"O eco, tão longo quanto o equador, viaja através de um mundo de raiva construída tarde demais para se endireitar agora. [...] Falhas tremem debaixo de nossa casa de vidro, mas eu tirei isso da minha mente tempo suficiente para chamar de coragem, para viver sem um plano."
– Sleeping At Last,
Earth (Terra)Narrado por Alyce
Eu não sei porque o céu rosa me acalma. Acho que é porque eu vejo algo que é constante, que todos os dias, na mesma hora, está do mesmo jeito, independente do que aconteça ao seu redor – ou, no caso, embaixo dele.
Os pingos grossos da chuva me molham por completo. Meu rosto está sendo massageado de forma deliciosa, e as minhas roupas já estão ensopadas. Olho para o que acontece atrás dos meus pés erguidos pelo chão, e vejo Axel ainda correndo pelo campo, atrás da bola que ele joga para lá e para cá. O que acontece é que ele se fez um desafio impossível, eu disse isso para ele, mas ele não me deu ouvidos e acha que vai conseguir realiza-lo. Ele joga a bola o mais forte que consegue para o outro lado do campo de futebol, e tenta pegá-la antes que ela caia no chão.
Quando finalmente olho para o lado, encontro Owen de olhos fechados enquanto a chuva molha o seu rosto e o cabelo escuro está grudado na sua cabeça. Eu quero pedir para que ele abra os olhos e me deixe ver as íris de carvão que me encantaram, mas não faço isso porque ele parece mais relaxado do que nunca.
– Obrigada. – digo, esperando que ele não me ouça e continue da mesma forma – Você faz com que eu me sinta normal.
Owen, de repente, vira o rosto em minha direção. Seus traços estão fechados e sérios, diferente do que eu esperava. Na verdade, eu esperava que ele não me ouvisse por causa do som alto que a chuva faz.
Engulo em seco e desvio o olhar para um Axel que desconta as suas frustrações na pobre bola de futebol americano.
– Não quero que você se sinta normal, Alyce. Você não é normal, por que deveria se sentir assim? – as suas palavras me espantam e fazem com que eu o olhe com uma surpresa negativa.
– Eu não esperava isso de você. – me sento e ouço o barulho da chuva diminuir. Está começando a ficar frio e eu me arrependi de ter convencido Owen de aproveitar a chuva comigo e o seu irmão.
Eles brincaram de diversas coisas diferentes e, no começo, eu tentei acompanhá-los, mas acabei desistindo depois de dez minutos, porque não mando muito bem em brincadeiras que precisam de uma trabalhar a coordenação motora, então me sentei na arquibancada e passei a observá-los rindo e se divertindo, e, quando começou a chover, Owen quis correr para um lugar coberto com medo de que Axel pudesse pegar uma gripe, mas acabei conseguindo convencê-lo a nos deixar aproveitar a chuva e a fazer isso conosco. Nós nos molhamos e corremos ao redor do enorme campo, e cansamos depois de poucos minutos, mas o garoto mais novo, não, e está brincando desde então.
Owen se senta também, e me olha com o cenho franzido.
– Eu... – o interrompo.
– Me desculpe, mas você me magoou. – meu lábio treme, ele ri fracamente e eu não entendo o motivo.
– Você é muito sensível, e não entendeu o que eu disse.
Owen pega o meu braço, que estava apoiado na grama verde, e move o seu dedão de forma circular na palma da minha mão. Então ele a solta e volta a me olhar com seriedade. Eu nunca achei que alguém pudesse ser sério o tempo todo, mas agora parece que esse semblante se encaixa com ele e não consigo o imaginar com outro, o problema é que eu não sei se ele está completamente são, e bipolaridade me assusta.
ESTÁ A LER
Asp. - Hiatus
RomanceVocê é o som da minha canção, é a calma dos seus braços, a dor das minhas feridas. Você é o meu sol. Seja o meu sol e eu serei a sua lua. Seja o meu eterno efêmero abraço. "O corpo é um caminho: ponte, e neste efêmero abraço busco transpor o abismo...