-Vamos logo, Alice. - Eu falei impaciente sentada encarando a TV ligada, Nathan que estava deitado ao meu lado com os pés no encosto do sofá riu. - Não tem graça. Sua mulher é um horror para sair.
-Você vai sentir falta dela que eu sei. - Ele respondeu e eu sorri. Voltarei pro Canadá amanhã de noite, e hoje era meio que uma despedida.
-Claro que vou. - Concordei e ele suspirou me encarando. - O que foi? O que você está escondendo? - Perguntei, eu reconhecia quando alguém queria me contar algo e era exatamente isso que ele queria fazer.
-Estou pensando em levá-la para lá no aniversário dela. - Ele falou baixo para que ela não escutasse. - Vai eu, ela e Guilherme.
-Que ótimo, o que eu tenho que fazer?
-Você poderia perguntar pra algum amigo ou amiga se a gente poderia ficar na casa dele ou dela. - Ele levantou os ombros e eu suspirei, não arrumei muitos amigos e as pessoas mais próximas a mim, tenho certeza que não podem ficar com os três.
-Por quê não paga um quarto de hotel? - Ele fez uma careta e me olhou como se fosse óbvia a resposta, o que não era.
-Você enfiou essa festa do Guilherme na cabeça de Alice, e isso tá levando mais da metade do meu dinheiro. - Ele reclamou e eu comecei a rir, eu planejava todas as festas do Guilherme e sempre tentava fazer de uma forma que ficasse mais barata para não gastar muito, só que dessa vez não sou eu que estou cuidando de tudo e Alice não tem paciência para pesquisar preço.
-Vou ver o que posso fazer por você, cunhadinho. - Ele riu e me deu um chute no braço, levei minha mão até a canela dele e puxei o pêlo da perna dele.
-Filha da puta. - Ele resmungou me fazendo dar um sorriso irônico.
-Estou pronta. - Alice apareceu com um body preto decotado de alça fina, um short jeans desfiado, um salto preto, amarrou uma jaqueta de couro na cintura - como se fosse sentir frio no meio de todo mundo - e carregava uma bolsa também preta. O cabelo dela estava preso em um coque deixando alguns fios soltos, e a sombra preta marcava os olhos assim como o batom vermelho marcava os lábios.
-Acho que perdemos meu vôo. - Comentei irônica recebendo como resposta o dedo do meio levantado.
-Olha lá o que vocês vocês vão aprontar. - Nathan resmungou ficando de pé e beijando a mulher. - Eu te amo, mas se me der dois pares de chifres eu te largo.
-Acho que vou ter que te arrumar um homem Alice, só assim para você se livrar desse encosto. - Ele me beslicou e eu remunguei. - Filho da puta.
-Chega vocês dois. - Ela se virou para Nathan. - Não vou voltar muito tarde, qualquer coisa me liga. O remédio do Guilherme está em cima da mesa da cozinha e está anotado na caixa que horas é para dar e a quantidade certa, não esquece! - Ele assentiu e isso não pareceu convencer minha melhor amiga.
-Eu vou cuidar bem do nosso filho, relaxa. - Ele murmurou vendo que ela não tinha relaxado. - Se divertem, eu amo vocês. - Ele me deu um beijo no rosto e saímos de casa.
Quando chegamos na frente da casa da minha melhor amiga o carro branco de Nathália estava estacionado do outro lado da rua. Entrei no carro ficando no banco do carona da frente e Alice ficou atrás com Ana Beatriz, a irmã dela mais nova.
-Nossa, pensamos que não viriam mais. - Ana resmungou, Nathália deu partida com o carro e Alice olhou para a irmã com o cenho franzido.
-O que tu tá fazendo aqui? - Ela perguntou e eu revirei os olhos pensando que a briga já iria começar. - Tu só tem 15 anos!
-Relaxa Alice, eu não vou para boate com vocês. - Me virei para trás e a observei, ela estava com um short jeans cós alto, uma blusa cropped, uma jaqueta jeans e um tênis.
-Vai para onde, garota? - Perguntei vendo ela revirar os olhos.
-Vou ficar na casa de uma amiga. - Ela deu de ombros.
-Ah, encontrei ela na rua, perguntei onde ela estava indo e como é caminho, ofereci carona. - Nathália se pronunciou pela primeira vez. - E fala sério, vocês demoraram muito.
