Último capítulo (parteII)

389 21 7
                                    

- Oi tia Malia. - Analu disse a Maria toda embolada.
- Ela é muito linda, Rafaela. Nem parece sua filha. - Ela aperta as bochechas dela.
- Parece sim. Ela é a cara da mamãe. - Peguei Analu no colo e apertei.
- O mocinho ali que parece com o pai. - Maria aponta pra Samuel que estava com os olhos grudados no celular.
- Samu. - O chamei. - A tia Maria quer apertar você também.
- Já vou mamãe. - Ele diz ainda com os olhos no celular.
- Quantos anos ele tem? - Maria cochicou.
- Quatro. - Cochichei de volta com vontade de rir.
- Meu Deus. E a pequena tem 2?
- Sim, né filha. - Respondi ajeitando a tiara com lacinho que estava em sua cabeça.
- Meu Deus Rafaela. Nunca pensei que ouviria alguém te chamar de mãe. Ainda mais duas fofuras dessas. - Maria disse toda boba.
- Nem eu, mas é a melhor coisa. Muito melhor que qualquer palco ou coisa assim. - Respondi abraçada no meu tesouro que ainda estava no meu colo.
- Eles sabem quem foi a mãe deles?
- Não fazem nem ideia. Como eles nasceram em terras européias e lá ninguém me conhecem pensam que a mãe deles é só uma pessoa anônima. - Respondi.
- Você não pensa em contar?
- Por enquanto não. Mas mais cedo ou mais tarde eles não descobrir. O Samuel com 4 anos já viaja com o celular na mão. - Respondi triste. Não queria que meus filhos soubessem.
- Espero que só saibam as coisas boas, né? Que a mãe deles foi eleita a cantora mais influente do século no Brasil. E que ela cantou com cantores internacionais e que ganhou todos os prêmios que um ser humano poderia ganhar... - Maria começou a falar.
- Maria, Maria. Menos né. Bem menos. - Sorri.

A porta destrancou e logo meu marido entrou, tirou o casaco que usava e deixou emcima de uma cadeira. Ao perceber a presença do pai, Analu pulou do meu colo e foi ao seu encontro.

- Oi minha princesa. - Ele pegou ela no colo e deu um beijo na sua bochecha.
- Papai! - Ela o abraçou apertado.
- Oi filhão. - Ele bagunçou o cabelo de Samuel.
- Oi papai. - Pela primeira vez ele tirou os olhos do celular e olhou pro pai.
- Oi meu amor. - Ela se abaixou com a Analu no seu colo e deu um selinho que foi acompanhado de um eca dos nossos filhos.
- Oi Maria. - Ele sorriu ao vê-la.
- Oi moço. - Ela debochou. - Quanto tempo!
- É verdade. - Ele sorriu e em seguida olhou pra Analu. - Agora o papai vai tomar banho, você fica com a mamãe aqui, ta bom?
- Tá bom papai. - Ela disse enquanto largava a pequena no meu colo.
- Pai. - Samu o chamou.
- Oi filho. - Ele disse paciente.
- Mais tarde a gente podia ir no McDonald's. - Samu disse com seu sotaque inglês.
- Podemos filho. Só precisa convencer a... - Ele apontou com a cabeça pra mim.
- Podemos amor. - Respondi e dei um sorriso.

Samuel comemorou fazendo todos na sala rir. Era fofo o jeito que ele falava. Mesmo o pai e eu o incentivando a falar português, com os amigos e na escola em Londres ele falava somente inglês, o que deixava seu sotaque uma gracinha.

- Ok, ele sempre foi calmo, mas você? O que vocês andam colocando no chá das cinco de vocês em Londres?
- Amor. - Apertei a Analu nos meus braços o que fez a Maria sorrir.

Logo ela foi embora, seu casamento era no dia seguinte e ela precisava ainda visitar a igreja, o salão onde seriam recepcionados os convidados...

Já era tarde quando decidimos deitar, resolvemos ficar na minha antiga casa que estava abandonada desde que fui embora do paí, até certo ponto era estranho estar de volta aqui com meus filhos e com meu marido. Era estranho estar nessa casa onde vivi os melhores e piores anos da minha vida, totalmente diferente. Ainda era eu, mas totalmente mudada.

- No que você está pensando? - Meu marido se virou de frente pra mim.
- Nada demais. - Sorri pra ele.
- Estranho nós dois aqui de novo, né? - Ele gargalhou baixinho.
- Depois de tanto tempo sim. - Sorri.
- Lembra do que a gente já aprontou aqui? - Me olhou sapeca.
- Claro que lembro. Tínhamos outro pique naquela época.
- Éramos mais jovens. - Ele me abraçou e me puxou.
- Não tínhamos filhos...
- Eu gostaria de ter outro e você? - Ele me olhou e eu sorri.
- Eu também.
- Podíamos fazer um no Brasil, né? Nessa casa, nesse momento... - Entendi pra que lado a história estava indo.
- Entendi. Entendi. - Passei meus braços entorno do seu pescoço. - Vamos?
- Uhum. - Ele me beijou.

Tinha uma chuvinha do lado de fora que embalava os carinhos que ele fazia no meu cabelo enquanto me beijava. Num susto um trovão ecoou encima da casa me assustando fazendo com que eu o empurrasse, caímos os dois na risada e paramos quando ouvimos umas batidinhas na porta.

- Mamãe, papai posso dormir com vocês? - Maria disse subindo na nossa cama.
- Claro que pode meu amor. - Eu disse enquanto a ajudava.
- É só uma chuvinha, filha. - Meu marido disse e eu o repreendi com o olhar.
- Mas ta muito forte e eu tenho medo. - Ela choramingou.
- Tudo bem meu amor. - Respondi.

Depois de ajudar a Maria a subir na cama e cobri-la com nossas cobertas vi que o Samuel continuava parado na porta.

- Filho, você não vem? - Olhei pra ele.
- Não mamãe. Eu já sou grande, vim só trazer a Maria. Ela é pequena. - Ele respondeu mas podia se notar o medo.

Num instante outro trovão ecoou e junto um clarão de um relâmpago. Ele fechou os olhinhos com força e encolheu os ombros, mas pra variar era orgulhoso como o pai e não aceitava.

- Filhão, tem um lugarzinho aqui. Quem sabe você deita. - Meu marido disse.
- Tudo bem papai. - Ele disse e em seguida correu pra deitar no nosso meio.

E assim terminou a noite, meu marido, meus filhos e eu deitados na cama. Fiquei olhando essa cena por alguns segundos pra ver se de vez eu esquecia dos acontecimentos passados nessa casa.

- Acho que vai ter que ficar pra próxima o filho made in Brazil. - Meu amor disse.
- É amor! - Sorri pra ele.

~~~~

Desculpem mas eu gosto de fazer um mistério. E ai com quem vocês acham que a Rafa casou e teve essas duas fofuras?

Contrato - Luan SantanaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora