Luan: quem é?
Rafaela: ah, que me ligou? -confirma com a cabeça- nada demais, um amigo só
Luan: amigo? Desde quando você tem amigos?
Rafaela: ei, Luan. Não existe só você no mundo sabia? -Rio de leve
Ele me olha de olhos semicerrados mas continua a conversa sobre alguma-coisa-que-não-prestei-atenção, estava dispersa demais pra conseguir acompanhar todo seu empolgamento enquanto falava.
Meu celular toca de novo e dessa vez percebo quanto o Luan fica irritado, por algum motivo minhas bochechas ardem e quando coloco a mão as percebo quentes. Ignoro a ligação mais uma vez, mas como se não bastasse todo esse constrangimento eu ainda tenho dificuldade em encerrar a chamada.
Luan: quer ajuda? -perguntou seco, me arrisco a dizer que até um pouco irônico.
Rafaela: não obrigada -estava verdadeiramente sem graça por não conseguir desligar o bichinho gritante(celular)
Quando finalmente consigo desligar, suspiro fundo e olho pro Luan, com um pouco de receio, confesso. Ele tinha os olhos vermelhos, acho que de raiva e a boca em linha reta.
Rafaela: desculpa -sai junto com um suspiro.
Luan: sim, desculpo. Mas tenta da proxima vez dizer para os seus machos que quando você está com seu namorado pra eles evitarem fazer ligações.
Rafaela: Luan, a gente não namora -falava pacientemente com o rosto vermelho ainda- é só um contrato!
Luan: Mas ele sabe disso? -falava com rispidez
Rafaela: não! -abaixei o rosto pra ele não ver que meus olhos estavam marejados.
Luan: então Rafaela -gritou e eu me encolhi- incrível como é fácil fazer você de boba, né? Sim o que une nós dois é somente um contrato, mas já parou pra pensar que isso não te da o direito de sair se esfregando com qualquer um? Por que as únicas pessoas que sabem do contrato somos você, o Sorocaba e eu? Quer dizer isso se você já não espalhou pra todos os seus namoradinhos. -falava de pé, caminhando de um lado para o outro.
Rafaela: tu ta sendo injusto comigo!
Luan: e você ta sendo inconsequente. Quer saber? Cansei de você. Eu vou embora
Rafaela: Não! Fica comigo -levanto rapidamente e mostro as lágrimas nos meus olhos.
Luan: você ta chorando? -abaixo a cabeça rápido- nossa, você já foi mais forte que isso.
Ele sai rumo a porta e fica me olhando esperando eu a abrir, me arrasto mesmo contra a minha vontade e abro a porta bem devagar. Infelizmente pra minha surpresa o Felipe estava parado lá prestes a bater.
Felipe: nossa te liguei e você não me atendeu. Fiquei preocupado e como tava aqui por perto resolvi passar aqui.
O restante da porta se abre e o os olhos dele encontram Luan. Sinto bufar atrás de mim e segurar meu braço.
Luan: tenha uma ótima noite -cochicha no meu ouvido e solta meu braço com força
Desabo chorar e o Felipe me abraça sem pestanejar. Me aperta em seus braços e eu o agarro com força. Enquanto soluçava ele afagava meus cabelos e assim foi me guiando até dentro de casa, fechou a porta e apertou ainda mais o abraço.
Ele solta os nossos braços e eu me sento no sofá tentando me recuperar. Ele vai até a cozinha e volta com um copo d'água na mão. Me entrega e eu bebo.
Rafaela: tem açúcar aqui? -falo em meio aos soluços.
Felipe: minha mãe sempre me dava quando eu chorava.
Rafaela: ah ta.
Felipe: me fala agora o que aconteceu.
Rafaela: não quero falar sobre -sequei minhas lágrimas com a manga do casaco
Felipe: logo comigo isso, Rafaela? Pode me falar. Você sabe que eu não vou te julgar.
Rafaela: ele viu você me ligar. Ficou bravo.
Felipe: com ciúmes? -dou por conta que a reação do Luan foi puro ciúmes e quase consigo sorrir- que foi?
Rafaela: nada -passo com força a manga do casaco nos meus olhos com intuito de afastar meus pensamentos.
Felipe: ta muito brava comigo?
Rafaela: eu? Por que?
Felipe: fiz você brigar com seu namorado.
Rafaela: imagina, Luan e eu sempre brigamos.
Felipe: mas não como hoje.
De fato, as palavras "o que une nós dois é somente um contrato" ecoam na minha cabeça. É isso o que o Luan pensa de mim? Que sou apenas uma contratada. Pensei que o que nos unisse fosse uma amizade, um sentimento de cuidado.
Felipe: você me fala que o cara não quer te perder, mas te larga nos meus braços assim. -afagando meus cabelos enquanto dou os últimos soluços.
Rafaela: irônico né? -o olho.
Felipe: você nem sabe quanto -sorri.