-Atraso devia se chamar Alice, ou Alice devia se chamar atraso. - Eu remunguei voltando a virar para frente e coloquei o cinto porque a noção de que eu estava sem bateu na minha porta.
-Eu não sei se vocês sabem, mas eu tenho um filho que está doente. - Ela se defendeu e eu revirei os olhos, realmente Guilherme estava resfriado e Alice nem queria sair do lado dele.
-Eu sei que ele está doente, mas você é exagerada. - Peguei meu celular e fui mandar mensagem para o Shawn avisando que voltaria no dia seguinte.
Kayra: Heyy, baby
Kayra: Amanhã estou voltando para o Canadá <3
Ele estava online e depois de alguns segundos me respondeu.
Shawn: Estou em Paris, amanhã eu vou para a Califórnia e só volto na próxima semana.
Kayra: Pensei que ia ficar em Toronto até amanhã
Shawn: Sim, mas fui chamado para dar uma entrevista em uma rádio.
Shawn: Volto na próxima sexta e passaremos o final de semana inteiro juntos, prometo.
Kayra: Isso parece ótimo.
As meninas estavam conversando entre elas e eu conversando com o Shawn pelo celular. Resolvi mandar mensagem para Aaliyah.
Kayra: Heyy, Liyah
Kayra: Eu volto amanhã de noite, que tal fazermos algo juntas depois de amanhã??? Sua mãe também está convidada!
Voltei para a minha conversa com Shawn, e ele tinha mandado uma foto da torre Eiffel.
Kayra: Você adora uma torre, né?!
Kayra: Devo me preocupar?
Shawn: Mais bonita que elas, só você. Então, não. Não precisa se preocupar.
Kayra: Sempre que você vai para Paris fica romântico, será que é o clima da cidade do amor!?
Kayra: Semana passada você estava aí desejando que eu estivesse junto, e agora isso.
Shawn: Quem disse que eu não te quero aqui?!
Shawn: E eu sou romântico, você que não é! Vou te amarrar aqui para ver se a cidade resolve isso pra mim.
Kayra: Hahaha para de graça, eu sei se romântica quando eu quero.
Shawn: Espero que a gente fique juntos por muito tempo para eu poder ver esse lado romântico.
Kayra: Então quer dizer que você só quer ficar comigo para ver meu lado romântico? Bom saber, Mendes
Shawn: Na verdade, eu quero ver todos os seus lados (emoji da lua)
Shawn: E ficar contigo não seria um sacrifício, mesmo que eu tenha que aturar esse tal de Philipe atrás de você.
Kayra: Sério, Mendes? Ciúmes? E eu que vou levar hate de milhares de meninas só por você estar apaixonado por mim?!
Shawn: Ahh, então você não pretende ficar comigo as escondidas?!
Kayra: Não começa, por favor.
Shawn: Sem problemas.
Suspirei olhando para o lado de fora do carro, eu sabia que Shawn gosta da privacidade mas o fato de eu estar sempre insistindo para que a nossa relação não seja divulgada faz ele se sentir mal por achar que to com vergonha dele o que é uma total maluquice já que ninguém em sã consciência sentiria vergonha de namorar Shawn Mendes.
Kayra: Estou saindo com as meninas para um tipo de despedida, nos falamos depois.
Kayra: E fica tranquilo, eu gosto de você e gostaria de dizer isso pro mundo inteiro, se possível <3
Shawn: Fico feliz por isso, quando chegar me avisa não importa o horário!!
Guardei o celular na bolsa e voltei o olhar para Alice e Ana que estavam brigando por alguma coisa que eu não tinha captado na hora em que estava conversando com Shawn.
-Ei, o que foi gente? - Perguntei olhando para trás.
-Sua amiga que é insuportável. - Ana resmungou e em seguida levou um soco de Alice.
-Alice!! - Eu briguei e ela me olhou com ironia. - Não me olha assim não.
-Tu nem sabe o que aconteceu e fica se metendo. - Ela respondeu fazendo com que eu me segurasse para não voar no pescoço dela.
-Então me diga, o que aconteceu? - Eu perguntei suspirando.
-Ela é invasiva, mexeu no meu celular sem minha permissão. - Ana disse encarando a irmã com certa raiva.
-E ela estava conversando sobre ir para a casa de um garoto e não de uma amiga. - Alice elevou o tom de voz e eu continuei olhando sem demonstrar nenhum tipo de reação.
