Capítulo 7

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O olhou com confusão. O que ele queria dizer com isso? Estava dizendo que também era um Viajante? Não podia ser, Henry havia fechado o Portal, antes de morrer. Conhecera Mike no ano anterior. Não fazia nenhum sentido. Por que ele não falou sobre isso antes? Ou melhor, por que estava contando isso a ela?

— Eu... não entendo.

— Estou dizendo isso para você porque também acho que pode ser o seu caso. Ao que parece, esse tal de Michael, Mike, foi atropelado.

Camila continuou o encarando, agora, boquiaberta.

— Eu procurei coisas semelhantes ao meu caso. Eu vi uma matéria de quase um ano atrás. — Ele continuou em um sussurro, como se temesse que alguém escutasse. — Era você. Você disse que você não era você; que não era Leyla Scarlett. Eu vi no jornal, e isso tudo foi depois do seu acidente. E teve aquele tal de Leon, do hospital. Aconteceu a mesma coisa com ele! Vocês dois não são daqui também, não é?

Camila suspirou. Olhou para os lados, se certificando de que não havia ninguém ali. O corredor ainda estava vazio. Não havia por que mentir, pois ao que parecia, ele também era um Viajante. Ele era como ela, e precisava ajudá-lo.

— Meu nome é Camila. Eu também sou de outro mundo.

Mike suspirou, parecendo aliviado.

— Ótimo. Quer dizer, ótimo saber que não aconteceu só comigo. Eu estava desesperado. A propósito, sou Dian.

— Então..., você também veio por um Portal, certo? Uma coisa azul e grande. — Acrescentou ao ver a careta de confusão do menino.

— Sim! — Ele assentiu freneticamente. — E parecia um buraco negro que me atraía até ele.

Se lembrou do dia da morte de Daniel. O Portal havia aparecido em sua frente. Talvez ele fosse um dos Viajantes que vieram no dia em que o Portal se abriu. Suspirou novamente. Precisava contar aos outros Viajantes. Mas como iria fazer isso?

Só existia uma maneira.

— Vem comigo. — Camila começou a andar em direção ao salão.

— Onde vamos? — Ele começou a segui-la.

— Vamos conhecer os outros.

— Os outros? Você quer dizer... os outros que também não são daqui? Tipo aquele médico?

— É. Vou te explicar melhor quando chegarmos, mas precisa confiar em mim.

— Cla-claro! Você é a primeira pessoa que conheci aqui que é como eu. Você sabe como voltar? Porém, você está aqui há quase um ano, de acordo com a data do jornal. Não me diga que...

— Mike! — Ela parou no meio do salão e se virou para olhá-lo. — Dian. — Se corrigiu. — Eu sei que está confuso com tudo isso, mas..., por favor fica quietinho, preciso pensar.

— Certo, desculpe. Só estou ansioso. — Camila voltou a andar, e ele a seguiu.

Ao chegar na escadaria de pedra, olhou para o portão de ferro da escola, ao longe. Em seguida, seu olhar se pousou nos arbustos, perto da grade da escola, um pouco mais a frente. Bartolomeu nunca iria concordar em levá-la para a casa de Heliberto, e precisava fazer isso rápido. A aparição de Dian significava que suas suspeitas estavam certas: o Portal ainda estava abrindo. Vira isso desde a noite em que ele a salvou, no Andar Proibido.

Era errado fugir, porém, necessário. Já estava atrasada, de qualquer forma, e considerando a impaciência de Bartolomeu por esperá-la por tanto tempo, ele se recusaria em levá-la até Presépsis.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Där berättelser lever. Upptäck nu