Capítulo 14

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"Não acho que sejamos pessoas ruins. Por que não podemos apenas ser felizes juntos?"
- Leisa Rayven

Narrado por Alyce

Ficamos destruídos no fim da nossa história, e eu gostaria de ter alguém para culpar além de nós dois, mas não há.

Qualquer um poderia ser o vilão da nossa história, mas juntos, eu e ele, acabamos com tudo.

Essa nunca seria vista de longe como uma festa infantil. Tem X-BOX, karaokê e jogos infantis, mas, depois de Axel, eu provavelmente sou a pessoa mais nova, com 17 anos. O restante das pessoas são amigos de Owen apaixonados pelo seu irmão mais novo.

Já estamos aqui há cerca de três horas e é quase meia-noite, mas acho que a festa não está nem perto de acabar. Isso deveria me animar, porque ele está aqui, mas não é isso o que acontece. Desde que cheguei estou encostada numa parede a observar as conversas sem fim de Alyson e Ian. O meu refrigerante está quente e perdeu o gás, e não bebi nenhuma vez sequer, assim como Owen também não lançou nenhum olhar para mim desde que cheguei.

Eu me convenci de que o encanto durou apenas porque achei que ele fosse diferente e me achasse normal, mas percebi que mais cedo, quando disse a ele que queria vê-lo, ficou estranho. Talvez quisesse ser meu amigo por pena porque sabe que tem algo de errado em mim.

Alyson estala os dedos na frente do meu rosto.

- Tudo bem por você se formos jogar GTA?

Eu assinto e beija a minha bochecha antes de ir para perto da TV enorme. Sei que ela e Ian queriam ficar sozinhos e me sinto mal por atrapalhá-los, mas minha irmã se negou a me deixar quando insisti. Sinceramente, não sei se foi por causa de Asperger ou não. Todos sempre são protetores comigo como se a qualquer momento eu pudesse começar a gritar e me desesperar, mas Alyson é diferente.

Assim que eles sentam no sofá, deixo o copo de plástico em algum lugar qualquer e atravesso a sala em direção à porta. Os móveis são todos da mesma madeira e cor, e a sala é tão grande quanto a minha sala e cozinha juntas. Me sinto bem ao deixar o lugar chique e respirar o ar puro do lado de fora.

Eu me sento no passeio e passo a refletir sobre o porquê de todas as festas que vou acabarem em um meio-fio, que é mal cuidado assim como a entrada da casa enorme, o que contraria o seu interior chique e limpo.

Eu penso sobre como estava animada para sair de casa e vê-lo, o que não se parece nada com os meus dias antes de encontrá-lo pela primeira vez, já que eu ficava todos os dias trancada no meu quarto a ler jornais e pesquisar sobre astronomia. Agora não sinto mais nada. Não quero vê-lo mais porque a decepção é maior do que a vontade que tinha antes.

Cinco segundos depois, quando finalmente percebo que há alguém perto de mim e desvio meu olhar das estrelas no céu, vejo-o encostado na traseira de um carro do outro lado da rua. Em outro momento o cumprimentaria de forma desajeitada e sorriria, mas nossos encontros clichês me desanimam mais ainda.

- Ei. - diz. Ignoro-o e volto a olhar para o céu, que está pouco menos escuro que seus olhos - Está me ignorando? - eu não sinto nem um pouco de brincadeira em sua voz.

- Sim. - digo. O incômodo que vem até mim por causa dele é diferente do que vem por causa de outras pessoas. Ele não é por conta da minha síndrome, e sim por ser um babaca comigo.

- Ah. Por quê?

- Foi o que você fez lá dentro. - cerra a mandíbula.

- Mas não estou fazendo isso agora.

Asp. - HiatusWhere stories live. Discover now