A Viajante - A Resistência Se...

By autoratamiresbarbosa

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⚠ Atenção, este é o segundo livro da triologia "A Viajante". A sinopse pode conter spoilers! ⚠ Sem a ajuda de... More

Sobre o livro
Dedicatória
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60

Capítulo 52

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By autoratamiresbarbosa

— Devia de dar uma chance a ele. — Paty a aconselhou enquanto estavam na sala de aula, antes das provas, no dia seguinte.

— E por que eu faria isso?

— Camila, já te expliquei sobre isso várias vezes. Ele só quis te proteger.

Ficou calada e torceu a boca. Realmente não gostava de tocar nesse assunto. Além de sentir raiva, isso a machucava.

— Sei que não gosta de falar sobre. — Paty disse, como se pudesse ler seus pensamentos. —, mas preciso pelo menos tentar confiar nele. Se Leyla pode nos ajudar, por que ele não?

— Você realmente acredita que Leyla está tentando nos ajudar ou só quer se convencer disso?

— Acredito. Porque eu conheço a minha amiga. Ela só passa essa imagem de alguém sem sentimentos, mas no fundo é uma boa pessoa. Eu sei de coisas que ela não contava para ninguém, e isso envolvia o que acontecia na casa dela. Aliás, eu também tenho noção que ela deve ter dito mais coisas a meu respeito além do que me falou, quando você se encontrou com ela na primeira vez em Presépsis, e você me disse para não me magoar. Eu sei que quando ela está com raiva, pode dizer palavras muito duras. Mas acredito que ela está nos ajudando, e você também devia de acreditar no seu amigo.

— Só não quero que ele me engane de novo.

— Você mesma me disse, ano passado, quando descobrimos o segredo do Lucas, que todo mundo merece uma segunda chance. Então, isso também se aplica ao Tiago, não é?

Ficou pensativa. Paty não estava errada, e isso a incomodava. Uma parte sua realmente queria abraçar seu amigo novamente, mas outra, ainda tinha mágoa, raiva e medo.

— Oi, meninas! — A voz de Lucas a tirou de seus devaneios. — Então, hoje tem prova de Química! É dia de ficar feliz!

— Mas também temos de Física. — Henrique, que vinha ao seu lado, o lembrou.

— É, mas vai ser a última, pelo menos. O que significa que ainda dá tempo de estudar. — Ele caminhou para sua mesa atrás de Camila e Paty, colocando sua mochila lá.

Camila encontrou o olhar de Henrique. Ele apenas lhe deu um sorriso antes de seguir o amigo, o que fez seu coração errar uma batida. Desviou para longe, tentando afastar tal sensação. Tinha que cortar esse sentimento antes que fosse tarde demais.

Alguns minutos depois, o Professor Samuel entrou na sala usando suas conhecidas pantufas, o que fez Paty bufar.

— Olá! Como devem saber, hoje é a nossa prova. Mas fiquem tranquilos, está fácil! — Ele carregava uma sacola transparente, que continha várias folhas brancas, e a colocou em cima da mesa. — Por favor, Representante de turma, distribua para mim.

Lia, que era a Representante daquele ano, se levantou e foi até o Professor, que rasgou a sacola e lhe entregou o conteúdo. Ela pegou as folhas e saiu distribuindo para os alunos. Ao entregar para Camila, Lia demorou seu olhar nela; como se estivesse analisando algo em seu rosto.

— Está tudo bem, Lia? — Camila perguntou, passando discretamente a mão no rosto, conferindo se não havia nada lá.

— Está. — Foi tudo o que respondeu antes de entregar a folha para Paty e seguir para trás, deixando Camila confusa.

— Oi! — Lucas a cumprimentou assim que ela chegou nele. — Você acha que vai se sair bem na prova?

— Acho. Mas você devia de se preocupar mais com você, não? — Ela entregou a folha a ele e a Henrique, antes de seguir para trás.

Camila olhou o conteúdo de sua prova. Diferente do ano anterior, não ficou muito surpresa com as perguntas que viu.

1 - Eu sou o Professor preferido de vocês?

2- Por que minha mãe não me ama?

3- Acham que eu sou mesmo um péssimo filho?

4 – Por que a minha mãe não atende mais às minhas ligações?

— Professor! — Paty o chamou, parecendo incomodada. — Que tipo de perguntas são essas? Agora não é mais sobre nós, e sim, sobre o senhor?

— Ah! — Ele sorriu. — Bom, é que ano passado já conheci vocês o suficiente. Então, esse ano já posso me abrir com vocês. Eu estou com alguns problemas, e queria ajuda.

— Existe Psicólogo para isso, sabia? Queremos aprender, então coloque algum conteúdo descente nessa prova. Pode ser até uma conta de somar.

— Eu não sou de exatas.

— O senhor é professor de Química!

Samuel pareceu incomodado, e fechou a cara.

— Apenas faça a sua prova!

Paty bufou.

— Que saudades da Professora Marta.

Quando o tempo de Química acabou, Camila se esgueirou para a mesa de Paty, por conta da distância. As mesas e cadeiras haviam sido afastadas naquela semana, por conta das provas.

— Paty, você viu aquilo com a Lia? — Sussurrou.

— O quê?

— Ela ficou me encarando de um jeito esquisito quando me entregou a prova.

— Ah, não vi. Eu estava repassando mentalmente as fórmulas da matéria de Física.

— Você acha que ela... desconfia de alguma coisa?

— Sobre você ser uma Viajante? Acredito que não. Mas ela sabe que você está escondendo algo, lembra?

— Às vezes me pergunto se eu deveria contar a ela. O tio dela estar em uma posição alta no governo, e sendo aliado de Diana, não é boa coisa.

— Mas ela poderia não acreditar, não é? Além disso, se contasse, iria envolvê-la nisso também.

Bufou. A última coisa que faltava era mais alguém descobrir sobre o seu segredo e ficasse no meio de todo aquele problema.

☿ ☿ ☿

Na quinta, Camila havia ficado sabendo por Dian — que havia recebido outra mensagem de Kari, no dia anterior — que teriam que comparecer novamente em Pandiógeis, para mais uma das reuniões dos Viajantes, ou como Dian dizia, para mais uma das reuniões da Resistência Secreta.

— Mais um dia sem estudar. — Paty bufou, balançando a cabeça negativamente, enquanto estavam na sala de aula, antes das aulas. — Aliás, que desculpa pensa em dar aos garotos? Eles não acreditaram muito quando você disse que teria uma emergência familiar, na segunda.

— Vou pensar em algo. Durante toda a minha estadia no Mundo Dois, me tornei boa em inventar desculpas.

— Olá! — Viu Lucas entrar na sala junto de Henrique, como sempre. — Penúltimo dia de prova, que maravilha, não? Aliás, já divulgaram a data do baile?

— No próximo sábado, dia quatro de junho. — Paty respondeu

— E então, estão animados?

— Estou. — Henrique respondeu enquanto se sentavam seguido por Lucas. — Esse ano não vou com a Venice, já é uma grande notícia.

— E você, Paty? Não está feliz de ir ao baile com a minha ilustre presença? — O garoto sorriu.

— Por que não se preocupa em estudar para a prova? Matemática é o nosso primeiro tempo.

— Por que você sempre tem que estragar tudo? — Ele bufou e abriu sua mochila, pegando o caderno.

— E você, Leyla, está ansiosa? — Henrique perguntou à Camila, que se virou para olhá-lo. Ao fazer, lembrou-se das palavras de Tiago. A O.P.U já sabia que ela e Henrique eram próximos, e isso era perigoso. Não conseguia o encarar sem sentir-se culpada ou suja.

— É... estou. — Mentiu, se virando para frente novamente.

Há alguns dias estava o tratando friamente, mesmo que isso lhe doesse. Principalmente ao ver o olhar magoado e confuso do garoto sobre ela. Mas havia cometido um grande erro ao se apaixonar por ele, e era a única maneira de se afastar e impedir que algo pior acontecesse.

Uma onda de tristeza se apoderou de si. Só queria ter as preocupações de uma adolescente normal, e nem a isso tinha direito. Pôde sentir o olhar de Henrique sobre sua nuca, e sentiu seus olhos queimarem. Não queria trata-lo mal, nem o chatear, mas era para o próprio bem dele.

No final das provas, às onze, os alunos começaram a arrumar seus materiais para irem embora. Quando todos estavam saindo da sala, inclusive o quarteto, Henrique e pronunciou:

— Leyla, você pode ficar por um instante? Preciso falar com você.

Seu coração errou uma batida, porém, de uma péssima maneira. Olhou para Paty, que parecia saber, tanto quanto ela, sobre o que ele iria querer falar, e apenas lhe lançou um olhar motivador antes de sair dali com Lucas.

Quando a porta se fechou após o último aluno sair, todo o falatório e barulho externo ficou abafado. Os dois ficaram ali, de frente um para o outro, se encarando, por vários segundos antes de Henrique finalmente cortar o silêncio:

— O que está acontecendo?

— Como assim?

— Está diferente. Há algumas semanas, nós estávamos bem. Sempre saíamos, e conversávamos todas as noites. Agora, você não me responde direito, e sinto que vive me evitando. Estávamos tão próximos, e de repente, você se afastou. Eu fiz alguma coisa?

Sentiu-se nervosa, e seus batimentos cardíacos acelerados só a faziam se sentir ainda mais ofegante.

— N-não. É claro que não.

— Então, o que é? Não quer mais ir ao baile comigo?

— Não, eu quero sim. É só... — Travou. Não sabia o que dizer a ele.

— Sou seu amigo, você sabe disso, não sabe? — Ele se aproximou, pegando em sua mão, o que fez seu nervosismo aumentar mais ainda. — Me preocupo com você, pois é muito importante para mim. Pode me contar.

Não, não podia. Além disso, não era com ela que ele se preocupava.

— São só alguns problemas na família. — Rapidamente separou sua mão da dele, o que pareceu o chatear. — Sabe, aquilo que aconteceu na semana passada.

Ele a encarou por alguns, parecendo pensativo.

— Entendi. — Ele suspirou. Porém, ainda não parecia totalmente convencido. — Tudo bem. Mas saiba que estarei aqui se precisar.

Apenas assentiu, ainda se sentindo culpada por tudo isso. Não gostava de mentir para Henrique, nem o tratar desse jeito. Porém, não tinha outra escolha, se quisesse deixá-lo fora de perigo.

Mais tarde, se encontrava novamente na casa de Kari, discutindo o plano da invasão da O.P.U com os Viajantes.

— Posso entregar a vocês tudo o que precisamos na próxima vez que nos encontramos. — Tiago afirmou. — Inclusive o 2P.

— Mas o que vamos fazer depois de chegarmos lá? — O homem ruivo com sotaque português, que se apresentou como Herick, perguntou.

— Bom, temos que chegar no lugar que eu havia dito antes, na divisão leste. Eu procurei saber mais sobre o local. Parece que tem algumas salas importantes lá, tirando a que eu mencionei.

— Tiago disse que lá tem uma espécie de núcleo que mantem o local ativo. Talvez, quando entrarmos naquela sala, talvez possamos desligar toda a estação e ameaçar aquela gente. — Tomas sugeriu. — Provavelmente não iremos conseguir bater de frente com as armas deles, então, o único jeito é encurralar eles de alguma forma.

— É uma ótima ideia. Aliás — Kari concordou, e olhou para Dian em seguida. —, você acha que realmente consegue fazer algo por nós, mesmo a tecnologia do futuro?

— Não posso dar certeza de nada, mas prometo que irei fazer o meu melhor. Até porquê, acredito que a linguagem de programação não tenha mudado tanto assim. Atualmente ainda usamos bases bem antigas, como o C, porém, apenas com algumas modificações. Tem a possibilidade de ser a mesma coisa no futuro. É como o latim, sabe? Apenas se fragmentou em outros idiomas.

Apesar de ninguém ter entendido direito sobre nada o que o garoto dissera, todos assentiram.

— Vamos torcer para isso. — Kari passou o olho por todas no local. — Tragam o que puderem; tudo o que acharem que será útil. — Ela deu uma pausa de repente, olhando para o chão antes de suspirar. — Também quero que saibam que o que estamos fazendo é arriscado, e que temos grandes chances de falhar. Então, se alguém aqui quiser mudar de ideia, iremos entender. Então, a hora de falar é agora, pois depois daqui, iremos pôr nosso plano em prática sem hesitar.

A sala mergulhou em total silêncio após o discurso. A tensão no ar era grande, e podia-se notar uma mistura de expressões hesitantes e amedrontadas. Se Camila dissesse que não se sentia apreensiva com tudo isso, estaria mentindo. Assim como ela todos ali possuíam noção de que em número e força, não eram nada comparados à Diana Darc e os Agentes da O.P.U. Todos ali sabiam dos riscos, e estavam dispostos a corrê-los para obter suas vidas antigas de volta; para ter paz novamente.

— Eu sei do risco que vou correr. — Camila começou. — Estou com medo, assim como todos vocês, mas estou firme em minha decisão. Eu quase morri ano passado. Sei como é estar diante da morte, e como é assustador, mas ficar parada com o sentimento de inutilidade e com o pensamento de que eu não iria poder fazer nada para mudar o meu destino, foi bem pior. Não vou fazer isso novamente.

— Todos nós estamos lutando por nossas vidas e daqueles que amamos. — Continuou. — Possuímos uma família no Mundo Dois e estamos fazendo isso por nós e por eles; por aqueles que não estão mais entre nós, e pelo os que ainda estão. E bem, não é meu caso, mas acredito que seja o da maioria da vocês, o fato de que possuem uma família no Mundo Um, os aguardando, e todos pretendem voltar para elas.

— Mas apesar disso, eu ganhei uma família de verdade aqui. — Seu olhar se pousou em Dian e Heliberto, e que sorriram. Camila apenas retribuiu. — E estou disposta a lutar por ela. Assim como muitos de vocês devem estar também. Estamos lutando por nós e por todas essas pessoas que são especiais para nós; por todas que se sacrificaram para que estivéssemos aqui hoje. — Não pôde deixar de se lembrar de Ximú, e mal ou bem, Henry, e sentiu seu coração apertar. — Então, estou disposta a fazer de tudo que esteja ao meu alcance para que dê certo.

Assim que acabou, a sala mergulhou em silêncio novamente. Porém, diferente da vez anterior, o clima era bem mais leve. Não demorou muito para sussurros começarem a surgir, e Camila pôde jurar que a expressão de todos presentes no local havia se tornado mais confiante.

— A gaja está certa. — Herick disse de repente. A confiança era perceptível em seu tom de voz. — O que temos a perder? Vamos esperar pela nossa morte ou morrer a tentar conquistar a nossa liberdade e o nosso direito de sobreviver? Pelo menos, vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a nossa invasão não seja em vão.

— Invasão? Do que vocês estão falando? — Pedro, que estivera o tempo todo sentando no sofá, pareceu confuso. Então, ele sorriu. — Vamos invadir algum lugar? Espero que seja uma lanchonete, pois estou morrendo de fome!

— Você realmente não prestou atenção em nada do que viemos falando esse tempo todo? — Tomas o olhou com incredulidade.

Será el primero en morir. — Lupe olhou para Pedro com reprovação.

Camila escutou Matvey dizer algo que não entendeu, provavelmente em alemão. Se perguntou se ele sabia o que estava sendo discutindo ali.

— É sério que dar para trás ainda estava em questão? — Godofredo olhou com nojo para todos presentes ali. — Típico dos humanos. Eu já disse que só estou indo para obter informações sobre Ximú e obter nossas vidas de volta. Não me importo com nenhum de vocês. Por mim podem todos morrer.

— Que motivador. — Dian comentou ironicamente. — Mas eu já disse que estou nessa também.

— Eu também vou ajudar a minha família. — Heliberto pareceu confiante.

