Capítulo 1

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Um baque foi escutado ao longe. Parecia estar vindo do andar de baixo. Apesar de distante, foi o suficiente para acordá-lo. Olhou em volta, e viu pela pálida claridade da luz do luar, que entrava no quarto, que os outros meninos também estavam acordados, todos sentados em sua cama, confusos e com sono.

Alguém acendeu a luz do dormitório. Viu um menino alto e de pele negra parado ao lado do interruptor, Marcos. Ele era o menino mais velho de todos ali, e iria completar dezoito dentro de um mês, e provavelmente, partiria para um abrigo temporário, onde os jovens que não eram adotados no orfanato eram abrigados até conseguirem empregos e serem capaz de se sustentarem sozinhos.

— O que foi isso, Marcos? — Um garotinho perguntou, enquanto pegava seus óculos na cômoda.

— Não sei, talvez tenha sido a Graça de novo, bêbada por aí.

Outro barulho foi ouvido, dessa vez, como se algo grande e pesado estivesse caindo no chão.

— Certo, não deve ser a Graça. — Marcos concluiu. — Fiquem aqui. — Ele pôs a cabeça para fora do quarto, olhando o corredor, saindo pela porta em seguida.

— Eu que não vou ficar aqui. — Disse outro garoto, que também decidiu sair da local. Logo, todos os meninos fizeram o mesmo, enquanto comentavam o que poderia ter acontecido.

Tiago resolveu ir atrás também, curioso para saber o que estava acontecendo. Não seria algum intruso, seria? Seja o que fosse, talvez Camila saberia. Ela era curiosa, e sempre sabia sobre tudo o que acontecia ali.

Quando chegou no topo da escadaria, viu que algumas pessoas estavam paradas ali, parecendo confusas. As meninas, ao que parecia, também haviam sido despertadas pelos barulhos misteriosos.

— Uma luz azul e estranha estava vindo da cozinha. — Escutou uma garota falar. — E todas as janelas estavam abertas, batendo por conta do vento. E o mais esquisito é que o vento não estava entrando no dormitório, e sim, saindo.

— Foi muito estranho. — Outra menina que estava ao seu lado comentou. — Era como se algo lá na cozinha estivesse puxando o vento. Eu não consegui ver direito por conta da escuridão, mas eu vi algumas coisas voando no pátio, lá da janela.

— Vocês estão loucas, é? — Um garoto perguntou, incrédulo. — Isso não faz nenhum sentido!

— Claro que faz! São os alienígenas vindo nos buscar! — Um garotinho, que ele conhecia como Júnior falou, temeroso.

Tiago passou o olho pela multidão formada pelas meninas. Camila não estava ali. Onde ela estaria?

Quando se despertou de seus devaneios, se deu conta que todos estavam descendo a escadaria. Resolveu segui-los, e junto deles, foi em direção ao pátio. Ao chegarem, todos pararam, boquiabertos.

Viram uma luz azul vindo da cozinha. Uma corrente de ar muito forte passava por eles, como se estivesse indo em direção à luz. Tiago não era perito nesses assuntos, mas uma situação dessas não parecia ser normal.

Percebeu que a porta do local estava aberta, e balançava freneticamente. Escutou gritos de repente, e notou que algumas pessoas estavam correndo para dentro novamente. Lixos e diversos objetos do pátio voavam em direção à cozinha, que atingiam algumas pessoas, no caminho. Olhou para aquilo, boquiaberto.

Viu Júnior, o menino da escadaria, caminhar na direção da cozinha.

— É tão... curioso. — Ele dizia enquanto se aproximava.

— O que está fazendo? — Marcos foi até o garoto e o puxou. — Você ficou maluco?

Júnior pareceu voltar a si no mesmo instante e arregalou os olhos, antes de sair correndo dali.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)Where stories live. Discover now