-Deixa ela, Alice. - Eu resmunguei depois de um tempo.
-É, me deixa. - Ana repetiu e eu a olhei com o cenho franzido.
-Sua irmã sabe o que é certo e errado, e ela sabe que não é a obrigada a fazer nada com ele caso não queira. Eu sempre ia para a casa do encosto vulgo Felipe e nada acontecia porque eu não deixava acontecer. E se ele tentar, ela pode me ligar que eu vou lá dar um jeito na cara dele. - Ana sorriu para mim sem mostrar os dentes. - E outra, pelo menos vamos saber onde ela está, e o que provavelmente vai estar fazendo, então para de graça.
-Eu só não quero que ela engravide cedo. - Alice soltou um suspiro e eu assenti, eu sabia que era isso.
-Relaxa, não vai acontecer isso porque ela sabe que tem uma coisa chamada camisinha. - Olhei para Ana para ela concordar que sabia, e foi o que ela fez.
-Gente, eu não estou planejando transar com ele. Então fiquem de boas. - Ela falou e eu assenti, mas é aquilo você acredita desacreditando, a maioria das meninas não conseguem se controlar quando o fogo começa.
-Mas se acontecer... - Ela fez um sinal com a mão me cortando.
-É para usar camisinha. - Ela completou e eu sorri assentindo. Meu trabalho estava feito.
XX
Dez minutos dentro da boate e minha cabeça começou a se perguntar o motivo de eu estar naquele lugar cheio de gente se encostando e suando, além de estar morrendo nos saltos que eu fui obrigada a usar. Me afastei das meninas para pegar algo para beber, de preferência álcool que era algo que eu não bebia faz tempo. Me aproximei do bar que estava um pouco cheio demais e esperei o barman notar minha presença, não demorou muito e seus olhos me analisaram de cima a baixo.
-Posso ajudar? - Franzi o cenho ao vê-lo tentar fazer uma cara sexy e lhe lancei um sorrisinho.
-Sim, uma caipirinha por favor. - Pedi e me apoiei no balcão.
-Identidade, por favor. - Olhei para ele perguntando se era sério, ele apenas deu de ombros. Revirei os olhos e mostrei minha identidade. - Nossa, você parece ter menos.
-Ahn, obrigada?! - Ele apenas riu devolvendo minha identidade e indo preparar minha bebida.
Ajeitei a saia que eu trajava. Ela era cheia de paitês dourados, quem iria gostar seria Katherine, ela estava por cima da minha blusa branca que não tinha um decote que desse honra ao nome decote, até que eu estava bem eu, tirando o brilho da saia e o salto preto, a maquiagem tava fraca como sempre e o cabelo solto.
O barman voltou com a minha bebida e sorriu, agradeci e o paguei me virando para todos dançando tentando ver onde minhas amigas estavam. terminei a caipirinha rapidamente e não tinha as encontrado, me virei pedindo outra.
-Outra, por favor. - Ele assentiu e eu coloquei o dinheiro no balcão continuando com a minha mão por cima, o barman me entregou e eu arrastei a nota para ele.
-Isso parece bom. - Um cara alto e bronzeado falou encarando minha bebida, e eu dei de ombros.
-Está sim. - Ele sorriu e se aproximou me fazendo ficar em alerta o analisando, ele tinha o cabelo loiro e o bronzeado deixava claro que era o tipo de cara que ia para a praia toda semana, provavelmente para surfar.
-Posso provar? - Ele perguntou e mudou seu olhar para minha boca, e eu dei um sorriso debochado.
-Claro, o barman faz um pra você em instantes. Agora me dá linceça. - Passei por ele e pude escutar alguns caras rindo enquanto ele ficava parado assimilando o meu fora.
Depois de andar um tempo me encontrei com as meninas, elas estavam em um canto bebendo cerveja com um pessoal que eu nunca nem vi.
-Misericórdia, vocês sumiram! - Arranquei o copo de cerveja da mão de Alice e virei tudo, escutando ela reclamar. Minha caipirinha tinha terminado e eu estava com a boca seca, a cerveja estava tão geladinha que eu peguei a de Nathália e bebi também. - Você sabe que vai dirigir, não é?
-Meu amigo vai vir nos buscar justamente porque eu não quero ficar sem beber, relaxa. - Dei de ombros e vi ela esticando uma garrafa de vodka na minha direção. - Quer? - Estiquei o copo e ela colocou a vodka pura no copo, e eu fui bebendo aos poucos até me acostumar com a queimação na garganta.
