Uns 5min depois que sentei na calçada, vi a Karol descendo a escadaria, segurando com uma mão a Bárbara e com a outra mão a Bianca. O Pedro tava pegado na mão da Bianca. Parecia gente grande! A Jane tava descendo a escadaria atrás deles quatro. Quando terminaram de descer, sentaram todos do meu lado, mais especificamente, a Bianca no meu colo.
— Bianca: Cadê o papai?
— Fernanda: Tá ocupado.
— Bianca: Fazendo?
— Fernanda: Tá muito curiosa você.
— M. Karolinna: Onde ele tá?
— Fernanda: Ai, meu Deus. Tá ocupado, e não vou dizer o que tá dizendo! Querem ficar quietas?
Elas ficaram caladas: a Karol com a cara de paisagem dela, olhando quem passava pela rua, e a Bia com o bico daqui até a China. O Luquinhas também ficou olhando quem passava pela rua. A Jane tava fazendo o mesmo, mas percebi uma aflição no olhar dela. Nossa, ai, ouvi um grito do Bruno seguido de um da Beatriz.
— M. Karolinna: O papai tá estuprando a Beatriz? — Disse assustada
Olhei pra ela e fiz um movimento mínimo com a cabeça, assentindo. Ela voltou a olhar pra frente. Minha barriga tava roncando de fome, e a essas alturas, o almoço já devia tá pronto. Arrastei os pivetes pra casa na tentativa de fazê-los parar de perguntar o que o pai deles estavam fazendo, mas almoçamos sobre o som da mesma pergunta "cadê o papai?". A Jane não soltou nenhuma palavra enquanto almoçava. 13H, o Bruno chegou em casa, rindo. Subiu direto, sem falar com ninguém. Os pivetes queriam brincar na varanda lá de cima, mas não deixei nenhum dos quatro subir, se não iam fazer a pergunta diretamente pro Bruno, que ia falar a verdade logo, porque ele não esconde nada dos filhos, tipo NADA. Se a Bianca chegar agora mesmo pra ele e perguntar o que é boquete, ele vai responder. Então, os pivetes foram brincar no quintal mesmo. Aproveitei a desculpa de que a maioria dos brinquedos deles ficam aqui em baixo. Eu precisava conversar com a Jane, mas tava travada. Parece que ela entendeu que eu queria falar, e por conta própria, puxou assunto.