O Quarto ao Lado

By LehHGodoy

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Charlotte Helstone só precisa dizer a verdade, porém isso pode ser mais difícil do que realmente parece. Depo... More

Prólogo
PARTE UM
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PARTE DOIS
Esclarecimentos
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By LehHGodoy

Rodei a cidade toda e nenhum sinal da Toyota vermelha.

Parecia que o carro simplesmente tinha evaporado e toda vez que tentei ligar para Jayden, deu caixa de mensagem. Desanimada, desisti de minha busca e voltei para casa. Estava sentada no sofá quando algo me veio à cabeça: eu estava sozinha! Eu podia verificar as coisas da megera!

Um sorriso espontâneo se apossou de meus lábios e eu corri em direção ao segundo andar a fim de vasculhar as coisas de Nelly. Comecei pelo seu guarda-roupa. Não havia nada de interessante ali. Depois passei para o criado-mudo, o banheiro, debaixo da cama... meu Deus! Olhei em todo canto e não encontrei nadinha! Talvez, o que eu precisasse não estivesse mesmo ali.

Decidi descer ao escritório e fuçar em seu computador. Mas é claro! Como pude ser tão burra? Nelly passava horas em frente ao computador resolvendo "assuntos" e eu tinha realmente ido procurar no quarto? Sherlock Holmes com certeza diria que eu era a negação da arte da investigação.

Liguei seu computador de mesa e fiquei esperando ele iniciar. Parecia que o sistema estava demorando um ano de tanto que eu estava ansiosa. Tinha medo de que, de alguma forma, ela voltasse e me pegasse no flagra.

— Pare de ser burra, Charlie! — disse para mim mesma, enquanto clicava na pasta de documentos da Nelly.

Ninguém iria chegar.

Meu pai estava trabalhando, Nelly tinha viajado e Jayden sumido no mapa. Era só eu e eu mesma. Respirei fundo e comecei a olhar seus arquivos; a maioria era realmente de assunto empresarial, outros eram rascunhos de coisas aleatórias e aparentemente não tinha nada comprometedor. Nada que a delatasse. Então pensei por mais alguns instantes e decidi verificar o seu histórico de navegação da internet, vai que tinha algo que me desse alguma pista?

Para minha surpresa, além do site do seu próprio emprego, Nelly tinha acessado muitas vezes seu e-mail pessoal. E quando digo muitas, é muitas mesmo! Aquilo me deixou curiosíssima e eu abri o website, dando um sorriso logo em seguida. Meu Deus! Alguém era mais burra do que eu! Nelly deixou a senha salva, então não foi nada difícil acessar sua caixa de entrada e, pasmem, ela tinha recebido milhares de e-mail de um tal de "T. Raikkönen"

Eu sabia que Raikkönen era o sobrenome do meu tio falecido, sendo, assim, consequentemente, o sobrenome de Jayden. Porém, nunca tive muito contato com esse meu tio, sabia apenas que ele era finlandês e tinha conhecido Nelly em uma viagem de negócios. Então, quem seria aquele Raikkönen que trocava tantos e-mails com Nelly?

Isso me deixou com a pulga atrás da orelha. Decidi abrir a mensagem e ver o que dizia:


"Não dá mais, Nelly! Temos que dar um jeito na situação. Precisamos nos encontrar. Volte para casa.

Att.

T. Raikkönen".


O que a mensagem queria dizer, bem, naquele momento, eu não sabia. Respirei fundo e olhei os outros e-mails, eram sempre no mesmo estilo. Pediam para que Nelly voltasse para casa, dizia para ela desistir do plano, pois não iria dar certo e mais um monte de coisa. No fim, sempre a mesma assinatura.

Enquanto eu mexia na caixa de entrada da minha madrasta, um barulho esquisito anunciou a chegada de mais um e-mail. Este possuía como assunto a seguinte frase: RESPONDA RÁPIDO. URGENTE! Senti os pelos do meu braço arrepiarem diante daquela mensagem, a dúvida entre abrir e não abrir começou a consumir o meu ser...

— O que você está fazendo?

Uma voz grossa se fez audível e me fez levantar imediatamente, meus olhos encontraram um Jayden intrigado, vindo rápido em minha direção. Só tive tempo de pressionar o botão do CPU do computador com força para ele desligar.