Logo, todos começaram a concordar. Vozes animadas e motivadoras eram escutadas dizendo palavras positivas pela sala, uns aos outros. Camila não pôde deixar de sorrir. A sensação de poder tentar, e ter pessoas ao seu lado, mesmo sabendo que poderia dar errado, era reconfortante. Todos ali lutavam pelos mesmos propósitos; para sobreviver e proteger todos que amavam.

— Então, está decidido. Da próxima vez, Tiago vai nos trazer o que precisamos para entrar na O.P.U, e iremos combinar o dia em que iremos. — Kari confirmou.

Após as palavras de Kari, todos começaram a falar entre si sobre o plano e a situação. As palavras se tornaram inteligíveis no meio do falatório, e Camila não conseguiu entender muita coisa, apenas se dirigiu para o canto perto da cozinha, junto de Dian, onde haviam colocado suas mochilas.

Sentiu uma sensação familiar percorrer seu corpo. Seus sentidos a alertavam algo, e rapidamente se virou na direção em que inconsciente lhe indicou. Viu Tiago parado no outro canto da sala, a encarando com pesar, e não soube dizer o que sentiu exatamente quando o olhou de volta.

"...você fez o mesmo ao esconder dos Viajantes sobre a matéria escura no Tiago. Fez isso porque o ama e o considera como um irmão. Ele só fez a mesma coisa por você! Ele mesmo disse que só fez isso para te proteger... Devia de dar uma chance a ele."

Se encontrava em um conflito interno sobre se deveria ou não perdoar Tiago pelo o que ele havia feito. Mas mesmo que perdoasse, nunca iria apagar o que de fato aconteceu. Ela havia errado, sim, mas nunca faria algo na mesma gravidade do que ele havia feito. Ou não?

Assim como ele, Camila pôs a vida de outras pessoas em risco para protegê-lo, e apenas havia se arrependido por saber do que ele havia feito. Talvez Kari não estivesse errada em dizer que os dois se mereciam, afinal. A única é diferença é que ela nunca teria ficado do lado de uma organização assassina... ou teria?

A essa altura, já se sentia confusa com seus próprios pensamentos. Porém, sabia que aquela situação machucava a ambos. Sempre se perguntou como ele pôde ver a vida de Ximú sendo colocada em perigo e nunca ter feito nada a respeito, mas a questão era: Ela teria feito algo, se não a conhecesse? Claro que não. Se estivesse no lugar dele, seria Tiago que lhe importaria, não algum outro Viajante, como fez com os Viajantes de Pandiógeis.

Se sentiu suja, de repente. Havia sido uma hipócrita. Como queria colocar ele como culpada se havia feito a mesma coisa? Bom, ela não havia traído nem mentido para ele, para começar. Essa era a grande diferença.

Apenas desviou o olhar e suspirou, pegando sua mochila do chão, em seguida. Não sabia o que pensar de Tiago. Ele não agiu tão diferente dela, mas havia lhe traído. Como poderia perdoar isso?

— Camila! Já está indo, não é? — Heliberto foi até ela. — É uma pena, estou com saudades. Não nos falamos direito já tem muito tempo, e quando nos falamos, é sobre a O.P.U ou algum assunto ruim.

— Eu também estou. — Se lembrou do ano novo que passara em Nierfand, quando haviam descoberto sobre Henry, O.P.U e todo o motivo de eles estarem ali; de quando Heliberto havia sido seu "segurança" por um tempo. Não pôde deixar de sorrir. Eram tempos bons.

— Quando isso tudo acabar, antes de voltarmos para nossos corpos, vamos nos reunir eu, você, Ximú, Godofredo e Dian, em Nierfand.

— Eu também? — Dian, que estava ao lado de Camila, pareceu surpreso.

— É claro. Você é da nossa família, agora.

— Nossa..., não sei nem o que dizer. Isso realmente me tocou. — Ele sorriu animadamente, parecendo sem jeito. — Muito obrigado. Pode apostar que vou sim!

Camila apenas sorriu, ou tentou. Esperava que tudo desse certo, e que isso realmente acontecesse. Talvez, pudesse levar Paty, e se até lá estivesse falando com Tiago, ele poderia ir também. Seria ótimo se reunir com as pessoas que amava novamente.

Era tudo o que mais queria.

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