-Onde você estava? - Alice me perguntou colocando a mão por trás dos meus ombros.
-Fui comprar bebida e depois fiquei procurando vocês, nada demais. - Dei de ombros.
-Olha, essa aqui é nossa amiga Victória. - Alice puxou uma menina loira que sorriu para mim. - Conhecemos ela no banheiro, tinha que vê.
-Ah, prazer, Kayra. - Ela apenas acenou com a cabeça sem tirar o sorriso do rosto.
-Estamos bebendo juntos com os amigos dela. - Nathália falou e olhou para os meninos que estavam no canto. - E eu já estou de olho no negão. - Ela lançou uma piscadela para ele e eu ri anasalado, ela já estava doidinha. - Agora vamos arrumar alguém para você, Alice é a única que não pode. Uma pena porque o branquelo ali tava de olho nela.
-Eu estou bem, Nath. - Falei a puxando para perto de mim. - O cara também tá te olhando, vai até ele. - Tirei a garrafa da mão dela e a empurrei na direção dele, ela quase caiu em cima dele e o mesmo a beijou na hora, ela nem reclamou só colocou a mão no pescoço dele e assim mesmo ficou. Dei uma golada na garrafa e Alice veio até mim para a gente dançar juntas.
-Aquele menino ali está te olhando. - Ela disse no meu ouvido e eu olhei na direção, era o mesmo cara do bar. Eu apenas dei as costas para ele e continuei dançando com ela. - Olha, você não está namorando oficialmente, então não seria traição.
-Eu só não quero ficar com alguém aqui. - Eu expliquei e levantei a garrafa de vodka quase vazia. - A única boca que eu quero beijar é a boca da garrafa. - Nós duas rimos e voltamos a dançar e beber sem pensar em mais nada, nem mesmo na hora.
XX
-Pera. - Alice falou, comecei a rir enquanto ela tentava achar o buraco da fechadura, mas mal se aguentava em pé.
-Ai, você é muito idiota. Me dá isso aqui. - Tirei a chave da mão dela e joguei meu corpo para frente enquanto tentava enfiar a chave no buraco da porta. Foram dez minutos para abrir o portão e estamos cinco minutos tentando abrir a porta. Ela começou a gargalhar me fazendo rir também. - Xiu, vai acordar os vizinhos.
-Que acordem, já passou da hora porque já é quatro da manhã. - Ela deu de ombros se encostando na porta enquanto eu ainda tentava abrir e não conseguia. - Meu Deus, Nathan vai me matar. - Ela disse rindo e eu acompanhei, escutamos um barulho dentro da casa e a porta se abriu fazendo nós duas cair já que estávamos apoiadas na mesma, olhei para o pé de Nathan e comecei a rir.
-Ai meu Deus, duas irresponsáveis! - Ele falou ajudando a esposa se levantar enquanto eu continuava no chão sem conseguir parar de rir. Depois de colocar Alice no sofá deitada, ele me levantou e me levou ao outro sofá. - Eu estava preocupado! - Ele me avaliou e eu ri, meu corpo pesou indo para frente e ele me segurou para não cair.
-Relaxa, Nath. - Eu falei dando um sorriso e depois fazendo uma careta. - Ai, eu quero mijar. - Alice riu rolando do sofá e caindo no chão me fazendo rir mais ainda.
-Jesus eu não mereço isso! - Ele colocou Alice no sofá novamente. - Vem Kayra. - Ele me segurou pelo braço, e me direcionou ao banheiro. - Consegue tirar sua roupa sozinha?
-Dã, muito obrigada amiguinho você é muito gentil e eu te amo. - Abracei ele pelo pescoço e funguei. - Eu estou com muita saudade dele. - Ele me afastou e sorriu.
-Tá namorando alguém, Kayra?
-Shh, é segredo, não fala pro Nathan e nem pra ninguém. - Ele riu e concordou com a cabeça. - Vou tomar banho, alá Alice caiu no chão. - Eu ri e me encostei no batente da porta quando ele saiu para socorrer minha melhor amiga.
Fechei a porta do banheiro e me despi com um pouco de dificuldade. Meu corpo estava soado e colando, abri o chuveiro com a água fria e me coloquei embaixo da água sentindo meu corpo se arrepiar pela troca de temperatura.
