Capítulo 41

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Na segunda de manhã, Camila desceu a escadaria rapidamente e se dirigiu até a sala de jantar. Chegando lá, viu as crianças e Carla sentadas à mesa. A mulher ainda agia como sempre: feições inexpressivas e olhar gélido. Porém, havia algo diferente em seu modo de agir e tratar os filhos, principalmente Camila, e concluiu que poderia ser alguma tentativa de se redimir ou tentar ser mais próxima deles. Apenas não entendia o porquê disso de repente.

Camila se sentou e pegou uma torrada que estava em cima de uma bandeja. Enquanto comia, ficou pensativa. Estava com medo do que Dian e Paty diriam quando a vissem na escola. Com certeza os Viajantes de Pandiógeis jamais a perdoariam, e Heliberto estaria coberto de razão se também não o fizesse. Além de ter colocado seus amigos em perigo, tinha os tratado mal. Sentia-se culpada e uma idiota por tudo o que fez. Havia mentido para salvar e proteger Tiago, que a traiu sem nem hesitar.

Ainda não conseguia entender. Como ele pôde ficar ao lado da O.P.U? Ao lado da organização que estava atrás dela e seus amigos; ao lado de assassinos.

— Você já está pronta para ir à escola? — A voz de Carla a tirou de seus devaneios.

— Hum..., sim. — Isso era alguma maneira de perguntar indiretamente como ela estava?

Sem dizer mais nada, a mulher pegou sua bolsa vermelha e seu levantou, saindo do local. Alguns minutos depois, Camila caminhou até o jardim, junto das crianças, em direção ao carro vermelho de Bartolomeu. Dessa vez, se sentou na frente, no banco do carona, e decidiu que iria começar a fazer isso mais vezes.

— Como está se sentindo? — Bartolomeu perguntou.

Apenas deu de ombros. Não sabia o que responder. Não estava bem, para ser sincera. Tudo o que aconteceu ainda a afetava muito, e pensar que nada disso estava perto de acabar, só a fazia se sentir pior.

— Leyla, sabe que se precisar de alguém para conversar, pode falar comigo. — Maria comentou de repente, parecendo um pouco receosa.

— Tudo bem, Maria. Obrigada. — Tentou sorrir. Não é como se pudesse contar a ela ou a qualquer pessoa sobre o que estava passando.

Algum tempo depois, o carro parou em frente à I.E.T. Quando as crianças saíram, o motorista a chamou, impedindo-a de fazer o mesmo.

— Por acaso o que aconteceu, teve algo a ver com aquele acontecimento estranho na casa da sua tia?

— Não. — E era verdade.

— Quem você encontrou naquele dia?

O olhou, confusa.

— O quê?

— Quando saiu da casa da sua tia, com quem você se encontrou?

Não respondeu nada. Como ele sabia que ela tinha visto alguém?

— N-não me encontrei com ninguém.

— Que estranho, porque você não estava com o rosto vermelho quando saiu de lá. E depois, no lado de fora, sua cara estava toda marcada, como se tivesse ganhado um soco, e ficou roxa, posteriormente, assim como seu pescoço.

— Eu já disse. E-eu apenas bati com o rosto. Não foi nada demais. E acho que estou com alergia, por isso meu pescoço estava assim. — Mentiu, aflita.

Ele suspirou.

— Tá. Agora sai. — E foi o que fez.

☿ ☿ ☿

Quando o elevador se abriu no quinto andar, começou a caminhar cautelosamente na direção de sua sala de aula. Provavelmente Paty iria ignorá-la como fez quando descobriu que ela não era Leyla. Mas iria aguentar caso isso acontecesse. Afinal, era o que ela merecia.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें