Capítulo 18

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Estava se aproximando de uma porta, e sabia que atrás dela, teria que passar por outra para chegar até a cozinha, onde se encontrava o que queria. Percebeu que ela estava entreaberta, e as luzes estavam acessas. Quando se aproximou mais, escutou vozes vindo de dentro do cômodo. Então, resolveu parar ao lado da porta, e apurar os ouvidos para escutar.

Abriu os olhos e encarou a escuridão do quarto. Olhou para a direção da varanda, e viu que uma pequena claridade entrava pelas cortinas finas. Já estava amanhecendo.

Os sonhos esquisitos ainda continuavam, e estavam cada vez mais recorrentes. Porém, nunca conseguia descobrir o final. Sempre acabavam na mesma parte, e pareciam estar ficando mais curtos. Começou a desconfiar de que não se tratava de um simples sonho.

Pegou o celular que estava em cima da cômoda ao lado e viu que eram seis e vinte e oito da manhã. Faltando apenas dois minutos para o despertador tocar, o desligou e decidiu se levantar para começar se arrumar logo. Teria um longo dia pela frente.

Mais ou menos uma hora e meia depois, estava caminhando pelos corredores do quinto andar, em direção à sala, para o primeiro dia de aula após as férias. Não se esqueceu do ocorrido do mês passado, em que viu a si mesma andando pela escola. Havia sido esquisito, e desde então, olhava freneticamente para os lados. Quem sabe não a visse novamente? Uma dúvida ainda permanecia em sua cabeça: seria mesmo Leyla? E se fosse, porque ela só apareceu depois de todo esse tempo?

Ao chegar em frente à sala, viu que lá, parados perto da porta, estavam Henrique e Lucas.

— Oi, gente! Como foram as férias de vocês?

— Oi, Leyla! — Henrique sorriu radiantemente ao vê-la. — Normais, até. E as suas?

— Poderiam ter sido melhores. — Suspirou. — Por que não entraram?

— Lucas está na sofrência.

— No quê?

Henrique apenas indicou Lucas com a cabeça, que olhava fixamente para algum lugar mais à frente, com um olhar triste. Seguiu seu olhar, e viu que ele olhava para alguns alunos que estavam em frente à porta da 2000B, mais especificamente para Lia, que conversava sorridentemente com Felipe.

— E cadê a Paty? — Camila perguntou à Henrique.

— Disse que era idiotice ficar parada no corredor e entrou.

— Acham que ela gosta dele? — Lucas perguntou de repente.

— O quê? — Henrique olhou confuso para o amigo.

— Sabe, eles estão muito próximos. E depois que a Lia o conheceu, parece que não existo mais.

— Do que você... Ah! — Henrique assentiu em compreensão quando seguiu o olhar de Lucas.

— Ela anda também com a Pleasy. — Camila comentou. — Sabe, a Lia nunca andou muito com a gente, Lucas. Ela fez isso no final do ano para te ajudar. Ela achou um grupo em que se sentiu bem, então anda mais com eles.

— O jeito que o Felipe olha para ela não é o mesmo que ele olha para a Pleasy, nem para nenhuma outra pessoa. Então, não é só simpatia. — Ele suspirou. — E se ele estiver usando-a para se vingar de mim, e depois contar sobre o que fiz?

— Por isso precisa contar logo!

— Você não entende.

— Por que eu não entenderia? Você só está adiando o inevitável, Lucas. Se não for você quem vai contar, vai ser ele.

— Você está parecendo a Paty. — Ele fechou a cara.

— Só estou sendo sensata.

— Está sendo chata!

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now