Sou: Um mundo de cultivo

By Marcellocas

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Yanluo foi criado desde pequeno no caminho do cultivo, crescendo sendo evitado, até mesmo odiado, devido ao s... More

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Ano 983 – Primavera – Cidade Imperial Han

Baishe Shinji teve seus olhos desvendados, se vendo em um quarto luxuoso, com uma bandeja de frutas e uma garrafa de vinho fino sobre uma mesa de vidro ao seu lado. A sua frente, Geng Li e quatro soldados a encaravam, os soldados de carranca e o lorde com um sorriso gentil.

– Espero que seja do seu agrado. – disse ele, fazendo Shinji se remexer, percebendo estar com as mãos presas por correntes – Pode ser do jeito fácil ou difícil, você escolhe.

– Meu pai vai ACABAR com você quando descobrir o que fez!

– Oh, mas ele já descobriu. Nesse momento minhas propriedades são tomadas, meus servos interrogados e meus soldados aprisionados. – o lorde sorriu gentilmente ao se aproximar da garota – Mas não se preocupe, ele não nos encontrará aqui, princesa.

– Geng Li, você sempre foi favorecido pelo imperador, por que dessa traição?!

– Minha lealdade pertence ao império, não ao imperador. Podem falar o que quiserem sobre a Donzela Vermelha, mas ela nunca levou seu império a lutar a batalha de outros, a desperdiçar a vida de nosso povo por aqueles que não significam nada para nós, que estão muito longe, do outro lado do oceano, para significarem. – ele virou de costas – Eu tentei persuadir, inúmeras vezes, o imperador a não cometer esse erro, mas foi em vão. A ambição dele é dominar o mundo.

– Meu pai apenas quer proteger a todos! Quer que o mundo inteiro tenha a vida que temos aqui! Uma vida digna, onde possam morrer em suas camas rodeados por seus entes queridos!

O lorde a fitou de canto.

– O que você sabe sobre o mundo? Tudo que vejo é você balançando armas por ai. – ele estreitou o olhar para a princesa – Seu pai deseja proteger aqueles que não pediram para serem protegidos, contra a única ameaça, que é ele mesmo.

– Geng Li... Se falar mentiras sobre meu pai, não me culpe por não pegar leve com você!

– Princesa Baishe Shinji, aproveite sua estadia, pois você sairá com vida daqui, apenas quando seu pai tiver tirado a dele própria.

– Geng Li!!

O lorde saiu com os guardas, que trancaram a porta e ficaram de prontidão do lado de fora da porta, enquanto Li foi preparar a carta com sua exigência a ser entregue ao imperador.

A noite era chuvosa e fria, criando uma névoa nas ruas da cidade. O imperador entrou disfarçado, usando sua máscara que não usava desde o torneio que o tornou imperador, em uma loja de tecidos.

– Imperador. – Falaram juntos os sete agentes Sombras ao se curvarem.

O imperador acenou para relaxarem, com Taiga se aproximando dele.

– Imperador, descobrimos pistas que levam a uma conclusão duvidosa sobre o esconderijo de Geng Li.

– Relatório completo, Taiga.

Ela juntou as mãos à frente.

– Todas as posses de Geng Li foram confiscadas, os servos que colaboraram foram liberados, os que não sabiam, foram liberados, os que deram alguma pista, recompensados, os que pegamos na mentira, executados. Os soldados foram aprisionados e esperam seu julgamento, os que resistiram, foram executados.

– E o filho de Geng Li?

Taiga se ajoelhou, baixando a cabeça com a testa colada no chão.

– Por falha minha, o filho de Geng Li teve chance de fugir, o que resultou em perseguição e, consequentemente resultou em ele acabando ferido. Por uma falha minha, ele acabou sendo ferido mortalmente.

– Duas falhas sua na mesma missão que resultaram na perda do maior trunfo contra Geng Li. Como acha que eu deveria lhe punir, Taiga?

Os outros seis agentes se ajoelharam, implorando.

– Tenho piedade, imperador!

– Aplaque sua ira, imperador!

– Piedade! Piedade! – Clamaram.

O imperador estendeu a mão. Taiga levantou a cabeça e, com lágrimas de vergonha, segurou a mão do imperador, que a ajudou a levantar.

– Taiga, devolva o brasão de grande comandante do exército.

