Capítulo 49

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Ao descer a escadaria, no dia seguinte, rumou direto para a Sala de Jantar. Sentia um enorme cansaço, derivado de não ter conseguido dormir muito bem à noite. Ficou encarando o teto escuro pelo o que pareceu horas, antes de conseguir pegar no sono. Todos os seus problemas a atingiram em cheio, e não conseguiu deixar de pensar neles. Não aguentava mais isso. Além dos problemas como Camila, tinha os problemas como Leyla. Apenas desejava dormir a não acordar mais, para não ter que lidar com nada disso.

Chegando na sala de jantar, notou que os irmãos de Leyla já estavam presentes lá, e assim que a viram, olharam-na com curiosidade. Porém, o olhar de Camila se demorou na cadeira que ficava na extremidade da mesa, onde normalmente ficava Carla.

Estava vazio.

Sentiu seus olhos marejarem, e a culpa a atingiu em cheio novamente. Por sua culpa, tudo voltaria a ser como antes. Todo o progresso que fizera com a mulher, havia ido por água abaixo.

— Então é verdade? — Jean lhe perguntou. Camila apenas ignorou e foi até a mesa, se sentando em seguida. — Fico feliz que essa assassina de pais não é nossa irmã de verdade.

— Matilde fez questão de gritar isso aos quatro ventos, ontem. — Miguel bufou. — E aquela velha idiota ainda quer que eu seja o herdeiro. Essa gente não tem o que fazer, ficam inventando bobagens. Mas fico triste de não ter participado do jantar, ontem. Queria ter visto a briga. Não foi tão entediante como pensei que seria, afinal.

— De qualquer forma, Leyla é nossa irmã. Adotada ou não. — Maria comentou firmemente.

— Só se for para você! — Jean a lançou um olhar raivoso. — Não sou irmão de uma assassina!

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O carro vermelho parou em frente à I.E.T. Camila saiu rapidamente do veículo, e se adiantou para dentro da escola. No caminho, notou que algumas pessoas a olhavam com curiosidade, e nem ao menos tentavam disfarçar. Provavelmente, a fofoca de Venice já havia saído no Telúria Tagebuch.

Quando chegou na sala de aula, percebeu que todos a olharam imediatamente, alternando o olhar entre ela e seus celulares. Em seguida, começaram a cochichar coisas uns para os outros. Seu olhar encontrou o de Venice, que desviou, parecendo envergonhada.

Apenas bufou e se sentou, tentando ignorar todas as vozes que eram escutadas no local. Provavelmente, ela era o assunto. Tinha saudades de ser uma órfã desconhecida e isolada, que não interagia nem com os próprios moradores do orfanato. Agora, era conhecida por quase todo o país, e qualquer coisa que acontecesse em sua vida, iria ser a manchete da primeira página do jornal.

— Isso que está no Telúria Tagebuch é verdade, Leyla? — Escutou Lucas perguntar, atrás de si. — Você é mesmo adotada?

Porém, não respondeu.

— Lucas, o que nós conversamos? — Paty perguntou rispidamente.

— Mas estou curioso!

— Não interessa, eu disse para ficar na sua!

— Como você está com tudo isso, Leyla? — Henrique lhe perguntou, e ela se virar para olhá-lo.

— Estou bem. — E não era mentira, em partes. Não ligava para que todos soubessem sobre o segredo de Leyla. O que a afligia, era saber que Carla estava chateada com ela, e que havia estragado tudo, como sempre fazia.

— Você já leu o jornal? — Lucas lhe perguntou.

— Lucas! — Paty o olhou com repreensão.

— Ah, qual é? Por que o Henrique pode perguntar coisas a ela, e eu não? — Ele pareceu irritado.

— Por que ele não fica fazendo perguntas inconvenientes como você!

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now