Asp. - Hiatus

By IsaOliv

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Você é o som da minha canção, é a calma dos seus braços, a dor das minhas feridas. Você é o meu sol. Seja o... More

Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
.
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
A Trilogia - fragile
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Oi
Capítulo 28
Capítulo 29

Capítulo 17

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By IsaOliv

"Os olhos de Patch eram como órbitas negras. Absorviam tudo e não devolviam nada. Não que eu quisesse saber mais sobre ele. Se não gostei do que vi por fora, duvidava de que fosse gostar do que espreitava lá no fundo.
O único porém é que isso não era bem a verdade. Eu adorei o que vi."
- Becca Fitzpatrick

Narrado por Alyce

Eu nunca notei, mas sempre que o via, o meu corpo reagia à sua presença. Não era só o meu emocional que se tornava instável, mas até o meu corpo correspondia a ele. Os meus batimentos cardíacos se tornavam ora muito acelerados, ora muito lentos, assim como a minha respiração. Era como se eu me esquecesse de como respirar e nem me lembrasse de que tinha de o fazer.

O meu corpo ficava como gelatina, pernas bambas e braços tremendo, sem falar do suor frio. Eu sentia o meu estômago dançar dentro de mim. Boca seca e olhos piscando demais, e às vezes de menos.

- Espera, eu vou só pegar os pratos. - digo enquanto deixo o macarrão em cima do balcão.

 Volto para os armários e fico nas pontas dos pés para pegar os pratos, que foram colocados junto dos copos nos lugares mais altos possíveis, como uma estratégia para sujarmos menos louças, feita por Mara, a mulher que vem três vezes por semana na minha casa nos ajudar a manter tudo sob controle.

- Quer que eu pegue para você? - ele pergunta ao ver o meu fracasso. Nego com um aceno de cabeça.

- Que droga.

- Alyce... - começa, mas não termina, e sem esperar uma resposta anda até mim. Ergue um braço e invés de pegar os pratos, ele os coloca numa prateleira mais baixa. Controlo a vontade de repreendê-lo e levo as louças para o balcão. Eu o diria para colocá-los no lugar onde pegou, mas quero experimentar o meu macarrão logo. Fiquei indecisa quanto ao molho e estou ansiosa.

 Quando os dois estamos servidos, eu o observo e espero que experimente o que fiz.

- Estou começando a ficar com medo desse olhar. - passo a fitar o seu prato - Melhorou bastante. - assinto, sem o encarar.

 Por dentro estou animada, porque quero que alguém além de mim também goste do meu molho branco e do único prato que sei fazer. Limpo a garganta.

- Pare de enrolar. - ele suspira antes de colocar o garfo cheio na boca.

 Mastiga lentamente e com os olhos fechados, enquanto bato as unhas no mármore, nervosa. Quando ele volta a me olhar, eu arregalo os olhos em expectativa.

- Então...

- Faltou um pouco de sal. - fecho a cara.

- Brincadeira. - volta a comer depois de me lançar um sorriso estranho e minúsculo. Será que gostou mesmo?

- Então você gostou?

 Ele termina de mastigar e assente. Simplesmente assente.

- Só isso? - assente outra vez enquanto continua dando garfadas. Bufo e puxo o seu prato para mim.

- O que foi?

- Não vai comer do meu macarrão.

- Por quê?

- Você nem disse que ficou gostoso. - ele franze o cenho antes de sorrir levemente.

- Desculpa, eu estava meio ocupado atacando ele. - o incentivo a continuar, mexendo as mãos - O seu macarrão ficou muito bom. Divino, maravilhoso, delicioso, bem temperado. - sorrio grande e deixo que volte a comer.

- Obrigado, Chef. - agradece. Estou a ponto de respondê-lo, quando ouço um motor de carro ser desligado.

- É o Alan. Você tem que ir embora. - ele suspira tristemente enquanto deixa o garfo em cima do prato.

- Por que seu irmão é assim? - me levanto e o puxo da banqueta. Quero responder que é porque tenho uma síndrome e ele tenta me proteger, mas não posso.

- Ele é ciumento. - minto.

 Ouço a porta principal ranger enquanto é aberta e me desespero.

- Você tem que ir logo. - grito sussurrando.

- Eu não tenho medo dele. - diz alto, me fazendo arregalar os olhos e tentar puxá-lo para a porta dos fundos, mas não se move nem um centímetro.

- Masque saco, Owen.