— N-nada... — respondi gaguejando, vendo a fúria nos olhos dele se intensificar à medida que se aproximava mais.

— Pela sua cara de espanto, não diria que é nada.

Droga! Eu realmente era péssima com essa de esconder as coisas nas expressões, provavelmente eu estava com uma cara de besta naquele momento que denunciava minha culpa.

— Jay, não é nada, meu laptop não quis ligar e eu precisava muito fazer uma pesquisa, por isso decidi vir aqui — com toda a certeza do mundo era uma péssima mentira, mas por incrível que pareça, ele pareceu acreditar, pois suas expressões relaxaram um pouco. Então, pensei que era a minha vez de agir. — Mas e você? Que história é essa de festa aqui em casa e com quem estava naquela Toyota?

— Está tentando desviar o assunto, Charlie, consigo sentir isso a quilômetros! Se fosse só uma pesquisa, por que você estaria tão nervosa?

Garoto esperto! Tentei relaxar e me coloquei junto a ele, a fim de falar no seu ouvido. Não sabia se eu ainda exercia algum poder sobre o seu corpo, mas poderia tentar.

— É por que eu estava tentando te localizar o dia todo, então me assustei quando escutei a sua voz, querido — sussurrei em meu tom mais sensual e então coloquei as mãos em seu peito, em forma de carinho. — Você tem sido muito mal comigo, Jay.

— Você está mentindo — afirmou, mas não tão convicto quanto antes. Sim, eu ainda tinha poder sobre ele. Não faria mal utilizá-lo, correto?

Passei o meu nariz pelo seu pescoço, respirando compassadamente de encontro a sua pele e desci um pouco as mãos, parando no cós de sua calça jeans. Jayden ficou rígido e era visível o quanto estava abalado por aquele gesto. Homens... não é tão difícil assim distraí-los.

— O que você está fazendo, garota? — perguntou entre dentes e então tive certeza de que estava ganhando.

— Estou com saudade... — sussurrei.

Jayden não teve tempo de se esquivar, pois agarrei sua cabeça com as duas mãos e beijei-o de forma intensa, deslizando minha língua para o interior de sua boca, explorando-a de uma forma sensual, enquanto meu corpo se juntou ao dele. Não sei o que se passou por minha cabeça exatamente, sei que senti um arrepio bom perpassar toda a minha pele e soltei um gemido baixo, rouco e carregado de um prazer insano que só aquele toque de suas mãos agarrando minha cintura conseguia provocar. Ao escutar meu gemido, ele correspondeu com um aperto mais forte, elevando o meu corpo e colocando-me sentada em cima da mesa.

Quanto mais você tenta resistir, menos consegue. A carne é fraca...

Enlacei minhas pernas na cintura dele e o beijo foi ficando mais quente, até que seus lábios escorreram por meu pescoço, cobrindo cada centímetro de pele e me fazendo delirar com a sensação maravilhosa de ser desejada por alguém como ele demonstrava me desejar naquele momento.

Em poucos segundos, suas mãos já estavam por dentro da minha blusa e eu, desesperada pelo prazer que estava sentindo, deslizei minhas mãos pelo corpo de Jayden até conseguir arrancar sua camisa.

— Quero você, Jay, quero muito! — disse, enquanto desferia beijos por seu peitoral e mordiscava de quando em vez.

Jayden soltou um gemido alto e me pressionou um pouco mais de encontro ao seu quadril, fazendo com que um arrepio delicioso subisse por minha coluna. Já tinha perdido o foco de tudo... Como aquele garoto conseguia me desestabilizar tanto? Porém, algo que eu não esperava aconteceu: Jayden se afastou de mim e me olhou com raiva, pegando sua camisa do chão.

— Você não vai me usar de novo.

O ressentimento em sua voz era nítido e ele se retirou do escritório o mais rápido possível. Fiquei sentada em cima da mesa, respirando ofegante e estava cansada daquilo. Não queria mais que ficássemos naquele clima. Sua ignorância durante tanto tempo tinha me destruído e apesar de tudo, eu não podia negar o quanto ele mexia comigo. Estava sendo sincera quando disse que o queria. Levantei-me da mesa e sai correndo atrás dele.

— Jayden! — gritei.

Ele estava subindo as escadas. Fui atrás. Jayden fechou a porta de seu quarto e eu a segurei com o pé, entrando em seu quarto e trancando a porta. Precisávamos ter aquela conversa. Não podíamos mais viver correndo um do outro.

