A manta era quente. Eu viro o rosto encostando ele na poltrona, algumas lágrimas caem, não que eu tivesse parado de chorar. Eu havia chorado tanto que meus olhos pareciam torneiras abertas, tão abertas que ninguém conseguiria fecha-las.
- Pare de chorar- Ele ordena em um tom frio e insensível.
Eu permaneço em silencio, queria um livro, queria minhas tintas para pintar, queria alguma musica...eu queria qualquer coisa que me tirasse desta realidade...
O homem de cabelos negros me olha, não sabia se seu olhar era de raiva ou de pena. Talvez desgosto em saber que eu era fraca e estupida o suficiente para não conseguir controlar minhas próprias lágrimas.
- E-eu sinto s-saudade de c-casa...
- Eu sinto muito...- Seus olhos estavam presos ao fogo que queimava na lareira.
- Eu posso ler um livro?..- Pergunto com lágrimas nos olhos.
O homem se alevanta e sai da sala me deixando só, mas ele logo retorna com três livros nos braços. Ele se senta no chão ao lado da poltrona em que eu estava.
- Eu soube que você gosta de aventura e mistérios..
Eu o olho confusa e surpresa por um momento.
- Como sabe?
Ele vira o rosto com as bochechas um pouco coradas e ignorando minha pergunta. A verdade, é que ele esteve a me observar e viu os livros que eu lia, ao menos é o que eu desconfio ser, pois ler era oque eu mais fazia. Ele abre o livro e começa a ler pra mim, sua voz grossa e aveludada tinha um efeito calmante sobre mim e logo começo a me ver dentro da história.
A história contava sobre um detetive que investigava sobre uma série de assassinatos, ele conheceu uma impostora na rede da policia e acaba se apaixonando por ela sem saber que ela era uma assassina e que o sangue de muitas pessoas estavam em suas mãos. Porém os dois tiveram um triste fim...
Meus olhos brilham ao perceber que estava me enterrando em mais um conto onde eu poderia ser qualquer coisa e qualquer pessoa que não fosse eu.
Em minutos eu acabo caindo no sono e o homem percebe que estou em um sono pesado e muito longe de nossa realidade.