, mas eu corri. Ele me alcançou e me derrubou no chão, subindo em cima de mim. Segurou meus punhos acima da minha cabeça e beijou minha boca outra vez. Com a mão que ficou solta, ele segurou uma de minhas pernas, se colocando entre elas. Senti seu corpo pesado sobre o meu antes que eu pudesse acordar desesperada.

Me arrependi no instante em que meus olhos se encontraram com os dele. Negros e me encarando de uma forma fria e analítica. Me examinava de um jeito que me fez arrepiar. Arthur estava em meu quarto.

— Olá Alice — falou com um sorriso aberto. Me encolhi na cama quando ele tentou tocar em mim. Deus, eu estava desesperada. O sol do lado de fora impediria qualquer um de chegar e qualquer marcado que se aproximasse, estaria morto antes que pudesse me ajudar. — Eu só quero conversar — a voz era grossa e rude, mesmo que ele falasse quase como um sussurro.

— Eu não tenho nada para falar com você — respondi me embolando nas palavras. Como eu queria que Victor estivesse ali, comigo. Ele me protegeria, certamente.

— Vejo que meu irmão já tratou de te contar a versão dele, dos fatos — Arthur levantou-se, caminhando até a minha janela e me deu as costas. Retirei o lençol de cima de mim, devagar, e pensei como faria para correr para longe dele. Antes que eu pudesse mover mais algum musculo, Arthur estava em cima de mim, prendendo minhas mãos tal qual no sonho. — Não acredite em tudo o que ele falou. A maioria é mentira — ele aproximou-se de meu pescoço e respirou profundamente. — Deus, como eu senti falta de seu cheiro — ele abaixou, passando a língua em meu pescoço, até que mordeu minha pele, cravando seus dentes em mim. Sugando meu sangue. — E de seu gosto — ele me encarou por um segundo, antes de fazer o mesmo que Victor. Mordeu o polegar e passou seu sangue nos furos de sua mordida. Os lábios, ainda mais vermelhos, abriram-se em um sorriso e as presas duplas meladas, mostraram-se perfeitas. Os olhos negros me miraram e eu amoleci. Não era mais dona de mim. — Você vai voltar a dormir, Alice. Vai sentir um sono profundo e vai se deixar levar por ele. Quando acordar, tudo estará bem — falou sem desviar os olhos de mim. Senti minhas pálpebras pesarem, contra a minha vontade, e fechei os olhos novamente. Dormi no segundo seguinte.

"Eu te avisei. Deveria ter aceitado quando Victor propôs. E agora? Você é fraca. O que vai fazer, Alice? Você é uma simples nada. O que vai fazer?"

A voz gritou em meu ouvido, antes que meus sentidos fossem retornando muito devagar. Antes que eu pudesse sentir a pele de meu braço arrepiada por causa do frio.

O lugar onde eu estava era úmido e as gotas de água, pingando uma após a outra, me fizeram tremer ainda mais. Abri os olhos e não acreditei. Eu não estava mais em meu apartamento. Estava em uma espécie de cela, onde o chão e as paredes eram acolchoadas. Parecia os quartos de um hospital psiquiátrico. As gotas escorriam de um encanamento, no teto, e pingavam no mesmo lugar do chão, onde já havia um buraco no acolchoado.

Me levantei, mas senti tudo girar. Eu via tudo em dobro e mal conseguia me manter focada em algo. Eu havia sido drogada, tinha a certeza disso. Segui apoiando-me nas paredes até chegar a uma abertura engradeada na porta.

— Ajuda — gritei, mas a voz não parecia querer sair. — Me tirem daqui.

— Cala a boca, novata — falou um homem aparecendo na janela da cela de frente para a minha. — Gritar só os deixam mais nervosos. Acalme-se.

— Onde eu estou?

— Essa é a pergunta de um milhão de dólares — respondeu ele. — Ninguém aqui sabe — saiu da janela e eu me afastei também. Olhei o lugar e não havia nada que me dissesse onde eu estaria. Voltei para a cama e me sentei, até que a porta da frente se abriu e ele entrou por ela. Trazia uma bandeja com comida para mim.

— Espero que você goste de tudo. Foi o melhor que consegui arranjar — aproximou-se e me entregou as coisas. Ficando diante de mim e me olhando fixamente.

— O que está havendo? — perguntei e ele engoliu secamente.

— Você precisa comer — ele forçou a bandeja contra mim.

— Eu não entendo. Você disse que... — antes que eu pudesse concluir o que pensei, Andrei tapou minha boca com velocidade. Os olhos azuis, me encarando de uma forma quase assustada, desviou rapidamente na direção da porta e eu vi a sombra de um homem, no corredor. Eu quase o entreguei. Levantou o prato, o suficiente apenas para que eu visse o bilhete embaixo dele.

— Coma — mandou uma segunda vez e se afastou, caminhando até a porta e fechando-a em seguida. Coloquei a bandeja na cama e corri até a porta, ainda conseguindo vê-lo se afastar. Com ele estavam dois vampiros.

Examinei o corredor a minha frente e quando finalmente percebi que ninguém mais viria, corri de volta até a cama. Peguei o bilhete embaixo do prato e comecei a lê-lo.

"Mãe, desculpe. Eu não fiquei sabendo do que aconteceria de modo que não consegui evitar. Eu só ouvi os boatos hoje pela manhã e tratei logo de ficar sabendo o que era, foi então que o pai me contou sobre você. Eu sinto muito. Não se preocupe, eu já pensei em um jeito de te tirar daqui, basta apenas que confie em mim. A senhora confia?"

Amassei o bilhete e pensei em escondê-lo, mas e se alguém o achasse? Descobririam que havia sido Andrei a me ajudar a fugir. Dessa forma, coloquei o papel na boca e engoli, com a ajuda do suco que ele havia me trazido. Assim que terminei o líquido, a porta do lugar se abriu novamente. Me assustei.

Arthur entrou por ela. Idêntico a Victor, em todos os detalhes. Empurrei a bandeja para o lado e me encolhi no canto da cama.

— Não precisa ter medo. Não vou lhe machucar — respondeu dando a ordem para que os homens, que ficaram do lado de fora, fechassem a porta. Aproximou-se e sentou na cama, comendo um dos biscoitos que Andrei me trouxe. — Isso está fabuloso. Adoro chocolate.

— O que você quer de mim, Arthur? — perguntei.

— Te contar o meu lado da história. Eu preciso que você entenda que nem tudo o que Victor contou é a verdade. Ele é o vilão, não eu.

— Victor não me trancou e um lugar como esse. Você sim — respondi e ele sorriu.

— Eu tinha que te manter afastada de todos, para que pudéssemos conversar. Eu sabia que você não me daria o presente da dúvida e que, no momento em que eu saísse, correria para a mansão. Eu não podia permitir. Sinto muito.

— Me deixa ir, por favor — pedi já com os olhos encharcados. Arthur se aproximou e eu me encolhi ainda mais. Eu tinha pavor intenso dele. Seus dedos gelados tocaram minhas bochechas e enxugaram minhas lágrimas.

— Eu imploro que não chore. Não suporto te ver assim.

— Eu quero ir para casa.

— Você não vai! — ele gritou e depois respirou fundo. Parecia que tentava retomar o controle perdido. Voltou a falar tão baixo quanto eu era capaz de escutar. — Não vou deixar que corra para os braços de Victor outra vez. Não agora — ele aproximou-se de mim e segurou os lados da minha cabeça. Eu estava desesperada e queria correr para longe dele, empurrá-lo para que se afastasse, mas então não havia mais desespero. Só uma moleza forte e o gosto dos lábios dele nos meus. Me beijava de uma forma terna, mas era desesperada. Como aqueles casais que passavam um tempo longe e, ao se encontrarem, precisavam a qualquer custo apagar a distância. Era assim que Arthur agia. Parou de me beijar e manteve os olhos fechados por um tempo, apenas revivendo a sensação de meus lábios no dele, e então me olhou. Lá estavam os olhos negros outra vez. O desespero recomeçou forte e ele permanecia com o olhar fixo em mim. — Volte a dormir.

