Lago, Floresta e Culpa: Combinação Perfeita - Parte Dois

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Durante três semanas esse foi meu martírio. Acreditar que nada daquilo realmente havia acontecido e que Victor apenas estava ocupado demais para aparecer. Que não tinha sido um adeus definitivo, afinal a eternidade dele não girava entorno da minha vida.

Eu sabia que ele era o mestre de todos os outros, o primeiro. Tinha suas obrigações para com o seu clã e, ainda por cima, uma guerra era eminente. Tricia havia me dito que estava para acontecer. Imaginei que o ataque a Victor havia sido o estopim para aquilo.

Depois de uma semana, retornamos à cidade e voltei a trabalhar. Minha mãe retornou ao trabalho, quando as férias acabaram, mas teve de se ausentar por causa da doença. Passamos por tudo aquilo novamente: sessões de quimioterapia, radioterapia e mal-estar. Perdi noites acordada com ela, consolando-a e cuidando-a. Steve foi muito generoso e sempre que eu precisava, ele me liberava por alguns dias para que eu ficasse a inteira disposição de minha mãe. Depois de dois anos de tratamento, ela melhorou. Foi necessário fazer a retirada do segundo ovário e do útero também, mas ficou boa.

Eu estava feliz, por ela ter conseguido vencer novamente, mas estava triste, ao mesmo tempo. Havia se passado anos e Victor não voltou.

Acabei descobrindo que não havia guerra, justamente quando fui a mansão. Tricia me disse que, pela primeira vez em séculos, os modificados se calaram, embora as mortes só aumentassem. Eu via isso todos os dias no hospital: Pessoas com perda de sangue significativa e artérias dilaceradas. Sem contar dois casos de que o coração explodia na caixa torácica. Aquilo estava virando um pandemônio.

Ela me disse também que Victor havia deixado a mansão e Sean estava no comando. Ele não disse a ninguém para onde ia e apenas se comunicava, com o seu fiel amigo, para dizer que estava bem.

Por conta disso, se havia algum deles que tinha uma estima por mim, essa havia acabado. Os únicos que me tratavam bem era aqueles que foram postos para me vigiar. Fazer a minha segurança e a da minha família. Isso sem contar aqueles que eu conheci mais a fundo: Tricia, Sean, Ethan e Susan. Amira e Tom se mostravam indiferente a minha presença e o restante me repudiavam.

O mestre deles os havia abandonado e, por isso, muitos dos vampiros passaram a me odiar. Diziam que a culpa era minha e advertiram a Sean que se eu voltasse a mansão, eu não sairia viva. Ele me fez prometer não voltar e eu assim o fiz.

Quando completou três anos, desde aquele dia no lago, eles desapareceram. Todos eles. A mansão ficou vazia e não havia mais ninguém. Recebi uma ligação de Sean, dizendo que não tinha com o que me preocupar, que eles fizeram um acordo com os modificados e eu estaria segura, assim como todos que eu amava. Que eles precisaram se mudar, devido ao tempo que a mansão já estava ali e havia chamado atenção de alguns caçadores. Que estavam em outra cidade.

Aquilo não ajudou em nada. Eu apenas tive a confirmação de que Victor não voltaria mais.

Com isso, eu segui em frente e mais um ano se passou. Resolvi mudar tudo em mim e ao redor de mim. Comprei um apartamento, no centro de Baltimore, que era confortável e bem próximo do hospital. Minha mãe exigiu isso de mim. Dizia que eu já era uma mulher que precisava de uma casa só minha, já tinha mais de trinta anos e que não tinha uma vida própria. Ela praticamente me expulsou de casa.

Troquei o meu guarda-roupa inteiro e queimei todas as roupas antigas. Não queria nada que me lembrasse do passado. Nada que me lembrasse do meu vampiro.

Cortei o cabelo, na altura do pescoço, entrei em aula de defesa pessoal e conheci um homem que havia se tornado bastante presente em minha vida. O nome era Christopher e ele era um cirurgião que havia sido transferido para o hospital onde eu trabalhava.

ImortalWhere stories live. Discover now