Perdoe-me Por Dizer Adeus

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Na mesma noite, Victor me levou até a sala do conselho. Paramos de frente para uma enorme porta na cor mogno, com detalhes que aparentemente pareciam ter sido esculpidos a mão. Empurrou a porta com força e me guiou para dentro do lugar. Era, simplesmente, magnífico.

Parecia uma sala de reunião, com uma enorme mesa no centro e várias cadeiras ao redor. Havia quadros que cobriam metade das paredes e pude perceber, mesmo não tendo muita noção, que eram peças verdadeiras de arte. Em cima da mesa, haviam vários papeis e alguns computadores portáteis, para que houvesse conferencia entre o conselho principal e as filiais. Simplesmente, a evolução chegou também ao nosso mundo.

Todos que faziam parte estavam ali. Além deles, Susan, que seguia uma sessão de hipnotismo com Ethan, para tentar descobrir quem foi que a transformou.

— Alguma coisa? — Perguntou Victor quando nos aproximamos. Indicou uma cadeira e tomou o assento ao lado do meu. Não o da cabeceira, como era de costume. Os outros estranharam aquela atitude.

— Sim — respondeu Amira. Os cabelos loiros estavam completamente soltos e ondulados. Já a havia visto daquela forma, mas estava ainda mais bonita. — Descobrimos que foi uma mulher, mas estava encapuzada. Não foi possível ver o rosto.

— Isso explica porque ouvi uma voz feminina em minha cabeça, me mandando atacar a Alice — Susan virou-se para mim e fez uma cara de culpada. Pisquei um olho para ela.

— Conseguiram identificar a quem pertence a voz? Alguém conhecido? — continuou Victor a perguntar. Segurou minha mão por baixo da mesa.

— Não senhor. Não consigo saber de quem é, mas não me é estranha — respondeu Ethan. Havia se levantado, quando entramos e permanecia encostado em uma das vigas da parede, ao lado de Tom.

— Continue tentando descobrir, meu amigo, é muito importante para chegarmos ao traidor. Por falar nisso, algum suspeito?

— Negativo — respondeu Sean. Estava sentado de frente para mim. Usava um terno cinza e por baixo uma camisa branca. Os cabelos estavam mais arrepiados. Haviam sido recém cortados. — Estou de olho em todo mundo, mas até agora nada fora do normal — o conselho inteiro se calou. Até que o silêncio foi rompido por ele, outra vez. — Como você está, minha senhora?

— Bem, eu acho — respondi forçando um sorriso. — Um pouco angustiada com a minha "morte", mas bem. Não sei onde estava com a cabeça para concordar com isso. — Encostei na parte acolchoada da cadeira.

— É necessário — falou Tricia. Até o momento estava calada. Usava um vestido branco, feito em tecidos finos e mangas esvoaçantes. Caiu perfeitamente em seu corpo esbelto.

— Preciso ver minha família.

— Sem chances — concluiu Amira.

— Por favor, eu imploro.

— Vou precisar que você preste atenção — Victor puxou sua a cadeira e me virou para que ficasse de frente para ele. — Não sou eu que estou dizendo que não pode e nem os outros. É toda a experiência que adquirimos ao longo dos séculos. Tente entender isso: Não posso permitir.

— É a minha família. Preciso dizer adeus — sussurrei, embora quisesse gritar. As emoções continuavam confusas, tinha que aprender a controlá-las.

— Você vai acabar matando todos, Alice — retrucou de uma forma calma, mas senti a tensão em suas palavras. — Lembra-se do que ocorreu com o homem, na sala de doação? Vai ser pior do que aquilo, pode apostar.

— Susan conseguiu ficar em minha presença quando tinha pouco mais de uma semana de transformada. Também consigo — olhei para a morena encostada na parede, ao lado da porta. — Me ajuda.

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