Asp. - Hiatus

By IsaOliv

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Você é o som da minha canção, é a calma dos seus braços, a dor das minhas feridas. Você é o meu sol. Seja o... More

Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
.
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
A Trilogia - fragile
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Oi
Capítulo 28
Capítulo 29

Capítulo 07

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By IsaOliv

"Gosto dessa definição: o abraço é o encontro de dois corações."
- Cazuza

Narrado por Alyce

  Eu nunca achei que fosse viver como uma adolescente normal, porque os meus pais e irmãos sempre me trataram de forma tão especial que eu mal sabia o que fazer quando tinha ficava sozinha por meros segundos, e por mais que alguns achem esse tratamento um barato, o meu maior desejo sempre foi me sentir comum um pouco. Uma das coisas que mais me incomodavam era o fato de não conseguir ler muito, porque, por algum motivo maldito, eu fico confusa demais depois de ler muitas palavras. É como se as letras que formam as palavras e as palavras que formam as frases começassem a deixar de fazer sentido e se embaralharem.

"Não me acordou. Está tudo bem." - Alyce Baker, às 23h37.

"Ainda bem, então. Enfim, como você soube o meu nome?" - Owen Atlas, às 23h37.

"Por que isso importa?" - Alyce Baker, às 23h37. Não quero dizer que perguntei para o meu irmão.

"Se me responder, talvez eu fale." - Owen Atlas, às 23h38.

"Eu perguntei pro meu irmão no dia que te ajudamos." - Alyce Baker, às 23h39.

"Por quê?" - Owen Atlas, às 23h39.

"Se me responder, talvez eu fale." - Alyce Baker, às 23h39.

  Eu estou sorrindo e meu estômago parece estar guardando uma festa de fogos de artifício, mas quando recebo a sua outra mensagem sinto extrema dificuldade para lê-la. Eu finalmente me lembro do sério problema que tenho com leitura.

- Droga... - murmuro, já sentindo vontade de jogar o meu celular no chão. As letras parecem sair de seus devidos lugares e eu não consigo entender nada do que a mensagem de Owen diz. Bato na minha testa e me sento na minha cama, pensando no que fazer.

  Sem saber se eu ferrarei com tudo ou não, toco na imagem pequena de um telefone, ligando para Owen. Enquanto ouço o barulhinho apavorante de que ele está recebendo a minha chamada, fecho os olhos com força e tento parar de sentir vergonha de mim mesma.

-Olá... - ele atende, obviamente confuso. Eu respiro fundo, decidindo se estou aliviada, encantada pela sua voz ou envergonhada.

- Aconteceu um pequeno problema e não consigo ler as suas mensagens. - digo para o telefone.

- Tudo bem. - ele diz, e o imagino sorrindo.

- O que dizia na sua mensagem?

- Que às vezes falam coisas ruins de mim, queria saber se não encheram sua cabeça com essas merdas. - a forma como ele fala me deixa um pouco surpresa.

- Que tipo de coisas?

- Não é a sua vez, Alyce? - não entendo, mas depois de alguns segundos pensando, me lembro que ele quer uma resposta para a sua pergunta.

- Eu disse talvez. - mal consigo me imaginar dizendo que estava interessada nele e nos seus olhos. Ouço ele suspirar, então fico com medo de se sentir decepcionado pela minha resposta - Eu queria saber quem é você. - fecho os olhos com força, agradecendo por não estar aqui.

- Entendi. - não consigo acreditar que passei por cima da minha vergonha para ouvir um "entendi".

- Agora é a sua vez.

- Eu... - ele começa a falar, mas se interrompe - Eu não vou dizer.

- Por quê?

- Quero usar isso como desculpa pra te encontrar. Posso? - ele me pegou tanto de surpresa que levei mais do que simples segundos para responder. Meu coração para de bater por um tempo, pela sexta ou sétima vez desde que o vi na biblioteca.

- Pode. 

- Quando? - estou pronta para dizer que quando ele quiser, mas a minha porta é aberta inesperadamente e eu tiro rapidamente o celular da minha orelha, o colocando atrás de mim. Meu irmão sorria, mas parou quando viu que eu conversava com alguém, e simplesmente arqueou uma sobrancelha enquanto cruzava os braços.

