Capítulo 20 - Segunda Temporada

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Estava distraída lendo uma bíblia que encontrei perto do altar que nem percebi o tempo passar. De repente sinto uma mão no meu ombro me tirando do transe que estava.

- Rafaela? - O irmão da Paula fala comigo.

- Oi, oi. - Digo assustada. - Como a Paula está?

- Ah, não sei ainda. - Ele se senta ao meu lado com a cabeça baixa. - A última notícia que tive foi que ela passaria por mais uma cirurgia.

- Ela é forte. Vai tirar de letra tudo isso. - Tentei encoraja-lo.

- Não sei. - Mesmo estando de cabeça baixa pude ver algumas lágrimas correrem dos seus olhos.

Deitei a cabeça no seu ombro e fechei os olhos. Queria tentar pensar positivo mas dentro de mim sentia que as coisas não iam bem.

- Não aguento mais esperar. - Gabriel deu um salto e saiu daquela sala.

- Espera, onde você vai? - Caminhei atrás dele.

- Quero saber da minha irmã e ninguém vai me impedir disso. Ninguém. - Ele caminhava passos largos em direção a sala de espera.

- Gabriel, calma. Me espera. - Puxei ele pelo braço fazendo parar.

- Minha irmã... - As lágrimas correram do seu rosto.

Eu queria poder falar algo pra ajuda-lo, queria ser forte e não chorar, mas eu não conseguia. Eu nunca fui forte, sempre fui sentimental, chorona, tinha medos e por vezes eles eram mais fortes que eu. Respirei fundo e apertei o abraço, esse era o único jeito de poder ajudar.

Ficamos por minutos abraçados no corredor daquele hospital, Gabriel soluçava em meus braços e eu apertava o abraço cada vez mais, já conseguia sentir o seu coração bater, até que um grito ecoa dentro daquelas paredes, o irmão da Paula me afasta dele e me olha assustado.

- É a minha mãe!

Ele sai correndo novamente e eu vou atrás dele, acabo esbarrando em uma mulher e assim perdendo o Gabriel de vista. Quando finalmente chego na sala de espera vejo a última coisa que queria ver: dois pais lamentando a morte de uma filha.

(...)

Estava dentro do carro na frente da funerária criando coragem pra poder entrar lá. Não sei como aconteceu pois logo após saber do falecimento da Paula não pude chegar perto da família dela. De alguma forma eu me sentia culpada pelo o que acontecera, se eu tivesse a ouvido naquela noite, se eu tivesse a ajudado talvez esse momento estaríamos juntas, ouvindo ela reclamar da minha relação com o Luan e rindo dos seus planos ridículos pro futuro.

Coloquei meus óculos escuros pois meus olhos estavam muito inchados de chorar e peguei o buquê de flores brancas que estava no banco de trás do carro do Cadu e apertei no meu colo, mesmo Paula e ele não sendo grandes amigos ele veio comigo e estava tão devastado quanto eu. No fundo eu sempre soube que aquela antipatia que eles tinham um pelo outro era amor.

Ele segurou minha mão e me olhou com os olhos marejados, eu assenti com a cabeça e descemos do carro.

Tinha muitas pessoas lá, creio que sejam familiares da Paulinha, nesse momento consigo lembrar das vezes que ela reclamou da sua família, reclamou que ninguém se importava com ela, que ela sempre fora a ovelha negra da família. Lamento que ninguém tenha dado o devido valor a ela enquanto estava viva.

Sinto meu estômago embrulhar e aperto o buquê de flores dos meus braços ao ver aquele caixão de madeira no centro da sala. Vou caminhando lentamente até ele e deixo as flores no chão onde se encontravam os outros, cheguei até a cabeceira e chorei o restante de lágrimas ao ver seu rosto ali.

Contrato - Luan SantanaTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon