"... E eu não posso dizer mais nada
Se estou vindo ou indo
Isto não está como eu planejei
Eu tenho a chave da porta, mas eu não a abri...
Eu sei... parte de mim diz para deixar para lá
A vida acontece por alguma razão
Eu não sei... porque isso nunca funcionou antes
Mas desta vez, desta vez...
Eu vou tentar qualquer coisa para me sentir melhor."
Just Feel Better, Santana ft. Steven Tyler
Fonte: Desconhecida.
Eu estava irado, e antes de pegar a Betty e dirigir até encontrar Luhan e reduzi-lo a nada, me tranquei no trailer, peguei o primeiro bastão de metal que encontrei e assassinei o Dean.
Eu tinha comprado esse Impala para passear com Luhan, para as escapadas que eu me permitia com ele; e agora que o chinês não estava, não fazia sentido mantê-lo. O aceitei uma e outra vez até que ele ficou reduzido a pura sucata. E me doía ver como eu destruía o melhor carro que eu tive em toda a minha vida, igualmente como me doía ver o fim da melhor relação que eu tive.
Eu não sei... Luhan não era o homem mais atraente do mundo e nem o mais inteligente, de fato, era um pouco bobo, ele não tinha nem concluído a faculdade. E também, estava velho, e quando ele ria, perdia o encanto. Luhan não era a oitava maravilha do mundo, mas a nossa separação estava me matando.
Por quê?
Bastaria que eu fosse ir cantar de novo com a banda para eu conseguir outro homem ou mulher com quem pudesse passar o tempo; mas havia algo; alguma coisa que o tornava diferente de todos os outros.
Quando eu já tinha gritado tudo o que eu pude e ter acabado sem forças sobre o que um dia foi o meu amado Impala, pude sentir a dor. Ao examinar, havia sangue por todo lado. Eu tinha me ferido com vários vidros em ambos os pés e alguns do carro nas mãos. Passei o resto da noite retirando-os.
Ao amanhecer, peguei a Betty e dirigi até a casa dos meus pais.
— Vovóóóó! — entrei chamando-a pela cozinha, onde a governanta me disse que estava.
— Agora sou a sua avó? Não sou a criada? Você está me gerando conflitos de personalidade...
— Você é a minha avó. Você não limpa o suficientemente bem para ganhar a vida como criada. — a cozinheira fingiu tossir para não notarmos que o meu comentário tinha a feito rir, mas ela não era boa disfarçando, e minha criada-vovó fez cara feia para mim.
— Por que você está com as mãos vendadas, Sehun?
— Me cortei — informei com um beicinho e lhe mostrando as minhas mãos gravemente feridas. — E também os pés. Perdi muito sangue, vó.
— Por que você está assim, como se tivessem te arrastado sobre um ralador de queijo?
— É culpa do Luhan — o acusei.
— O menino bonito?
— Feio, vó, feio!
— Oh, então vocês já não são mais namorados e ele te deu uma surra.
— Mais ou menos...
— Bom, querido, procure por outro e tenha aula de defesa pessoal.
— Vovó, eu não quero outro. O motivo do porquê de tudo ter sido arruinado é a mesma de sempre: meu sobrenome sujo.
— Ei! Somos parentes, lembra?
— Mas, vovó! Eu deveria mudar de nome pra me separar para sempre. Eu vou me chamar de Orlando Bloom. Ele teve uma esposa muito boa.
— Orlando Bloom é um elfo: as mulheres que o veem se apaixonam sem volta. E você, é o vocalista da banda "O Orto".
— Ohorat, vovó!
— Isso. Você não tem nível para se nomear como Bloom. Talvez você possa ser um anão.
— Ninguém se lembra do nome de um anão.
— Mas é o que você quer: não ter um grande nome, então você vai...
— Você não está me levando a sério, vovó.
— Até que enfim você percebeu, meu amor.
— VOVÓ! POR QUE VOCÊ É ASSIM?! — reclamei.
— Porque hoje a noite teremos um jantar muito importante aqui com o diretor de uma grande empresa, por isso estou refinando os detalhes do menu, e você está me distraindo com as suas idiotices. O garoto te deixou, supere-o. Há muito mais de onde veio esse Luhan. Você não disse que ele é chinês? Desses há outros pelo mundo, e você é bonito, rico e tem a banda "O Ohete". Se eu fosse você, dormiria toda noite com alguém diferente e não lembraria nem um só nome.
— Vovó, eu estou apaixonado pelo Luhan.
— E eu pelo Richard Gere, mas ele já morreu.
— Você não se importa com o que eu sinto?
— Anteontem, foi um trailer; ontem, um Impala; hoje, Luhan; amanhã, será outra coisa...
— Meu trailer é importante para mim e o Impala também foi, por isso eu falei dessas coisas pra você. Acreditei que eu podia contar com você, mas você é igual ao meu pai. Vovó horrível, eu te odeio! — me afastei, ferido.
— SEHUN, ESPERA! — gritou. — Me desculpe, bebê, você tem razão. Eu sinto muito. — não me movi.
— Você não gosta mais de mim, vovó.
— Eu adoro você, minha criança, vem aqui. Perdoa essa vovó tonta — estendeu os seus braços para mim e eu fui para eles, chorando como um bebê. — Oh, meu pequeno Sehunie... Se acalme, meu amor.
— Eu o amo, vovó. Eu nunca quis alguém assim, mas ele me odeia.
— Esse menino mal é um bobo e feio.
— Não, vó, você não entende. Luhan ria das minhas piadas e ele não se importava que eu tivesse uma casa pequena. Era bom na cama e... Ele me olhava como se eu fosse importante para ele. Não existe ninguém como o Luhan.
— Criança, eu lamento muitíssimo.
— Vó... — lamentei.
— Sehun? — reconheci a voz da minha mãe. Me recompus para cumprimentá-la.
Ela estava vestida muito elegante como sempre: usava um vestido azul, brincos de cristal e um penteado alto.
— Olá, mamãe.
Ela revirou os olhos. — O que você faz aqui? Se você for aparecer no jantar, faça o favor de se duchar e melhorar a sua aparência.
— Eu só vim falar com a vovó...
— A sua avó está ocupada; você deveria se ocupar também. Você ainda não se cansou de brincar com os carrinhos?
— Mamãe, estou passando por um momento ruim e eu...
— Ai, Sehun, por favor. O que quer que seja pelo o que você esteja passando vai se resolver quando você amadurecer de uma boa vez e conseguir um trabalho de verdade. Se você vai andar fazendo drama por todo lado, é melhor você ir embora para o seu bairro de ratos novamente.
— Deixo-o em paz — vovó me defendeu, mas eu já tinha ouvido o suficiente.
Ela podia ser a minha mãe, mas também era uma das pessoas que mais tinha me machucado na minha infância; todos os psicólogos disseram a mesma coisa. Ela era especialista em me deixar de mal humor.
— Não se preocupe, vovó, eu já disse o que vim dizer, então já vou embora.
— Sehunnie, durma aqui hoje. Você está machucado.
— São só arranhões — assegurei quando já tinha saído da cozinha.
Enchi o tanque da Betty e a dirigi durante horas. Quando percebi, eu tinha saído da cidade há muito tempo. Mas eu não me importava. Eu não tinha vontade de voltar. Eu não queria saber nada da minha família ou de Luhan... Nem sequer do meu trailer ou da minha banda.
Talvez eu devesse procurar outro lugar; começar de novo; esquecer o que fui e o que eu quis ser.
E com esses pensamentos em minha mente, me mantive correndo pelas ruas, procurando me afastar até onde eu pudesse respirar sem que doesse.
Fonte: Google.