Novamente senti o meu corpo amolecer e antes que eu pudesse perceber, já estava encolhida na cama outra vez e a mente divagava no mundo dos sonhos.

Acordei com o barulho da porta, ao ser fechada. Havia dormido só Deus sabe por quanto tempo e cronometrá-lo, de dentro daquele lugar, era praticamente impossível. Eu não sabia se era dia ou noite lá fora. Eu não sabia por quanto tempo já estava ali e não sabia o que estava acontecendo. Eu só sabia que queria estar o mais longe possível. Abri os olhos e lá estava ele. Os olhos negros me miraram rapidamente antes que eu pudesse me recuperar do choque.

— Olá, Alice — o homem colocou a bandeja de comida ao meu lado e se abaixou na minha frente. — Tem pasta de amendoim no sanduiche. Eu sei que você gosta — eu não conseguia acreditar. Na verdade, eu sabia, mas não queria acreditar.

— Will.

— Está tudo bem — ele sorriu e se levantou para dar um beijo em minha testa, mas eu me afastei.

— Desde quando?

— Dois anos depois que você engravidou. Logo depois que eu fui embora de Baltimore — ele passou a mão em meus cabelos. — Eles acharam que você confiaria melhor em alguém que já conheceu. Só não esperavam que você me odiasse tanto. Deveriam ter escolhido uma pessoa melhor, não acha?

— Eu sinto muito — os meus olhos marejaram. — Eu sinto muito.

— Não — ele me mandou parar. — Não é ruim. Na verdade, é ótimo. Talvez eu não suportasse ser um comum, mas ser um modificado é uma benção. É como ser um humano normal, Alice. Apenas precisamos de sangue, vez ou outra. Somos mais fortes, mas rápidos e mais persuasivos.

— Não foi a Merci que me fez te beijar. Foi você. Eu fui hipnotizada por você.

— Eu precisei e eu não minto quando digo que ainda te amo, mas agora é impossível. Você pertence a Arthur — ele me olhou tristemente. — Quando o sol for embora, amanhã, você será uma de nós. Vai entender o que eu estou dizendo.

— Não — pedi segurando-o pela camisa. — Me tira daqui. Eu imploro. Não deixa eles me transformarem. Eu imploro.

— Não se preocupe, vai acabar rápido — William me deu um beijo na testa e se afastou. Eu corri até a porta, mas ele já havia fechado.

— Eu te odeio, William. Eu te odeio — gritei pela grade e o vi se afastar. Me virei para olhar a minha cela e, na raiva, arremessei a bandeja longe. Derrubando comida pelo chão. Sentei na cama e me encolhi por algumas horas. Chorava descontroladamente. Eu só queria Victor comigo. Eu entrei em uma crise ao pensar nele. A essa altura já sabia que eu estava com os modificados. Eu sentia o seu desespero e eu ficava ainda mais assustada quando eu pensava nisso. Victor era louco o suficiente para fazer uma invasão ao clã dos modificados. Eu morreria se acontecesse alguma coisa a ele.

Eu precisava fugir dali, mas Andrei não havia voltado desde a última vez. Imaginei mil e uma coisas até que ouvi o som de alguém gritando. Corri para a minha grade e vi na hora que alguns modificados arrastaram uma mulher, de uma cela mais distante, e a levaram por uma escada escura. Ela implorava para que a largassem e gritava desesperada.

— Essa já era — comunicou o homem que havia falado comigo quando cheguei. — Não sei se percebeu, mas eles são vampiros. Eu já vi as presas.

— O que acontece?