- O que foi, Alan? - eu me lembro que a minha chamada com Owen ainda está em andamento e quero encerrá-la, mas não posso deixar que o meu irmão veja isso.

- Com quem estava conversando?

- Não te devo satisfações. - desvio o olhar.

- Espero que não seja com quem eu imagino que é, Alyce. - engulo em seco, ainda sem o olhar - Espero mesmo que não seja, porque eu não deixaria um cara desses acabar com você. - estou pronta para dizer que não entendi e pedir uma explicação, mas ele se vira e bate a porta, voltando para de onde veio. Rapidamente pego o meu celular outra vez, mas vejo que Owen acaba de desligar a ligação.

"Owen?" - Alyce Baker, às 23h52.

"Ei." - Alyce Baker, às 23h59.

"Tá aí?" - Alyce Baker, às 00h07.

  Depois de mais dez minutos esperando uma resposta sua, ele finalmente fica online e visualiza as minhas mensagens, mas não responde nenhuma delas. Então sai outra vez e eu passo mais alguns minutos parada olhando o celular. Ele não fica online mais nenhuma vez, até que recebo uma chamada sua. Atendo, sorrindo de orelha a orelha, depois de conferir as horas e ver que são duas e meia.

- Hey. - a sua voz está diferente, arrastada e como se tivesse com uma maçã na boca.

- Hey... Desculpa por aquilo, o meu irmão apareceu do nada aqui e... - ele me interrompe.

- Tudo bem, Alyce. - ele respira fundo - Eu desliguei porque aconteceu um imprevisto. Estou... bem, agora. Podemos conversar. - ele parece confuso e fala de forma extremamente enrolada.

- Você não estava bem?

- Eu acho que se você me visse acharia que eu não estou bem, mas eu estou bem. Os outros ficaram em situações piores.

- Que outros?

- Os caras que falaram da minha mãe. - ri levemente.

- O que aconteceu entre vocês? O que tem a sua mãe?

- Eles tentaram me bater porque não conseguiram nada com ela. Então eu acabei com eles. Eram três, mas eu estou bem. - diz com dificuldade.

- Onde você está? - pergunto, depois de pensar por vários e vários segundos se deveria ou não ajudá-lo.

- Perto da sua casa. Eu estava... indo te ver. - sorrio, algo lá no fundo da minha mente me diz que é mentira, mas ignoro.

- Eu estou indo te ajudar. - digo enquanto troco o meu short de laica por uma calça jeans.

- Eu diria que estou bem e não preciso de ajuda, mas eu quero ver você. - tosse, antes de respirar fundo. Eu calço o primeiro par de tênis que vejo e solto o meu cabelo.

-  Onde você está? - sorrio.

- Eu vou ir andando até a esquina da sua rua, me espere lá. - encerra a chamada. Eu franzo o cenho, sem entender nada

- Tá bom. - digo para o vento. Saio do meu quarto da forma mais silenciosa que consigo e desço as escadas nas pontas dos pés. Destranco a porta com as minhas chaves e depois de sair para fora de casa, a tranco e guardo o meu chaveiro no bolso.

  Eu ando apressadamente até onde deveria estar e não paro de conferir as horas no celular, me perguntando se ele vai demorar muito ou não. Ele finalmente dobra uma esquina e vem em minha direção lentamente. Está escuro e por isso só consigo ver os seus machucados quando está a menos de cinco metros de mim. Ando até ele e arregalo os olhos.

- Você fica linda com olheiras, Alyce. - ele diz e eu já estou vermelha.

- Como você consegue dizer que está bem? - me aproximo mais e olho para as suas mãos. Os nós de seus dedos estão inchados e sujos de sangue, na mesma situação que a sua testa e olhos. A sua camisa também está suja, e a calça levemente rasgada. Ele sorri e se senta no meio-fio, me sento ao seu lado.

Eu não sei se a minha dificuldade em ler ajudou ou não a fazer com que eu chegasse nesse momento, mas eu sinto que sim. Pela primeira vez eu não odiei esse sintoma, porque não me senti tão anormal ali com ele.

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Oioioi. Mil perdões pelo capítulo chatinho, okay?

Amo vocês que estão lendo e gostando de Asp., obrigada pelos comentários e votos!

Parabéns, Iris <3

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Início: 16/09/23 Término: ?