– Sim, imperador. – ela devolveu o brasão que havia usado para mobilizar as tropas da cidade contra Geng Li – As pistas apontam que Geng Li está escondido no distrito dos armazéns, provavelmente em algum esconderijo subterrâneo.

– Faça seu trabalho, Taiga. Tem minha permissão para matar Geng Li se necessário. – o imperador passou por ela, indo em direção a mesa com um mapa aberto – Vamos montar um plano e resgatar minha filha com vida.

– Imperador, participará da missão?! – Se espantou um dos agentes.

– Sim, Luping. – o imperador olhou para todos os agentes – É de minha filha que estamos falando. Mais do que imperador, eu sou pai e protegerei meus filhos. Principalmente se tratando da minha caçula, que tem tanto a ver e aprender ainda.

Um barulho do lado de fora da porta fez todos os agentes ficarem alerta. Taiga rapidamente correu até a porta e a abriu de solavanco, pulando para fora, vendo apenas uma sombra já dobrando no final da rua. Ela fez menção de seguir quem estava os espionando, mas o imperador bateu com a mão na mesa, chamando sua atenção, balançando a cabeça para ela não seguir.

– Agora precisaremos agir rápido, antes que o lorde se prepare para responder a nossa investida. – Disse Luping.

O imperador assentiu, então Taiga entrou e fechou a porta, com todos se reunindo em volta da mesa com o mapa para traçarem um plano de ataque.

Durante a madrugada, a chuva se tornou uma tempestade. Trovões ecoavam pelo céu, raios caíam ao longe, o vento era forte o bastante para desmanchar barracas de vendas e a chuva caía de modo que mal podia se enxergar um palmo a frente do rosto.

Shinji estava sentada em uma poltrona enquanto bebia vinho e comia abacaxi fatiado, uma fruta de luxo no império, melando os dedos, que chupava e lambia sem nenhuma vergonha ou pensamento maldoso, por estar sozinha. O único inconveniente eram as correntes que a prendiam.

– Hm? – Ela estranhou ao ouvir som de luta do lado de fora.

A garota levantou e foi em direção a porta, que abriu bruscamente com um cavalo feito de tinta negra entrando cavalgando levando os guardas juntos, fazendo a princesa cair sentada para o lado.

Ela conhecia bem tal técnica de lançar animais de tinta e sabia bem a quem pertencia. O único lorde capaz de usar técnica de tinta com maldição, era Geng Li, que lançava letras. Já seu discípulo, o príncipe Jun, invocava animais de tinta ao lançar suas maldições, sendo ainda mais letal que a técnica original que Geng Li o ensinou, técnica considerada uma das mais mortíferas em todo o império, passada por gerações na família de Geng Li.

– Shinji!

Para nem tão surpresa da garota, do lado de fora da porta estava seu irmão, Jun, com sete guardas desmaiados a sua volta, com seu pincel ainda pairando no ar, com um tigre de tinta mais ao lado o protegendo.

– Irmão Jun! – Shinji, que sempre é alegre, segura e independente, não conseguiu conter as lágrimas de felicidade por ver o irmão.

Jun correu até ela e tentou quebrar as correntes, sem sucesso.

– Tsc Elas estão reforçadas com Qi!

– Tem uma espada?!

– Sabe que não ando com armas cortantes, sempre me machuco com elas!

– Jun!

– Tá, calma! Deixa eu pensar!

– Tarde demais! – Shinji apontou para trás, com vários guardas aparecendo no corredor que dava ao quarto.

– Caramba! – Jun correu até o guarda que voou para dentro do quarto e pegou a espada dele, a entregando a irmã caçula – Ta aí tua arma cortante, e agora?!

– Me cobre enquanto tento cortar essas correntes!

– Fácil falar, difícil fazer! – Ele invocou três animais de tinta que foram em direção aos guardas, no entanto, tais animais eram fracos, se desfazendo ao sofrerem um único golpe, porém a maldição da tinta que respingava era forte, paralisando todos em quem tocava direto na pele. Azar para ele, que todos os guadas estavam de armadura bem fechada.

Enquanto isso, vários guardas imperiais invadiam o distrito dos armazéns, arrombando cada porta e vasculhando cada casa e galpão. O imperador sabia que dificilmente encontrariam algo, mas era o bastante para criar caos e, talvez, pânico entre os inimigos enquanto os Sombras invadiam o local que as pistas apontavam, sendo um antigo armazém de fogos de artifício que ficava o ano inteiro abandonado, sendo lembrado apenas nos festivais de final de ano.