— Das duas uma: ou eles te devoram ou eles te transformam — ele segurou na barra da porta. — Um dos soldados, que agora cuida dessa ala, já esteve aqui comigo. Era meu parceiro de cela antes que o levassem. Agora anda por ai como se fosse um Deus. Eles o transformaram e acredite, é um destino melhor. Prefiro ser um vampiro a ser comida — ele olhou para o lado. — Aí vem um deles — o homem saiu da sua janela e eu me afastei, sentando na cama. A porta se abriu e Andrei entrou por ela.

— Me mandaram recolher sua bandeja — ele entrou e eu olhei para as coisas caídas no chão. — Que desperdício — os olhos azuis me miraram e eu apenas mexi meus lábios.

— "Eu confio em você" — ele sorriu abertamente antes que pudesse esconder um papel, dentro do chão acolchoado. Através do furo que os pingos no teto haviam feito. Não percebi que eles haviam parado. Ele levantou-se e olhou para fora rapidamente, antes que pudesse me dar às costas e sair. Esperei que eu estivesse sozinha novamente e me ajoelhei ali. Peguei o papel e li.

"Hoje a noite iremos embora. Agora são quatorze horas, então prepare-se que logo eu retorno. Me preocupei em colocar uma mistura de alho e papoula nesse frasco. Coloque entre seus seios. Faça isso para que ninguém consiga entrar em sua mente, mas afirmo que Arthur vai tentar te controlar. Faça o que ele mandar, mesmo contra a sua vontade. Não podemos correr o risco de que ele descubra o que estamos tramando. Por favor. Eu amo você, mãe, e não vou te abandonar nunca."

Peguei o pequeno frasco e o olhei. Era transparente e podia-se notar o pó preto, mesclando-se com uma mistura branca. Imediatamente coloquei entre os seios e engoli o papel novamente. Dessa vez não havia nada para empurrar para baixo, mas eu consegui com muito esforço. Sentei na cama e aguardei. Dessa vez me preocupei em contar o tempo. A cada hora passada, eu rasgava um pedaço da espuma da cama. Assim não me perderia e saberia quando a noite chegasse.

Haviam três pedaços de espuma no chão quando Arthur entrou na cela outra vez. Sorriu ao me ver e aproximou-se. Eu me encolhi na cama outra vez.

— Até quando vai ter medo de mim?

— Até você me provar que não é mal e me tirar daqui.

— Você vai sair daqui, amanhã a noite — ele passou a mão em meu rosto. — Será minha pela eternidade.

— Por favor, não — pedi e ele colocou os dedos gélidos em meus lábios. Alisava-os devagar.

— Eu não posso te perder outra vez. Victor não vai te roubar de mim de novo.

— Eu não amo você, Arthur. Por favor, me deixa ir. Esquece isso.

— Jamais — ele aproximou-se ainda mais de mim. — Victor sempre teve tudo o que quis e eu sempre tive que me fingir de morto, mas agora eu tenho o que ele quer e você me amará — os olhos tornaram-se negros e eu sabia que tudo o que ele dissesse a partir dali teria que ser uma ordem. — Me beije, Alice, da mesma forma que beija a Victor — esvaziei completamente minha mente e fiz o que ele mandou. Eu queria que acabasse logo e quanto mais rápido eu obedecesse, mais rápido ele me deixaria. Tomei os lábios dele de uma forma rápida e quase desesperada. Imaginava que beijava o meu vampiro e a aparência dele me ajudou a acreditar ainda mais naquilo, mas acabei entrando em completo desespero quando Arthur me pegou pela cintura e me forçou a deitar, se colocando em cima de mim. Eu tinha que pensar em uma forma de parar aquilo, sem que ele percebesse que eu não estava sendo controlada.

Antes que eu pudesse tomar qualquer atitude, alguém abriu a porta da cela.

— Senhor — falou o modificado.

— Diga, Thomas — Arthur parou de me beijar e encarou o rapaz com a raiva estampada em seu rosto.

— Estão solicitando sua presença na recepção — ele informou. — É um dos distribuidores.

