Capítulo 11

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"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."
- Friedrich Nietzsche

Narrado por Owen

Não era um monstro. Sabia que não devia ter pedido-a para me ajudar na madrugada anterior. que foi impossível não falado para me encontrar quando me lembrei dos seus olhos surreais brilhando para mim. Na primeira vez que a vi, a achei bonita e queria me aproveitar do seu ânimo por causa de mim, só que depois simplesmente me... encantei. Não sei se foram as drogas ou o meu cérebro clamando por paz, só sei que algo fixou seu olhar na minha cabeça e não quero deixar de ver a imensidão azul tão cedo.

 Ela pisca.

 A assustei.

- Como? Você tem uma síndrome? - rio. Em outro momento eu talvez nem a responderia.

- Não precisa se apavorar. - na verdade ela precisa, mas não quero que se assuste.

 Gosto de como não consegue ler minhas expressões e parece sentir e pensar de várias formas diferentes ao mesmo tempo.

- Não estou apavorada. - fungo e sorrio. Ela tem seus olhos levemente arregalados e a boca seca - Que síndrome?

- Eu contaria, mas não quero que deixe de ser a única. - não quero que fique assustada como todas as outras e fale comigo só por diversão. Pelo menos agora, estando drogado, eu não quero.

- A única que bloqueou ou esqueceu o nome? Ou simplesmente a única com a qual se tornou estranho de repente? - semicerro os olhos. Alyce fica muito bonita quando fala, mas dificulta tudo para mim e impede que me aproxime.

 Vou me aproximar de forma lenta para que pense que me apaixonei, mas também me afastarei devagar para que não sofra tanto. Agora, drogado, eu não quero fazer mal a ela, só quero pra mim um pouco da calma que carrega. Não sou egoísta.

- Mil perdões, Alyce, é que eu não estava drogado. - eu gosto da forma como o seu nome se encaixa perfeitamente com ela.

 Ela não parece acreditar, mas assente.

- O que veio fazer aqui fora?

- Falar com você. - não minto. Ela sorri. Droga, acho que não estou indo lentamente.

 Franzo o cenho, confuso com os meus pensamentos, e pisco forte para pensar claramente em como mudar de assunto.

- Não sente medo?

- Por que sentiria? - talvez ela seja um pouco mais lerda do que eu pensei. Felizmente, estou drogado.

- Sou um cara que sofre de uma síndrome ridícula e está drogado.

- Sinto, claro que sim, mas gosto de você.

 Ela é sincera e isso me fascina. Eu esperava que mentisse e dissesse que não, mas não é nem um pouco previsível.

 Estou a ponto de respondê-la quando sua irmã passa correndo pelas portas duplas. Alyson olha para a mais nova com os olhos lacrimejados e soluça, fazendo com que ela se levante rapidamente.

- O que foi? - ela fala e um segundo depois Ian chega bufando de raiva. Seu rosto está vermelho e parece extremamente irritado.

- Alyson. - ele está a um passo de distância dela quando Alyce se mete em sua frente e o olha com a expressão fechada. Dá um passo para o lado e ela faz o mesmo, e nas outras duas tentativas o impede novamente, cruzando os braços.

 Ian bufa outra vez e eu rio, vendo-a defender sua irmã.

- Alyson, tem como parar com isso? - Adami, a prima do meu melhor amigo, aparece logo e segura-o pelo braço. Ela estava animada, mas agora parece pra baixo e vejo que sou o único que não está decepcionado com algum Baker.

- Ei, vamos para casa. - Ian nega uma única vez antes de ver Alyson limpar uma lágrima e ir para o seu carro com a morena.

 Só resta a mim e as duas irmãs bonitas, e volto a olhar para ela.

- Acho que tenho que ir, Alyce, até outro dia.

 Eu vejo que ela quer falar comigo, mas não o faz porque vê seu irmão chegando e apenas acena. Corro para o carro de Ian.

~~~*~~~

 Paro na casa dos primos e olho para o homem ao meu lado, que veio o caminho todo xingando algum ser chamado Noah. Adami permaneceu calada do boliche até aqui. Algum dos dois devia estar dirigindo, mas o mais velho está irritado demais para dirigir e a outra é acelerada demais para mim. Ainda não pretendo morrer.

 Eles descem do carro depois que combino de devolvê-lo no dia seguinte. Dirijo para casa e no caminho compro a comida preferida dele.

 Pego a sacola com dois cachorros quentes depois de deixar o carro na garagem, e entro em casa com ela escondida atrás de mim. Quando passo pela porta recebo o seu olhar automaticamente. Está sentado no sofá vendo um jogo de futebol americano na TV.

- Já escolhi  que quero ser. - diz. Seu cabelo escuro está cortado igual ao meu e a maneira que semicerra os olhos é idêntica à minha.

- Eu te ensino a jogar futebol se ganhar de mim na queda de braço.

 Num pulo ele se levanta e sorri de lado para mim, exatamente como eu faço.

- Antes... - tiro a sacola de trás das costas e fecho a porta - ... coma. Não, quero que use o estômago vazio como desculpa para a sua derrota.

 Os olhos de Axel brilham ao verem os cachorros quentes e ele corre até mim para pegar o embrulho branco, indo rapidamente para a mesa. O observo atentamente para que não se machuque.

 Nós moramos sozinhos desde quando fiz dezoito anos, dois anos atrás, no ano em que nosso pai morreu, com trinta e seis anos, por conta do mesmo problema que assombra a mim e Axel, o meu irmão de onze anos.

 A Síndrome de Riley-Day.

O que eu não imaginava era que a imensidão azul de seus olhos ferraria comigo da pior maneira possível... me fazendo acabar com ela mesmo sem querer.

Não era um monstro, mas me tornei um.

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DIGITEI CORRENDO ENTÃO PERDÃO PELOS ERROS. NÃO PUDE RESPONDER OS COMENTARIOS DO CAP ANTERIOR MAS AMANHA RESPONDO (POR CAUSA DO HORARIO)

amo vcs <3 espero q tenham gostado. se quiserem, faço uma segunda parte pra essa narração do Owen (uma de 500 palavras)

Asp. - HiatusWhere stories live. Discover now