Olá queridos! Como vocês estão?
A reta final está eletrizante!!! Confiram mais um capítulo "investigativo", não se esquecendo de ouvir a música, que está no vídeo no topo da página!
Excelente leitura!!!
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Estela se despediu de mim com um pouco mais de ânimo. Graças ao meu pedido para me acompanhar ao médico, ela conseguira atestar as horas e ganhar folga do trabalho naquele dia. Segundo ela, iria aproveitar para acompanhar Adriel na clínica e outras coisas mais. Será que era verdade? Àquela altura eu desconfiava de tudo e todos, e pouco conseguia disfarçar o meu incômodo.
– Não fique assim Natalie – Estela se atentou ao meu ânimo, porém não fazia ideia da procedência dele, embora pensasse que soubesse. – Vai por mim, leia o que o Natiel escreveu no diário.
Estranhei sua insistência, mas assenti. Eu também não poderia continuar lhe interrogando a esse respeito, pois levantaria suspeitas... Ainda assim, apesar do meu pouco humor, abracei a Estela; ela ainda era minha melhor amiga.
Eu estava sozinha outra vez e, ao me aproximar de casa, suspirei pesadamente. Teríamos fígado outra vez para o almoço, eu sentira! Eu pensava seriamente em fazer jejum naquele dia... Não que eu não gostasse do prato, mas com a frequência dele, não havia paladar que suportasse. Ah, mas o meu suportaria... Havia suportado coisas piores como o resquício de saliva de uma qualquer que Natiel beijara antes de mim; que horror! ... Ah, Natiel!
Eu precisava recuperar o diário logo e sabia para quem deveria ligar. Eu não deixaria Estela continuar com a farsa. Tratava-se do segundo grande suspeito da minha lista.
***
Eu estava no clube do Czar, na mesa próxima ao palco situada um pouco para a lateral direita... Era como uma mania, quase que superstição, me sentar naquele lugar. Não havia explicação lógica para essa escolha.
Era segunda-feira e, por sorte, o clube funcionava durante todos os dias na semana. Claro que, naquele horário da tarde, não havia quase nada de movimento. Mas, eu sabia que logo haveria, afinal, a banda Rubrum ensaiaria, e por certo, Natiel estaria com eles; atraindo muito movimento.
– Oi Natalie – cumprimentara Sérgio, indo até minha mesa. – Quer beber algo? Ou comer?
– Não, obrigada – sorri. – A banda já chegou?
– Alguns deles já.
– E Natiel? – Perguntei interessada.
– Ainda não – respondeu sempre solícito.
Desviei meus olhos para a entrada e, depois para o palco, a fim de tentar notar algum movimento ou a chegada de quem eu esperava. Suspirei. Ainda era cedo... Minha atenção, porém, se voltou para o Sérgio, que ainda estava parado ao meu lado.
– Quer me falar alguma coisa? – Perguntei curiosa.
– Eu não sei se deveria – abaixou a voz e coçou a nuca. Estava nervoso. Era raro ver Sérgio daquele jeito.
– Fale logo homem – vociferei. Eu não estava com muita paciência naquele dia.
Sérgio se aproximou de mim e falou murmurando, como se fosse me contar um segredo:
– Lembra-se das mensagens que você recebia?
Franzi as sobrancelhas, mas logo as aliviei. Tantas coisas aconteceram nos últimos dias, que eu já havia abstraído muita coisa inútil do meu passado. Ainda assim, não dava para esquecer as mensagens indiscretas que os garçons me entregavam, oriundas de frequentadores do sexo masculino do clube, e da irritação de Jadir quando isso acontecia. Esbocei um sorriso e assenti a pergunta de Sérgio.
– O que tem? – Perguntei, em meio a uma fraca risada. – Não me diga que continuam mandando?
– Não sabia ao certo, mas ontem o Flávio, o garçom, me contou que Natiel interceptou todas nas últimas semanas.
Não consegui disfarçar minha surpresa. Ele continuou:
– O Flávio ainda disse que o Natiel foi falar com alguns dos caras mais insistentes, e, após isso, eles não fizeram mais nada. Você por acaso sabe o que ele falou para eles?
Olhei confusa para ele.
– Como eu poderia saber? Com tantos acontecimentos eu nem me lembrava dessas mensagens...
– Tememos que eles não voltassem mais. No entanto, ainda que não lhe enviem mais mensagem alguma, por sorte, eles têm aparecido. Estávamos com medo do Natiel ter sido agressivo, mas parece que ele usou de diplomacia.
Sérgio é jovem, não passa dos vinte anos, trabalha como bartender desde os dezoito no Czar e parece muito feliz fazendo isso. Porém, ele tem estudado para trabalhar nos tribunais como advogado. Vira e mexe eu me deparava com ele sentado, de canto, se aproveitando dos horários de pouco movimento no clube, utilizando de um livro ou ouvindo as aulas e outros estudos por meio de fones, enquanto lavava louça ou limpava o chão do bar. Ele não era muito ligado a fofocas e não se metia com a vida alheia. Eu teria me surpreendido com suas perguntas e explicações, mas eu sabia o quanto ele amava trabalhar no Czar e quanto prezava cada cliente. Eu tinha certeza que o interesse dele em saber o que queria, não era por simples curiosidade, mas sim, por amor ao que fazia. Eu também sabia que o Sérgio tinha presenciado brigas e discussões recentes em que Natiel se envolvera, fosse com Jadir, fosse comigo; mas havia algo que eu não entendia.