– Lembrem, evitar conflito e casualidades. Matem apenas se necessário, prisioneiros falam mais que mortos. – Instruiu Taiga com os agentes já na porta do galpão de fogos.

– O objetivo principal é resgatar a princesa com vida, certo? – Indagou Luping, recebendo um olhar nada contente de Taiga.

– Precisa mesmo perguntar isso para saber a resposta? – Respondeu ela.

Luping apenas acenou com a cabeça, então ao sinal de Taiga, arrombaram a porta e entraram correndo, rapidamente se espalhando pelo lugar. Sabiam que haveriam inimigos, mas não sabiam quantos e nem a estratégia que estariam usando, podendo colocar a princesa e posição de escudo para fugirem ou pior, causarem baixas aos agentes.

O galpão estava vazio, com exceção das caixas de fogos. Eles vasculharam o lugar rapidamente, se reunindo no centro do galpão.

– Está limpo. – Disse Luping.

Taiga ouviu o som da porta batendo, seguido de som de correntes.

– Essa não. – ela olhou em volta, vendo uma parte da parede de madeira que estava com rachaduras, – Me sigam! – Sem hesitar, ela correu contra a parede e jogou todo o peso de seu corpo contra ela ao pegar impulso.

A madeira da parede cedeu, com ela caindo para fora, com os agentes saindo bem na hora que uma faísca de fogo apareceu no depósito, feita por um homem que estava escondido dentro de uma das caixas.

Luping arregalou os olhos.

– Corram logo!! – gritou, ajudando Taiga a levantar – Corram!! – A faísca seguiu uma trilha de pólvora até a maior caixa do depósito.

Uma enorme explosão iluminou todo o distrito e fogos de artifício voaram e explodiram para todos os lados com a explosão do depósito.

– Se protejam! – Ordenou Taiga, com os agentes se escondendo atrás de outros depósitos, com alguns sendo atingidos pelos fogos de artifício, começado a pegar fogo também.

– A primeira opção que as pistas levavam acaba de ser descartada, nos resta a segunda. – comentou Luping – Taiga, nós...

Antes que ele pudesse concluir a rase, Taiga já empunhou a espada.

– Me sigam!! – Ela saiu correndo em direção ao segundo local suspeito, que não colocaram confiança que era o correto por apenas dois, dos vários criados interrogados, terem falado sobre ele. O mais famoso bordel da cidade, que toda a elite frequentava devido as belas mulheres e ambiente refinado.

Enquanto isso, Jun lançava sua última técnica de maldição, um javali que limpou o corredor dos guardas, tendo vários deles espalhados pelo chão, imobilizados, poucos haviam sido mortos.

– Não consigo mais. – Ele fraquejou para trás, com a irmã o amparando.

– Fez bem, irmão. – Disse Shinji, já solta.

Eles se entreolharam e saíram do quarto, seguindo atentos pelo corredor. Shinji fez menção de correr, mas Jun a segurou pelo braço.

– Espere. – Ele estreitou o olhar para a porta no final do corredor, que abriu, com o próprio Geng Li aparecendo junto com seus guardas de elite.

– Sabia que alguém apareceria, mas nunca pensei que fosse ser você, Jun. – Disse o lorde.

– Mestre, por que está fazendo isso? Sabe o quão insano essa sua ofensa ao meu pai, ao imperador, é? Meu pai sempre o favoreceu, mas, dessa vez, mesmo que ele o faça, as imperatrizes não permitirão que fique vivo.

– Estou ciente disso. Eu arrisquei tudo ao fazer esse movimento. No entanto, é algo necessário. O que é minha vida ou meus bens, comparado a todo o império? Nada.

– Você é doente. – Disse a princesa.

– Já passou o tempo de conversa. – disse o lorde – Jun, se for intervir, não terei piedade.

– E eu não tenho piedade com aqueles que tentam ferir minha família. – Respondeu o príncipe.

Geng Li franziu a testa e decidiu entrar na luta. Conhecia o talento de seu aluno, e os vários guardas espalhados pelo chão, mostrava que ele era mais do que capaz.

Li lançou uma letra de maldição enquanto os guardas estavam na metade do caminho, mas ambos foram interrompidos quando o teto caiu sobre eles, anulando a técnica e atingindo os guardas.

