Capítulo 57

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Acordou subitamente, sentindo seu coração dar um pulo, e sua respiração, ofegante. Já havia se acostumado com aquele mesmo pesadelo que vinha tendo há quase uma semana, porém, a sensação de medo ainda lhe era a mesma. Nem sempre acordava chorando, mas todas as vezes sentia-se desesperada. Não entendia o que estava acontecendo, mas tudo lhe parecia muito real.

Algumas horas mais tarde, se encontrava sentada na sala da mansão. Diferente do ano anterior, não passaria metade de suas férias com seus amigos, e estava fadada a ficar naquela local enorme e depressivo, sozinha. Não pôde deixar de sentir uma pontada de tristeza com isso.

Sentiu seu celular vibrar e viu que possuía uma nova mensagem, desbloqueou e entrou no aplicativo de mensagens. No topo, se encontravam Lucas — quem havia acabado de lhe enviar a mensagem —, Paty, Dian, Heliberto e Henrique, respectivamente, e abriu uma conversa de cada vez e as leu em ordem.

"Por favor, Leyla, diga à Paty para me responder, é urgente!" 10:24

"Pode falar comigo se precisar. Estarei aqui para qualquer coisa. Mande notícias amanhã, estou preocupada, e torcendo por você. E se Lucas te enviar mensagem perguntando sobre mim, apenas ignore." 10:20

"Também estou ansioso para amanhã. Mas vai dar tudo certo.... eu espero." 9:54

"ESTOU COM SAUDADES, CAMILA! ESPERO QUE TUDO OCORRA BEM, AMANHÃ!" 9:15

"Estou saindo de casa agora." 18:01

Ao ler a mensagem que Henrique lhe enviou no dia anterior, sentiu um aperto no peito. Se as coisas dessem errada no dia seguinte, seria assim que tudo acabaria. Com os dois brigados, e ele achando que ela era uma completa idiota.

Dian e Heliberto pareciam tão ansioso quanto ela. Mas a verdade é que não estavam só ansiosos. Seria um dia decisivo. Era a verdadeira definição de tudo ou nada. Precisava dar certo, pois se não desse, seria o fim de todos, e tudo estaria acabado. Era a única esperança que possuíam; era a última força que lhes restavam.

Sem nenhum aviso prévio, o pesadelo que tinha toda noite veio em sua mente de repente. Não conseguia tirar a imagem de todas aquelas pessoas mortas; de Tiago morto. E tudo o que pôde fazer, foi assistir. Não sabia porque se sentia tão desesperada com aquele pesadelo, se não era disso que ele passava. Apenas um pesadelo. Porém, tinha medo que se tornasse real. Heliberto, Tiago, Dian, todos que gostava poderiam ter o mesmo destino que tiveram no sonho, no dia seguinte.

Tal pensamento foi o suficiente para fazê-la respirar com dificuldade. Conforme sentia seu coração batendo cada vez mais acelerado no peito, viu sua visão ficar embaçada por conta de seu olhar marejado. Quando se deu conta, se encontrou com o rosto dormente, e suas mãos tremiam ao mesmo tempo em que lágrimas rolavam descontroladamente por seu rosto. Sem nem pensar, levou as mãos até seu pescoço, percebendo que seu colar não estava ali.

Lembrou-se da vez em que Paty havia lhe dito o que deveria fazer em situações em que se sentisse dessa maneira novamente, e fez uma lista mental.

1. Tentar prestar atenção na própria respiração;

2. Tentar não pensar em coisas ruins;

3. Beber água;

4. Deitar e descansar;

5. Se possível, se distrair;

6. Caso nenhuma das alternativas dê certo, mandar mensagem para Paty, ou alguma outra pessoa de confiança.

Tentou fazer um de cada vez, e tentou focar em escutar apenas sua própria respiração ofegante. Após isso, se esforçou para não pensar no que lhe preocupava, mas não conseguia de maneira nenhuma. As cenas do pesadelo e a preocupação do dia seguinte insistiam em perturbar sua mente.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now