– Por que Natiel seria agressivo? O que ele tem a ver com as mensagens que eu recebo? – Resolvi perguntar.
Sérgio me olhou surpreso, estranhando minhas interrogações. Algo para ele parecia óbvio, mas eu não compreendia. Ele falou vexado:
– Eu pensei que... Vocês não estão juntos?
– Não – respondi com a voz elevada. – Você mesmo viu que ele estava com outra ontem. ... "E depois, comigo também" – Pensei incomodada.
– Desculpe Natalie, nada disso é da minha conta – falou ele, ainda vexado. – Mas, segundo o que o Flávio dissera, Natiel afirmou que vocês estavam namorando; foi assim que ele conseguiu as mensagens.
Eu suspirei incomodada.
– Eu só gostaria que não acontecesse mais nenhuma confusão. Pensávamos que você soubesse que ele interceptava as mensagens e que falava, sabe-se lá o quê, com os senhores que as mandavam. Sinceramente, me desculpe.
– Ah, que isso – tentei amenizar e sorri, ainda dizendo: – Natiel é um brincalhão, não se incomode com ele. Não vai mais haver confusão por aqui, pelo menos da parte dele, eu te garanto.
Ele assentiu de modo tímido e se retirou.
Era certo que Natiel gostava de brincar, mas suas brincadeiras estavam ficando cada vez mais perigosas.
***
Não esperei muito mais, logo a pessoa que eu chamara chegou. Mas, não contive a risada ao vê-lo com um boné.
– O que é isso? – Perguntei, ainda rindo.
– Você queria que eu exibisse essa faixa horrorosa na cabeça enquanto vinha para cá? – Perguntou com animação. – Sabe que, próximo ao parque da sua casa, passou um garotinho que me viu com essa bandagem. Ele apontou para mim e gritou algo muito curioso para a mãe dele.
– O que foi? – Perguntei curiosa, segurando a risada.
– Olha mãe, uma múmia!
Extravasei a rajada de alegria momentânea. Havia me esquecido do quão Jadir era divertido.
Sentando a minha frente, retirou o boné, abaixando um pouco a expressão, e questionou:
– O que é tão urgente?
Após alguns instantes, me expressei, mantendo meus olhos fixos nele, já livre do bom humor:
– Por que você não atendeu o celular? Tive que ligar para a sua casa!
Jadir me olhou com curiosidade, e falou ameno:
– Acalme-se Natalie. Eu não estou com o celular. Mas, é curioso não ter sido atendido... – Jadir desfocou o olhar, pensativo, mas logo se voltou seguro e iluminado: – É claro! A hora que você me ligou era horário de atendimento.
– Do que você está falando? – Franzi o cenho. – Você foi ao médico?
– Eu não, já disse que o celular não está comigo.
– E com quem está, então?
– Com o Adriel, eu emprestei ontem para ele. Como eu vou ficar de molho por quinze dias, eu não preciso me preocupar com ligações do trabalho; que são as únicas que recebo.
– Com o Adriel? Como assim? E que papo é esse que você só recebe ligações do trabalho? A Estela vive te ligando – despejei. Eu precisava me certificar. Será que a Estela o preparara para mentir para mim?
Jadir me olhou divertido, coçou a lateral da bandagem, e falou:
– Você sabe o que a Estela está pretendendo fazer na semana que vem... Ela liga para muita gente, além de mim. Por exemplo, ela liga para a tia, para o Emerson, para o Daniel, para você inclusive.
Engoli em seco com um pouco de constrangimento. Ele continuou:
– Além do mais nós temos um projeto do qual você também tem participação. Estamos planejando a campanha de doação de sangue e o memorial da Mikaela. Ainda faltam seis meses, mas receio que não terei tempo para depois...
– Por que o celular está com o Adriel? – O interrompi. Não estava convencida ainda.
Jadir riu, deu de ombros e respondeu:
– Acho que você deveria perguntar para ele.
Perguntar ao Adriel... Ah, é claro que eu perguntaria para o terceiro suspeito. Mas, ainda havia o que elucidar.
– Ok. Deixa o celular para lá... Mas, e quanto a você, Jadir? – Perguntei relaxando a expressão. – Tem lido muito ultimamente?
Ele fechou a expressão e bufou:
– Não quero saber de leitura nenhuma mais. Não aguento mais aqueles livros imensos de fisioterapia e medicina. ... Por que pergunta? Há algo que você me recomenda para ler?
Neguei com a cabeça.
Não consegui pescar nada que pudesse incrimina-lo no roubo do diário, mas ainda não poderia descarta-lo...
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E aí? Quem roubou o diário? O que vocês acham? ... E será que Natiel não vai se incomodar em ver a Natalie conversando com o Jadir?
Até breve seus lindos! <3
Música do capítulo: "Billie Jean" – Michael Jackson (CoverBy Per Frederik "Pellek" "Ãsly")