— Diga-lhe que já vou — respondeu e voltou a me olhar. — Eu volto em breve, está bem? — Assenti com a cabeça antes que ele pudesse me beijar outra vez. Saiu de cima de mim e se afastou. Eu não ia aguentar que ele viesse novamente. Não iria me entregar a Arthur. Eu tinha que achar uma forma de sair. Ele me deixou sozinha por alguns minutos e, quando menos esperei, a porta da cela abriu-se.

Fiquei na expectativa que outro vampiro entrasse por ela, talvez William ou Andrei, mas ela simplesmente abriu-se. Espreitei o corredor e não havia ninguém, nenhum deles. Corri por ali, até as escadas escuras antes que o modificado, que havia acabado de chamar Arthur, tocasse em meu braço. Trancou minha boca, impedindo um grito.

— Eu estou com seu filho nessa. Apenas me siga — assenti e comecei a correr com ele. Quando dei por mim, estávamos em outro corredor e eu me vi sozinha. Haviam dois modificados e eu procurei pelo vampiro, mas ele havia desaparecido. Pensei em sair correndo, mas eles já estavam em minha frente.

— Não tão rápido, boneca — respondeu o mais baixo, antes que arregalasse os olhos e tombasse para o lado. Andrei enfiou uma adaga pequena, de prata, no coração do modificado e esse caiu morto no chão. O outro nem teve tempo de agir, porque também já tinha uma faca enfiada em si, pelo modificado que havia desaparecido.

— Venha mãe, rápido, antes que nos peguem — andrei me segurou pela mão e voltamos a correr até fora do lugar. Era um hotel cinco estrelas, completamente luxuoso, e que eu já havia ouvido falar muito bem. Quem diria que no porão havia algo daquela forma?

Corremos até os fundos, onde uma mulher aguardava no volante de um carro. Entramos os três e ela arrastou. Deixando aquele lugar para trás.

— Sabe que Arthur vai nos matar por isso. Não sabem? — reclamou a mulher.

— Calma, Lina — Andrei sorriu. — Não vamos mais voltar. Já conversei com Victor. Teremos abrigo.

— Que ridículo. Três modificados no meio de um bando de comuns. Isso vai dar problema, Andrei.

— Claro que não vai, meu amor — o outro homem beijou o pescoço dela. — Está tudo bem. Victor nos deve, pela vida da humana.

— Prometa-me que vai ficar tudo bem, Thomas.

— Eu prometo — respondeu ele. Olhei para Andrei e ele sorriu abertamente, enquanto me entregava um casaco azul para vestir. Só então reparei que usava uma camisola fina e curta. O puxei para um abraço apertado e ele retribuiu.

— Obrigada — a minha voz saiu abafada.

— Eu falei que te protegeria, mãe. Não importa em qual vida, mas eu sempre vou cumprir.

O carro parou em frente a mansão e descemos os quatro apressadamente. Andrei me olhou apreensivo, mas eu pedi que me deixassem ir à frente. Nunca haviam estado no clã dos comuns antes e aquilo os aterrorizava.

Abri a porta rapidamente e todos os olhos do lugar, voltaram-se para a gente. Imediatamente eles se tornaram claros, quase brancos. Virei para três atrás de mim e o mais profundo negro tomavam os seus. Era automático. Eles se reconheciam.

— Acho melhor a gente ir embora, Andrei — falou Lina.

— Ninguém vai a lugarnenhum — Victor apareceu intimidando cada um dos que estavam ali. — Todos seacalmem. Eles são aliados e amigos — meu coração pareceu que quebraria minhascostelas a qualquer momento. Tudo ao redor de mim desapareceu. Deus, como eusenti falta dele. Antes que eu pudesse perceber, eu corri em sua direção e mejoguei em seus braços. Ele me apertou com força, me acomodando em seupeito. — Desculpe-me, Alice. Eu imploro o seu perdão — ele segurou meurosto. Eu o puxei para mais perto e beijei-lhe os lábios. Eu estava desesperadae só queria ficar ali para sempre. Victor me acalmava e o sentir daquela forma,apenas me fazia ter certeza de uma coisa: Eu o queria e nada mais iria impedirisso. 

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