 Então ele finalmente sai do lugar e anda até a porta. A abro e o empurro para fora, onde fica o pequeno jardim da minha mãe. Segundos depois que fecho a porta, ouço barulhos na cozinha.

 Me volto para o moreno e não sei o que dizer.

- Obrigado pelo macarrão.

- De... - me interrompe.

- Amanhã trarei algo para você. - meu coração para por um segundo.

- Amanhã?

- Se eu puder vir.

 A minha resposta é sorrir, sem saber fazer mais do que um aceno de cabeça. Sem que eu espere, ele passa o antebraço pelo meu pescoço e me puxa para um último abraço.

 Deixo de me preocupar com Alan na cozinha e com tudo o que pode nos atrapalhar, e foco em abraçá-lo com força.

 Owen beija o topo da minha cabeça e murmura um "até mais" antes de ir embora. O nosso contato mexe tanto comigo que não consigo o responder.

 Volto para dentro de casa e me irrito quando vejo que não era Alan e sim Mara.

- É um garoto bonito, Alyce. - é a primeira vez que conversamos sem ser sobre a arrumação da casa. Ela trabalha aqui há dois meses e nos mudamos para cá pouco antes disso.

 É uma americana naturalizada que veio do México há muitos anos, é morena na casa dos quarenta anos e tem de beleza o que tem de seriedade.

- O-Oi?

- O Owen. - o meu corpo congela da cabeça aos pés.

- Você o conhece?

- Ele é amigo do meu filho.

- Você tem filho? - ela termina de arrumar o macarrão na geladeira e me olha, vendo que estou tentando mudar de assunto. Usa uma roupa florida que valoriza o seu corpo e faz com que eu me sinta feia.

- Sim, ele se chama Theo. - os olhos de areia me olham de forma diferente, mas não consigo entender.

 Ela é a mãe do Theo que estou pensando?

- Eles são amigos?

- Acho que não são tão amigos mais, faz tempo que não o vejo lá em casa.

 Eu achei que eles não se gostassem nem um pouco quando o encontramos no hospital.

- Ele é um belo garoto, Alyce, mas talvez não seja um bom garoto.

 Engulo em seco e não sei porque todos insistem em dizer isso.

- Por quê?

