Capítulo 28

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"Você sabe que eu preciso de alguém
Alguém como
você
Fora na noite, enquanto você vive, eu vou dormir
Fazendo guerras para agitar o poeta e a batida
Eu espero que isso faça você notar
Alguém como eu"
– Kings Of Leon


Narrado por Alyce

É estranho não entender emoções, sentimentos – principalmente os meus. Naquele dia, quando Owen disse que me amava, eu me acalmei e foi como se o meu coração lentamente voltasse à vida, completamente restaurado – é estranho dizer que não parecia mais ter levado um tiro e que o meu corpo todo parecia flutuar.

Então segundos depois ele disse que mesmo assim tinha que partir. Eu deixei de tentar ficar longe porque achava que o seu problema era eu e eu o estava destruindo, chorei, gritei e implorei. Por que ele me deixava, se dizia me amar?

Eu acordo apavorada. No meu sonho aconteceram coisas horríveis, Owen estava lá e foi... pesado. Meu cabelo está grudado no meu rosto e costas, eu estou suada num clima absurdamente congelante. Procuro o celular na minha cama, mas não o acho.

Me levanto, desesperada, e jogo o meu cobertor no chão. O aparelho pequeno voa para o outro lado do quarto e eu corro atrás dele. Graças a Deus, não está (mais) quebrado. Há duas mensagens de Owen de três horas atrás.

"Você está com sono?" – Owen Atlas, às 00h37.

"Dormiu, né?" – Owen Atlas, às 00h46.

Vejo que a última vez que esteve online foi cinco minutos depois que me mandou a sua mensagem e engulo em seco.

"Acordei. Desculpa." – Alyce Barker, às 03h50.

"Está aí ainda?" – Alyce Barker, às 03h50.

Ele leva questão de segundos até visualizar e digitar uma resposta. Solto o ar que segurava.

"Volte a dormir, está tudo bem." – Owen Atlas, às 03h51.

Não, não está. Há dias ele me pediu para conversar com ele até que conseguisse dormir, então acabou virando uma rotina. Provavelmente é por causa de Axel, que ainda não voltou para casa e ele não vê desde quando o deixou depois que o irmão me tratou mal – então foi por culpa minha, de certa forma, mas Owen não vê como eu vejo. Eu quero fazer perguntas e entender o que está acontecendo, mas Alyson me disse para ter paciência.

Eu não o vejo há dias, porque me disse que queria melhorar e não posso vê-lo assim (em abstinência). Sinto saudades, mas se sobressai o medo dele fazer alguma besteira quando não está dentro de casa.

"Está em casa?" – Alyce Barker, às 03h52.

"Sim, cheguei agora." – Owen Atlas, às 03h53.

"Onde estava???" – Alyce Barker, às 03h53.

"Fique tranquila, minha linda." – Owen Atlas, às 03h54.

Eu me levanto sem pensar duas veze e calço o primeiro sapato que encontro. Desço as escadas correndo e vejo Alan dormindo com a namorada no sofá. Eu pego a chave do carro jogada na estante e saio de casa, mas vejo-o coberto de neve.

"Não saia de casa." – Alyce Barker, às 03h56.

Eu envio a mensagem e guardo o celular no bolso da minha camisola, que é a única coisa que eu visto. Encontro a bicicleta de Alyson escondida na garagem e a pego, rapidamente me sentando.

Asp. - HiatusDonde viven las historias. Descúbrelo ahora