Quando terminei me enrolei na toalha que estava lá e saí do banheiro, me arrependi quando meu pé molhado escorregou no piso e eu caí com a bunda no chão soltando um gemido de dor.
-Kayra! - Nathan veio na minha direção enquanto eu gemia com a dor que sentia, apesar da preocupação evidente, também era evidente que ele queria rir. - Você é muito burra, meu Deus. - Ele me ajudou a levantar e me levou para o quarto de Guilherme, que não estava lá. - Ele tá no meu quarto. - Ele respondeu antes que eu pudesse perguntar. - Se veste, vou colocar Alice para tomar banho e vocês duas vão tomar o café que eu também estou preparando. - Assenti e abri a gaveta que tinha roupas minhas, tirei um sutiã e uma calcinha de lá, assim como um vestido de dormir nada sexy.
Me joguei na cama depois de vestir minhas roupas íntimas e peguei meu celular. A saudade de Shawn aumentou e eu resolvi ligar para ele, sem saber qual era o horário em Paris. Ele atendeu com a cara um pouco amassada.
-Te acordei? - Perguntei sentindo remorso na hora. - Mil desculpas. - Minha língua se enrolava a cada palavra que saía da minha boca.
-Não se preocupe. - Ele sorriu e se ajeitou onde estava. - Aconteceu algo?
-Tem que acontecer algo para eu te ligar? - Perguntei sentindo meus olhos pesar.
-Bom, pelo que eu saiba aí no Brasil são quase cinco da manhã. - O rosto dele ficou sério. - Chegou agora, Kayra?
-Se eu disser que sim, você vai ficar bravo? - Ele soltou um suspiro.
-O quanto tu bebeu?
-Algumas garrafas. - Eu respondi me ajeitando na cama, ele me olhou atentamente e viu o sutiã, já que eu estava segurando o celular em um ângulo que dava para ver.
-Vai dormir, minha linda. Podemos conversar depois. - Ele murmurou e eu fiz cara de choro. - O que foi?
-Você não quer falar comigo. - Eu resmunguei e ele riu negando com a cabeça.
-Claro que quero, mas você deve estar cansada pelo que vejo foi uma boa despedida. - Ele respondeu calmamente.
-Eu to com saudade, tipo muita mesmo. - Confessei mordendo o lábio inferior e ele sorriu.
-Também estou, mas logo ficaremos juntos. Eu prometo. - Assenti com a cabeça.
-Eu odeio o que você faz comigo, quero estar o tempo todo com você e se eu não escutar sua voz parece que meu dia não está completo. - Ele ficou me observando mesmo que eu estivesse me embolando muito enquanto falava. - Eu não queria ficar assim em relação a uma pessoa.
-Por que? Isso é ruim? - Ele perguntou franzindo o cenho.
-Vai ser ruim se você me magoar.
-Mas eu não vou. - Ele me garantiu e eu suspirei.
-Não temos controle quando se trata disso. - Comecei a chorar e ele ficou quieto me olhando, parecia não saber o que fazer.
-Não se preocupe, Kayra. - Ele finalmente se pronunciou. - Eu não queria que fosse assim, e você provavelmente vai esquecer isso, mas eu te amo e daremos um jeito de fazer isso dar certo juntos.
-Eu também te amo, e conseguiremos fazer isso. - O rosto dele se iluminou e limpei minhas lágrimas sendo contagiada pelo sorriso dele.
-Kayra, o café tá pronto. Vem para a sala. - Nathan falou do lado de fora do quarto, Shawn franziu o cenho.
-Marido da minha melhor amiga, ele fez café. - Eu expliquei e o mesmo assentiu. - Preciso ir.
-Sem problemas. Nos falamos amanhã. - Ele me mandou beijo e eu fiz o mesmo, antes de desligar.
Coloquei a roupa e saí do quarto cambaleante. Cheguei na sala e Alice estava jogada de qualquer jeito no sofá meio sentada e meio deitada. Nathan me entregou uma caneca que estava soltando fumaça, eu aceitei e o soprei antes de levar até a boca.
-Obrigada. - Murmurei antes de beber o líquido.
-Depois que terminar, vai dormir. Amanhã não me interessa como as duas vão acordar, mas vão me escutar e muito. - Suspirei e assenti, ele tinha razão e eu sei quando estou errada.