- Você tem certeza que não sabe? - diz antes de se virar e ir para a lavanderia.

~~~*~~~

 Nós não trocamos mensagens até agora, e por isso eu não faço a mínima ideia de que hora ele virá. São quase duas horas e estou desde o meio-dia rondando pela casa, sem saber por qual entrada ele virá. Quando a campainha toca, eu desço as escadas de forma tão afobada que acabo tropeçando e quase caindo, mas consigo me segurar no sofá.

 Abro a porta e o vejo parado com as mãos nos bolsos e a olhar seriamente o tapete vermelho de boas vindas.

- Oi, sou a Alyce. - digo oi e o restante sai automaticamente. Essa confusão não é um sintoma de Asperger, acho, mas um sintoma de Alyce - Quer dizer, oi. - corrijo antes de abrir caminho para que entre.

 Ele entra e olha ao redor.

- Você passa todas as tardes sozinha?

- Sim, e agora que os seus amigos roubaram meus irmãos, também estou passando as noites sozinha. - assente lentamente. Owen acena muito e fala pouco.

- Vai querer macarrão de novo? - quebro o silêncio e fecho a porta.

- Não, mas amanhã quero que vá comigo no Júlio. - se refere à macarronaria que quer me levar. Assinto, o imitando - Não tem mais ninguém aqui? - respondo positivamente - Então posso te dar o que trouxe?

- Sim. - franzo o cenho. Não o vi trazer nada.

 Dá um passo em minha direção e ergue a sua mão até o meu rosto. Eu penso que vai me puxar para um abraço, mas faz diferente e ergue o meu queixo. Se aproxima mais, até que eu sinta a sua respiração bater no meu nariz.

- O-O que... - ele me interrompe, se aproximando mais ainda. Seus lábios encostam na minha bochecha.

 Não sei o que fazer, onde colocar as mãos, se fecho os olhos, como respirar... Por mais que seja apenas um beijo na minha bochecha.

 O meu coração está quase saindo pela boca, e as minhas pernas não param de tremer. Quando ele se afasta, sinto como se não tivesse passado mais do que um segundo.

 Continuo com os olhos fechados, com vergonha. Tampo o rosto com as mãos e não tenho nem um pingo de coragem para vê-lo.

 Sinto os seus dedos quentes fazerem um leve carinho nos meus pulsos, e quando os puxa delicadamente para si, acabo abrindo os olhos.

 Suas mãos sobem para os meus antebraços e ele finalmente me puxa para um abraço. Não importa quantas vezes nos abracemos, sempre será como a primeira vez, e sempre será uma das melhores sensações do mundo.

 Quando nos afastamos ele sorri de lado enquanto se abaixa. Franzo o cenho, mas não tenho tempo de perguntar o que está fazendo, porque ele é mais rápido do que eu.

 Owen passa um braço por trás do meu joelho e me empurra, eu caio nos seus braços sem entender nada e completamente assustada. Caminha comigo em direção aos sofás e então me coloca sentada em um.

- O que está fazendo? - pergunto, ele pega uma almofada ao meu lado e me entrega.

- Coloque no rosto.

- Oi?

- Tampe os olhos assim. - empurra a almofada no meu rosto antes de me fazer segurá-la no lugar onde indicou.

 Puxa uma das minhas mãos e a abre no meu joelho, com a palma para cima.

- O que você... - me interrompe.

- Shhhh.

 Ele desaparece por um tempo, até que sinto algo peludo tocar a palma da minha mão.

 Me assusto e tento tirar a almofada do rosto, mas sou interrompida outra vez.

- Calma. Olha, eu sei que nos conhecemos há alguns dias e talvez seja estranho ganhar um presente meu, mas eu me lembrei de você quando o vi.

 Devagar, ele tira o objeto que tampa a minha visão e me deixa ver o tal presente. O que vejo me surpreende. Em cima da minha mão há uma pelúcia de aproximadamente 30 centímetros. É um lobo de pelo cinza com branco, tem olhos grandes, brilhantes e extremamente azuis. Um lado do seu corpo está sendo segurado pela minha mão, e o outro pela mão de Owen.

 O meu sorriso vai de orelha a orelha. É um dos melhores presentes que já ganhei. A minha empolgação torna difícil controlar a alegria que sinto.

- Muito obrigada, eu amei. - ele está ajoelhado em minha frente, e quase cai quando me jogo em sua direção e o abraço.

 Fico ajoelhada em sua frente e rodeio o seu pescoço num abraço. Ele retribui, eu fico mais feliz ainda. 

 Pela primeira vez sou eu quem me afasto, mas ele me segura antes que eu consiga voltar para o sofá.

 Pelo contrário, ele nos aproxima mais. Entendo o que quer fazer e me desespero. Acho que dessa vez não quer só beijar a minha bochecha.

- Owen... - o chamo, mas não consigo impedi-lo de chegar mais perto. Ele roça a sua boca na minha. Não sei como reagir, estou mais nervosa do que nunca.

 Sua boca toca a minha e isso nunca aconteceu antes. Sinto-o acariciar a minha bochecha enquanto mantém os lábios selando os meus. A posição em que estou é desconfortável, com os joelhos no piso gelado e a cabeça erguida para ele, que continua sendo bem maior do que eu, mas eu não consigo ligar para isso porque me esqueço de tudo que não seja a boca dele.

 Não sei como agir, e não esperava isso.

 Ele tenta me puxar para mais perto antes de movimentar os seus lábios, mas isso é impossível, eu acho.

 Meu coração se torna mais acelerado ainda, e as minhas mãos estão suadas e tremendo nos seus ombros. Sinto medo de perder o equilíbrio e cair sobre as minhas pernas e até a minha boca treme. Pareço ser toda feita de gelatina.

 Seus lábios macios se movimentam de forma lenta e delicada. Também são quentes e estranhamente firmes, assim como a sua mão que desce para a minha cintura.

 Isso é o que Owen causava em mim, e talvez até cause. É como se tudo em mim passasse a ser controlado por ele, sem nem precisar tocar em mim. Mesmo depois de tudo acabar, apenas com as lembranças do que existia antes de colocar um fim na nossa história, eu continuei a ser afetada pela sua existência.

Ainda é difícil me lembrar de tudo e não chorar... e não responder a ele. No silêncio consigo ouvir o som do meu choro, da minha respiração e das batidas do meu coração...

Na nossa história há outro paradoxo: eu acabei me tornando uma melodia aterrorizante, uma harmonia feia. Ele pode dizer a todos que essa era a sua canção, exclusivamente sua.


-------

um capítulo sem graça, provavelmente, mas vai melhorar a partir de agora, prometo <3

se gostaram não deixem de votar e comentar, por favor <3

desculpem por qualquer erro, hehe, passei a limpo de forma apressada.


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