— Por que está agindo assim comigo? — perguntei, sentindo as lágrimas arderem em meus olhos.

— Por que você está fazendo isso comigo? — devolveu ele, encostando-se à parede. Estava visivelmente abalado também.

— Eu não estou fazendo nada agora — respondi, dando dois passos em sua direção, o que o fez intensificar a cara de dor. — Jay, eu abri o jogo com você porque não queria te enganar mais, porém eu fiz isso porque já faz tempo que meus sentimentos por você se tornaram muito confusos...

— Isso é mentira! — gritou ele, olhando-me com tanta raiva que me fez recuar.

— Eu juro que não... — disse. — Eu acho que estou apaixonada por você e isso não faz o menor sentido para mim! — Deixei as lágrimas escorrerem por meu rosto livremente. — Eu tinha tudo até te conhecer! Uma família feliz, um namorado atencioso, popularidade na escola... acredite, tudo o que uma garota poderia querer! Então você chegou e foi tirando cada coisa de mim, eu deveria te odiar e por muito tempo acreditei que era isso o que eu sentia por você. Comecei a me aproximar e te provocar com a intenção de atingir a sua mãe, mas... você mudou algo aqui dentro e eu não consigo parar de pensar no quanto gosto dos seus olhos fixos nos meus, no quanto gostei de saber que fui sua em todos os sentidos... Jayden, você precisa acreditar em mim!

Sentei-me em sua cama enquanto dava vazão a todos os sentimentos que estavam reprimidos dentro de mim. Nunca tinha sido tão sincera quanto naquele momento e sentia-me aliviada por ter tido coragem de dizer tudo. Fiquei cabisbaixa e não muito tempo depois, senti uma mão em meu ombro e outra em meu cabelo. Jayden me puxou para os seus braços e me abraçou forte, tão forte que me senti segura ali.

— Charlie, minha Charlie — sussurrou ele, embalando-me como a uma criança. Não pude deixar de sentir um frio na barriga ao ele me chamar de sua e então levantei os olhos para mirar aquelas duas esferas negras que eu tanto gostava.

Jayden me surpreendeu com um beijo. Porém, era um beijo calmo e terno. Aproveitei para explorar sua boca de forma demorada, entregando-me ao momento completamente. Ele me induziu a deitar e começou a me acariciar como se eu fosse uma flor e merecesse todos os cuidados do mundo. Livramo-nos aos poucos das roupas que ainda restavam em nossos corpos, depois foi a vez dos sapatos e então, quando nos unimos, senti meu corpo explodir em mil fogos de artifícios.

Ele me fez gemer de prazer e foi gentil, sensual e tão envolvente que tudo o que eu queria era que chegasse ao ápice. Meu corpo se retorcia com os espasmos de cada estocada sua, fazendo-me delirar em seus braços e nossos corpos se encaixavam tão perfeitamente que gozamos juntos. Ele soltando um gemido rouco e eu gritando alto e unhando suas costas, pois foi o melhor orgasmo que tive na vida.

Ofegante, deitei-me no seu peitoral e só então me dei conta de que não tínhamos usado camisinha. Comecei a rir histericamente diante disso.

— Jay, não usamos camisinha — disse, ainda bastante cansada.

— Você toma pílulas, Charlie? — perguntou ele, afagando o meu cabelo.

— Sim — respondi, dando uma gargalhada mais alta.

— Então eu quero mais e sem camisinha!

— Que irresponsável! — provoquei e ele me tomou em um beijo maluco de tesão de novo.

Passar vários meses sem sexo teve essa vantagem: conseguimos nos recuperar muito rápido e transamos novamente e eu tive um novo orgasmo maravilhoso que me deixou esparramada na cama sem coragem de levantar para nada.

Jayden definitivamente tinha pegado o jeito e eu o queria a todo o momento. Era tão bom estar de bem com ele que fiquei sorrindo sem acreditar no quanto aquela tarde tinha sido uma delícia. Então olhei ao relógio e percebi que era mais tarde do que eu imaginava!

Precisava comer alguma coisa, tomar um banho e correr para o trabalho.

Pelo resto daquele dia eu esqueci a existência de Nelly, de T. Raikkönen e todo o mistério em torno das mensagens.

Talvez eu não devesse ter esquecido.

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