Capítulo 29

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"Me acorde quando os tremores sumirem e o suor frio desaparecer
Me ligue quando acabar e eu mesma reaparecer
Eu não sei por que eu faço isso toda vez
É só quando estou sozinha
Às vezes eu só quero me esconder e eu não quero luta
Eu tento e tento
Apenas me abrace, estou sozinha."
- Demi Lovato (Sober)


Narrado por Alyce

A pior parte do que acontece comigo são as crises. É como se eu fosse fraca demais para ser pressionada ou contrariada, ou simplesmente para aguentar os meus pensamentos incriminatórios (que vêm de mim para mim). Depois de uma crise, eu me lembro exatamente do que senti, é como se eu acabasse de brincar num pula-pula e, ao sair, ainda sentisse as minhas pernas tremerem; mesmo depois de voltar ao controle, é como se a dor no peito ainda estivesse lá, como se o ar ainda me faltasse.

Na verdade, pareço sentir medo de perder o controle sempre, por isso temo tanto as crises, e por esse motivo acabo exagerando e fazendo coisas que me acalmam o tempo todo. Isso não é algo positivo, é como alguém que sofre da Síndrome do Pânico e não consegue nem sair de casa por conta do medo da morte..., mas é inevitável.


Outra vez, eu acordo de repente. Abro os olhos de uma vez e encaro o teto, a janela deixa uma fresta que faz com que os raios do sol desta manhã entrem e iluminem levemente o quarto. Eu automaticamente me lembro de horas atrás, antes de pegar no sono, foi estranho quando Owen tentou se aproximar e me abraçar. Ele percebeu, porque se contentou em apenas colocar a sua mão em cima da minha, e eu sorrio por me lembrar que ele não questionou o meu problema com essa proximidade, mas esse sorriso some quando percebo que não há o calor da sua pele sobre a minha. Sou tomada por um sentimento ruim quando noto a agitação ao meu lado da cama.

Rapidamente, eu me sento e olho para o lado, o que vejo é assustador. O corpo todo de Owen está se contorcendo, suas mãos, seus braços. Os seus olhos estão revirados, a boca espumada, sua pele e lábios pálidos. Ele está tendo uma convulsão.

Eu nunca senti tantas coisas quanto sinto depois de que conheci Owen, mas agora, nesse exato momento, não há nada além de desespero para sentir. Porém, é como se a parte inteligente do meu cérebro tivesse sido desligada. Eu sei exatamente o que fazer, eu já passei por situações como essa, as ordens são claras: vire o corpo de lado, coloque algo macio embaixo da cabeça e tire objetos perigosos de perto. Só que algo acontece e depois que contorno a cama correndo até o seu lado, fico parada, em choque.

Então, quando Owen trava a mandíbula e parece revirar mais os olhos, é como se eu me despertasse um pouco do choque. Ligo o abajur ao lado da cama e me volto para o corpo agitado em minha frente. Preciso de muita, muita força para conseguir virar o seu corpo de lado e segurá-lo. Quero chamar alguém porque nenhuma situação tão séria dependeu apenas de mim, e quando ouço o som de um celular vibrando no chão, embaixo da cama, corro para alcançá-lo.

- Por favor, não tenha senha, por favor...

Eu desbloqueio o celular do homem inconsciente ao meu lado e agradeço aos céus por não ter algum código. Corro os olhos pelos contatos procurando o número de Ian. Quando o acho, desesperadamente inicio a chamada e coloco o celular na orelha. Eu quero ligar para Alyson e dizer que estou com medo, mas não posso.

- Owen? O que...

- Ian! É a Alyce, ele... O Owen... - o baque alto me assusta e eu olho para o homem convulsionando na cama. Ele acabou de bater a cabeça no criado-mudo com força o suficiente para fazer um corte feio que dispara a sangrar.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 04, 2018 ⏰

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