Os poucos guardas que conseguiram levantar, encontraram a morte ao terem a cabeça partida em X, separada em quatro pedaços. O lorde arregalou os olhos quando do teto sem teto, surgiu o imperador.

– Imperador Huli, sabia que era questão de tempo até descobrir.

Todos os guardas, vivos e mortos, paralisados ou de pé, foram feitos em pedaços enquanto o imperador caminhava calmamente em direção ao lorde, parando lado a lado com ele.

– Geng Li, quando você foi contra a abolição da escravidão, diferente dos outros lordes que foram punidos, eu o relevei. Quando rebeliões aconteceram por todo o império e eu descobri que você era um dos que financiava os rebeldes, eu relevei. Quando houve o levante dos lordes e eu soube que você era a mente por trás da tentativa de golpe, eu relevei. Tudo por você desde a primeira vez que me viu, antes de me tornar imperador, ter demonstrado amizade, simplicidade e gentileza para comigo e por ter tratado meu filho como seu e compartilhado sua técnica com ele. Tudo que sempre me pediu, eu concedi, tudo que sempre sugeriu, eu levei em consideração, todas suas falhas, eu relevei. No entanto, envolver meus filhos em suas tentativas de anarquia... Isso, eu não posso relevar.

Geng Li começou a rir, até a risada se tornar gargalhada.

– Parece que fracassei. – ele respirou fundo, olhando para o imperador com lágrimas que não deixou cair – Acabe logo com isso. – Ele fechou os olhos, esperando seu fim.

Nesse momento uma explosão ocorreu, então Taiga entrou por um buraco na parede, junto de três agentes.

– I-imperador? – Estranhou ela, se ajoelhando, assim como os outros agentes.

– Taiga, leve Geng Li para a prisão. O faça falar, mas não o mate.

– E depois que ele falar?

– O envie para a prisão.

– Ao seu comando, imperador. – Taiga levantou e saiu escoltando Li com os outros agentes.

O imperador foi até os filhos, os encarando de carranca.

– O que pensam que estão fazendo?

– Pai, eu... – Tentou responder Jun, mas foi interrompido pelo imperador, que levantou a mão para ele se calar.

– Não quero ouvir suas desculpas. Eu sempre disse que vocês estão proibidos de se envolverem em política e nos conflitos internos do império. Estão de castigo.

– Imperador papai, não temos mais cinco anos! – Protestou Shinji.

– Você está proibida de visitar a academia miliar por uma semana.

– Mas paaai! Eu estou quase dominando a técnica de tiro triplo com o arco!

– Duas semanas.

– Mas...

– Três semanas.

– Fui! – Ela pegou Jun pela mão e saiu batendo pé, mesmo não sabendo onde a porta do final do corredor dava.

O imperador suspirou ao dar de ombros, indo embora dali. Por mais que não quisesse, tinha que explicar a situaçõa para suas esposas, que apesar de pensarem que ele não sabe, mantém informantes em todo canto.

No palácio, o imperador se viu encarado pelo olhar fuzilante das duas imperatrizes logo que chegou na corte, com Hong mais ao lado, curvado.

– Venham, precisamos conversar. – Disse o imperador ao ir com elas para a biblioteca, onde ninguém entrava sem permissão da família imperial.

– Huli, pela primeira vez em muito tempo eu estou furiosa com você! Como seus planos acabaram envolvendo nossos filhos?! – Disse Pan.

– Não envolviam.

– Você usou Chiaer como isca, mas parece que as coisas não saíram como planejou. – disse Chun, mais calma, apesar de seu tom inquisitivo – Como e por que a Shinji foi envolvida?

– Eu receberei um relatório dos Sombras. Se quiserem saber os detalhes, basta lerem o relatório.

– Huli... Quem está por trás do que aconteceu? – 'Perguntou Pan, segurando as barras do vestido vermelho, contendo a raiva.

– Geng Li.

– Por que ele faria algo assim? Ele está velho, não viverá muito mais. Por que sujaria o nome que por tantos anos prezou e acumulou orgulho e honra?

– Não sei o que se passa na cabeça dele, mas seja o que for, o assunto já está resolvido. – O imperador virou as costas e saiu. Estava tão furioso quanto suas esposas, se sentindo traído por alguém para quem ele sempre estendeu a mão. Apesar de não ser frio o bastante para mandar executar Geng Li, sabia que a vida que ele teria na prisão, não seria prazerosa. Mas também sabia que ele não viveria muito mais, o que o confortava um pouco.

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