O Baile de Máscaras - Parte Um

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Meu corpo relaxava sobre os lençóis de seda daquele quarto. Eu estava exausta, mas não poderia reclamar. Eu tive Victor outra vez e aquela era a melhor coisa do mundo. Os braços dele estavam em volta da minha cintura, enquanto eu sentia seu peito gelado em contato com minhas costas. Todos os pelos de meu corpo estavam arrepiados enquanto a respiração serena tocava minha nuca. Não precisava respirar, mas dizia que aquilo dava um aspecto mais humano a ele. Eu agradecia por isso.

Por causa de suas obrigações, ele foi obrigado a me deixar por três meses e aquilo foi a pior experiência para mim. Nem mesmo os quatro anos que ele ficou longe conseguiram superar a falta que ele fez dessa vez, mas ainda assim, acabei me sentindo culpada por tê-lo feito voltar. De alguma forma eu deveria ter previsto que Arthur se aproveitaria dessa brecha dada e isso me fez pensar. Como ele sabia que Victor estava fora? Haveria um informante no meio do clã, tal qual havia no meio dos modificados?

Abri meus olhos quando pensei naquilo, um segundo antes de receber um beijo no pescoço. Estiquei minhas mãos para que tocasse em seus cabelos e não o deixasse se afastar de mim. Victor seguiu beijando até minha orelha, onde mordeu devagar.

— A sua mente não para? — me perguntou em um sussurro.

— Não mais — respondi ainda de costas para ele. Suas mãos apertaram meu corpo, me puxando para mais perto. Diminuindo a distância entre nós. Fazendo com que eu me aproximasse ainda mais dele. Consegui senti-lo em sua totalidade. — Que horas são? — Victor afastou-se rapidamente e depois voltou-se outra vez.

— Quatorze horas e vinte e dois minutos — me respondeu roçando os caninos em minha pele.

— Aqui parece noite — sorri quando ele me virou para encará-lo. Lá estavam os olhos claros que eu aprendi a amar.

— A mansão é completamente selada. Durante o dia, nenhum raio de sol penetra essas paredes — ele sorriu e os olhos tornaram-se da cor verde outra vez.

— Você a construiu? — alisei os lábios de Victor com a ponta de meus dedos. Ele fechou os olhos, apreciando o carinho.

— Não — respondeu fingindo que morderia meu dedo. Fechei minha mão rapidamente e Victor me segurou pela cintura, pondo-se por cima de mim. Alisou meu rosto e meus cabelos, com uma das mãos. — Quando eu cheguei nos Estados Unidos, ela já existia. Um modificado a construiu — franzi o cenho. Eu estava confusa.

— Porque um modificado, que tolera o sol, construiria uma mansão com proteção UV? — Victor sorriu.

— Porque ele não construiu para ele.

— Como assim?

— É uma história. Dizem que um modificado foi de encontro a todo o seu clã e se apaixonou por uma comum. Eles fugiram para cá, para tentar viver o romance deles, mas foram perseguidos. A comum sobreviveu, o modificado foi morto.

— Que história triste — respondi. — Porque lhes foi privado de amar? Por causa de uma rincha boba entre dois clãs? Que ridículo. — Eu ainda sentia o peso de Victor sobre mim, mas não incomodava. Eu gostava de tê-lo ali.

— É complicado o relacionamento dessa forma. Os clãs têm medo do que pode vir a nascer dessa união. Amira deu sorte, porque Annie nasceu uma comum, mas e se não fosse esse o caso?

— Espera. Quem? — perguntei.

— A comum da história é a Amira. Ela se apaixonou por um dos principais do clã dos modificados e ele abandonou tudo para viver com ela. Vieram da França para a América e, depois que se instalaram, Amira engravidou.

— Ele construiu a mansão para ela e para a filha — eu concluí o obvio.

— Ele não chegou a conhecer a filha.

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